“Juntos, faremos da Celestino Graça uma Praça Maior”

Diogo Sepúlveda, da Praça Maior, acredita que o público vai aderir em massa no dia 17 de Março, na corrida de toiros que vai abrir as portas da Monumental Celestino Graça, em Santarém.

No dia 17 de Março todos os caminhos vão dar a Santarém, pois a Monumental Celestino Graça vai reabrir portas para uma grande corrida de toiros. A Tauronews esteve à conversa com Diogo Sepúlveda, que faz parte da Associação Praça Maior que gere a Monumental Celestino Graça, em Santarém. Diogo conta como tudo aconteceu desde que o seu grupo de amigos se juntou até aos dias de hoje.

De onde surgiu a ideia de voltar a dar vida à praça de Santarém?
Infelizmente, como é do conhecimento de todos, nos últimos anos verificou-se um declínio muito acentuado das condições da Monumental Celestino Graça, quer em termos de importância e prestígio, que hoje são uma sombra do que já foram, quer em termos de assistências, bem como as próprias condições físicas do imóvel, devotado a um quase abandono, que a falta de utilização ainda mais agravam.
Num tempo em que a Tauromaquia é tão fortemente atacada, não nos podemos dar ao luxo de desprezar a maior Praça de Toiros de Portugal. A defesa e a afirmação da Festa dos Toiros precisam de uma Monumental Celestino Graça activa e que volte a encher-se de vida e afición.
Foi neste contexto que surgiu a Associação Praça Maior que, sem objectivos de natureza financeira e movida em defesa dos valores da nossa cultura portuguesa, pretende revitalizar a actividade taurina na Praça de Toiros “Monumental Celestino Graça” e voltar a devolver a Praça de Santarém à sua cidade, às suas gentes e à própria afición nacional.
Somos um grupo de amigos aficionados, todos ligados a Santarém e todos antigos elementos do Grupo de Forcados Amadores de Santarém. A Festa dos Toiros faz parte da nossa vida, da nossa educação e da nossa amizade. Sentimos que a maior Praça de Portugal, que ainda por cima é a “nossa” praça, não podia continuar num ciclo de degradação e quase sem abrir portas.
Depois de reflectirmos, achámos que reuníamos competências e condições para assumir esta missão e propusemos à Santa Casa explorar a Monumental de Santarém.

Vão existir três corridas, com cartéis de luxo, foi sempre esse o objectivo? Reerguer a praça em grande?
O objectivo da nossa Associação é o de trabalhar com vista a tornar a Praça de Toiros de Santarém MAIOR. MAIOR no seu prestígio, MAIOR na sua importância para a Festa dos Toiros, em Portugal, e MAIOR no seu contributo para a dinamização da vida cultural e popular da cidade de Santarém e do País.
As três corridas que idealizámos para esta temporada foram desenhadas em linha com a nossa Missão, bem como em sintonia com o nosso Coração. Dentro das nossas possibilidades, fizemos o melhor possível para trazer a Santarém a qualidade e o prestígio que a “nossa” praça assim o exige.

Há a possibilidade de existirem mais corridas este ano em Santarém?
Para já não está nos nossos planos. Temos de ser prudentes, visto que Santarém vem de um período muito difícil, com níveis de espectadores muito abaixo daquilo que se exige para uma praça com tanto prestígio e importância. Veremos!

Acha que o público vai aderir em força?
Acreditamos que sim! Graças a Deus, nestes últimos três meses de trabalho temos tido uma aceitação e um feedback fantástico. Sentimos que os aficionados estão cientes do estado actual da tauromaquia e do importante contributo que a Monumental Celestino Graça pode dar para revitalizar a tauromaquia, não só do Ribatejo mas também no país. Ao dia de hoje, temos quase 500 abonados, mais de 38 empresas que adquiriram um camarote para toda a temporada, bem como temos tido muita procura na compra de bilhetes e reservas.
Temos sentido um enorme apoio e muita confiança tem vindo a ser depositada no nosso trabalho. Entidades como a Câmara Municipal de Santarém, a CAP-CNEMA, a Nersant e Crédito Agrícola, desde o primeiro dia quiseram estar connosco e de contribuírem também para o reerguer da maior praça do país. Todos nós sabemos do potencial impacto directo que as corridas de toiros podem ter na dinamização da economia local da cidade de Santarém, e é para isso também que todos estamos afincadamente a trabalhar.

