Os Palhas na despedida do forcado Rui Godinho “Peitaça”

O festejo anunciado para o S. Miguel em Coruche, assentava em dois vetores, “Um curro de toiros da lendária Ganadaria Palha” e a despedida do forcado dos Amadores de Coruche, Rui Godinho, “Peitaça”, para os amigos.

Para dar lide a um curro completo de Palhas, anunciavam-se os cavaleiros de alternativa, Gilberto Filipe, António Maria Brito Paes, Francisco Palha, Miguel Moura, Parreirita Cigano e Luís Rouxinol Jr., que foram pegados pelos Grupos de Forcados Amadores de Coruche e da Chamusca, capitaneados respectivamente por José Macedo Tomáz e Nuno Marecos.

Com uma moldura humana, que preenchia cerca de dois terços da lotação do tauródromo sorraiano, em tarde amena do recém chegado outono, haviam bastantes expectativas, primeiro se os Palhas seriam mesmo Palhas de verdade, depois se o formato de seis cavaleiros, entre eles quatro jovens promessas, teriam a anuência do publico, por fim como seria a anunciada despedida do forcado Peitaça, depois de 20 anos a pegar toiros. E diga-se em abono da verdade, as nossas expetativas, foram ultrapassadas pela positiva.

Os seis exemplares enviados pela Herdade da Adema, com pesos a oscilar entre os 510 e os 620 quilos,  serviram e bem com destaque para os terceiro e quarto da ordem, tendo o Maioral da ganadaria, António Carlos, sido chamado à praça para acompanhar o cavaleiro e forcado, na volta ao ruedo.

A corrida dirigida por Lourenço Luzio, assessorado pelo médico veterinário José Luis Cruz e o cornetim José Henriques, teve inicio com um minuto de silêncio, em memória dos forcados recentemente falecidos, Pedro Miguel Primo e Fernando Quintela, dos Amadores de Cuba e Alcochete, respectivamente.

Gilberto Filipe, abriu a função, cravando dois compridos, quatro curtos e dois ferros de palmo, ao som de musica, em sortes frontais, agradando ao publico que lhe dedicou fortes aplausos, sendo premiado com volta no final da lide.

Seguiu-se António Brito Paes, que teve a gentileza de brindar a sua atuação ao Forcado Rui Godinho “Peitaça” e aos forcados falecidos, brinde emotivo seguido de uma lide variada, alegre, onde a brega foi determinante, para sucesso na cravagem dos ferros cumpridos e das cinco bandarilhas curtas.  Escutou musica e deu volta no final.

Francisco Palha, lidou em terceiro lugar um exemplar nobre e colaborante, que lhe permitiu desenvolver uma lide agradável e emotiva. Dois compridos a aguentar a investida do adversário e seis curtos de boa marca, foram o resultado de um trabalho harmonioso, a que o público retribuiu com fortes aplausos. No final deu volta com o forcado Peitaça, tendo a gentileza e humildade de se retirar, dando o protagonismo ao forcado.

De Miguel Moura, cavaleiro de dinastia, muito se espera, por isso e com o avançar da temporada, o publico teima em exigir um desempenho maior, igual ao das principais figura, assim como seu pai. Por isso Miguel, procura a perfeição, na execução das sortes, conseguindo ferros de belo efeito e emotividade. Escutou musica durante a lide e no final deu volta com o forcado e com o Maioral da ganadaria António Carlos.

O quinto da ordem, o segundo mais pesado 550 quilos, foi para Parreirita Cigano, que tentou tudo para agradar aos seus, a quem brindou a lide, todavia, o pupilo da Adema, foi pouco colaborante e cedo se refugiou em tábuas, apenas saindo, para atacar com violência, não permitindo ao jovem cavaleiro do Cartaxo, explanar toda a sua arte calé, por vezes também comprometida pelo desempenho das montadas.

A fechar a corrida o jovem Luis Rouxinol Jr , veio a Coruche, dizer que podem contar com ele para o próximo 17 de Agosto, pois era este o compromisso da empresa “De cara Tauromaquia”, um dos prémios para o triunfador da corrida além do trofeu em disputa para a melhor lide a cavalo. Bastaram três compridos, quatro curtos e dois de palmo, para as bancadas do tauródromo do Sorraia, se renderem aos encantos, deste prodígio de Pegões. Bem montado, criterioso na escolha dos terrenos e esforçado na colocação da ferragem, foi a fórmula utilizada, para alcançar um valioso triunfo, que foi reconhecido pelo júri, que lhe viria a outorgar o prémio, para a melhor lide a cavalo.

Na disputa do prémio para a melhor pega estavam os Grupos de Forcados Amadores de Coruche e Chamusca, comandados por José Macedo Tomaz e Nuno Marecos, em dia de despedida anunciada de Rui Godinho “Peitaça”, dos Amadores de Coruche.

Começo pelos Amadores da Chamusca, que tiveram uma prestação meritória, apesar de terem pegado o seu primeiro toiro, por intermédio de Hélder Delgado à segunda tentativa com primeira ajuda carregada, Mário Ferreira Duarte, também ao segundo intento e Luis Isidro à terceira tentativa, com ajudas carregadas em sorte sesgada.

Pelos Amadores de Coruche, abriu praça, o jovem João Ferreira “Prates”, à primeira, numa sorte em que após o primeiro derrote, saiu da cara do toiro, mas com a eficácia da primeira ajuda e a colaboração do palha, foi possível consolidar a sorte. Rui Godinho, em dia de despedida, bateu as palmas ao terceiro da ordem, sem que antes tivesse efetuado três brindes com alguma emoção, que foram ao seu primeiro cabo, Jesuíno Mesquita, à sua Família e ao Grupo, depois a vontade de fazer as coisas bem feitas, precipitou a primeira ajuda, acabando por sair ambos antes da entrada das segundas ajudas, na tentativa seguinte, já com os terrenos mais separados, Rui citou, reuniu  e fechou-se à córnea, com a garra que nos habituou ao longo de 20 anos. Deu volta triunfal e recebeu o agradecimento do Município de Coruche, através do seu presidente, Francisco Oliveira e de várias entidades que se quiseram juntar à festa, bem como a sua família. Para encerrar a função Foi destacado o António Macedo Tomáz, irmão do cabo, que resolveu com facilidade a investida baixa do Palha, que escorregou junto às terceiras ajudas, permitindo a recomposição de todo o grupo.

No inicio da corrida foram anunciados dois prémios em disputa, um para a melhor Lide a cavalo, cujo o júri era constituído pelos consagrados António e Manuel Badajoz, Dr António Vasco Lucas e o eng. José Fernando Cabecinhas e outro para a melhor pega do qual foi júri, Rogério Antunes, Paulo Pinto e Raul Caldeira.

Para a melhor lide a cavalo o júri escolheu a ultima a cargo do jovem Luís Rouxinol Jr e a mehor pega recaiu sobre a efetuada ao primeiro toiro por João Ferreira “Prates” dos Amadores de Coruche.

Os toiros foram recolhidos pelos campinos, Joaquim e Gabriel Silva da Casa Agrícola de Manuel José da Úrsula e abrilhantou o espetáculo a Banda da Sociedade de Instrução Coruchense, um festejo que teve a duração de mais de três horas.

 

Coruche, 24 de Setembro 2017

João Galamba

 

 

 

foto: Francisco Dias

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