Há algum toureiro ou matador que gostava de ter um dia a tourear em Santarém? 
Os cavaleiros foram os primeiros a dar a cara e a sentirem também eles o peso e a responsabilidade de reerguer Santarém e do seu efeito directo na revitalização da tauromaquia nacional. Muitos outros cavaleiros gostaríamos de ter trazido a Santarém nesta temporada, mas com apenas três corridas de três cavaleiros, tornou-se difícil de encaixar todos. Os dois que repetem, fazem-no porque, na nossa opinião, fizeram em 2018 (o António Ribeiro Telles não só em 2018, mas ao longo de uma enorme carreira) méritos que o justificam. Repetem, por isso, e não por demérito de ninguém.

O que fez o público afastar-se da maior praça de Portugal?
Santarém vem de momentos muito difíceis, a população local está desabituada de ir aos toiros e a própria afición também já não colocava Santarém na sua lista de “obrigações”. Há que mudar isso porque só com público e com a presença em massa da afición será possível recuperar a maior Praça do país. É preciso ir ao encontro das pessoas, aparecer com imagem e criatividade, e proporcionar uma experiência que se sobreponha as expectativas iniciais. É para isso que estamos a trabalhar.

É importante ter só o grupo de Santarém a pegar na corrida 10 de Junho?
Claro que o facto de todos termos sido forcados do Grupo de Forcados Amadores de Santarém, foi um dos motivos para nos metermos neste projecto. Santarém é a nossa praça de eleição, foi aqui que tivemos grande êxitos e que grande parte da nossa história foi escrita. Cientes desta importância, tentámos também criar desafios para o nosso Grupo de forma a que este possa continuar a mostrar o seu valor, o seu saber, a sua valentia e a sua arte.
O Grupo de Santarém pegará seis toiros sozinho na corrida do dia 10 de Junho, naquela que será a grande corrida da marca Ribatejo com a colaboração da Nersant. Nesta corrida, serão lidados seis imponentes toiros da ganadaria Eng. José Luís Vasconcellos e Souza d’Andrade. Será certamente um dos mais espectaculares curros que serão lidados este ano em Portugal.
Para as corridas do dia 17 de Março e 16 de Junho, temos todo o gosto em trazer a Santarém dois primeiríssimos Grupos de Forcados que, tal como nós, também muito das suas histórias têm sido escritas na nossa praça.

O Diogo gostava de voltar a pegar nesta “nova” praça?
Claro que sim! Um forcado nunca se despede! Pisar a arena da nossa praça sempre foi e sempre será muito especial! Divirto-me muito agora em acompanhar o nosso grupo e de recordar os bons “velhos” tempos.

A praça está com um óptimo aspecto. Têm tido ajudas da população e das entidades públicas de Santarém?
Ao longo destes meses, foram muitos os voluntários que se juntaram a nós nos trabalhos de reabilitação da praça de toiros. Trabalhos diversos, desde lavagens, pinturas, marcação de números e o lavar a cara de toda a envolvência interior da praça só foram conseguidos com a ajuda de muito gente. Desde as nossas famílias, os toureiros, forcados de vários grupos e aficionados em geral, todos quiseram dar o seu contributo. Tal como nós, todos o fizeram de coração cheio!

Como estão as expectativas para a primeira corrida?  
As expectativas são as melhores. Acreditamos que teremos casa cheia. Todo este nosso trabalho só faz sentido se os aficionados aderirem. Precisamos de todos para fazer da “Celestino Graça” uma Praça Maior e para, a partir da maior Praça do país, dizermos bem alto, que a Festa dos Toiros está viva, que a Festa dos Toiros é cultura, que a Festa dos Toiros é liberdade, que a Festa dos Toiros faz parte da identidade do nosso povo e que não é um espectáculo do passado mas sim um espectáculo com futuro.
É importante que os avós tragam os netos aos toiros e os pais tragam os filhos. É crucial que o conhecimento e a cultura passem de geração a geração, pois só assim conseguiremos garantir a durabilidade e o futuro da nossa tão queria Corrida de Toiros à Portuguesa. Juntos, faremos da Monumental Celestino Graça uma Praça Maior.

 

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