Uma cernelha, uma despedida e bons momentos de toureio marcam a noite de Alcochete

Uma cernelha, uma despedida e bons momentos de toureio marcam a noite de Alcochete

  • 16 de agosto de 2022, Alcochete
  • Cavaleiros: António Ribeiro Telles, João Moura Jr e António Prates
  • Forcados: Montemor e Aposento do Barrete Verde
  • Ganadaria: Veiga Teixeira
  • Direção de Fábio Costa assessorado por José Luís Cruz
  • Praça a 1/2 forte de lotação

 

Os dias mais esperados do ano em Alcochete são as Festas do Barrete Verde e das Salinas, por lá passam milhares e milhares de pessoas para celebrar a cultura e as tradições desta terra. São dias de festas marcados pelas largadas de toiros, bailes, corridas de toiros, concertos e por muita animação pelas ruas do centro da vila.
Reconhecidas pelo seu carisma e tradição tauromáquica, as Festas do Barrete Verde e Salinas fecharam a sua edição de 2022 na passada terça-feira dia 16 de Agosto e nesse dia foi realizado o seu terceiro espetáculo taurino na bonita praça da terra.

Noite fria e com vento mas com vários momentos que aqueceram os presentes que preencheram cerca de meia casa forte. Uma cernelha soberba de António Pena Monteiro e Francisco Godinho; Uma pega perfeita de Francisco Bissaia Barreto; O valor de Francisco Borges; Uma grande pega de caras de Marcelo Lóia; A despedida emotiva de Diogo Amaro dos Amadores do Barrete Verde; Um par de ferros e a valentia de António Ribeiro Telles; Duas lides cheias de detalhes de bom toureio de Moura Jr; E duas lides muito consistentes de António Prates.

 

Foram lidados seis toiros muito bem apresentados de Veiga Teixeira, com cara e arrobados de peso. Quanto ao comportamento foi diverso: O primeiro foi manso e complicado; Encastado o segundo, vindo a mais; No muito definido o terceiro; O quarto também não foi pêra doce, faltou-lhe entrega… O quinto foi o mais nobre do curro, vindo a mais com o decorrer da lide, o ganadero deu volta; O sexto teve uma saída fria mas com o decorrer da lide entregou-se e teve bons finais.

 

António Ribeiro Telles sorteou um lote complicado, pediam olhos bem abertos e tudo bem feito, não perdoando um único deslize. No primeiro só através de muito sovar o Teixeira, lidar pela esquerda, cravando rapidamente sem o deixar pensar muito levou a lide a bom porto. No último curto da lide pôs Alcochete de pé cravando a preceito e aguentando o toiro depois do ferro com este a seguir o cavalo a querer comer numa volta completa à praça.

No quarto a lide veio a mais, novamente António teve que por tudo da sua parte… O Teixeira também arriava forte por detrás e no momento do ferro tinha os seus quês e porquês… Os compridos foram cravados com solvência e os primeiros curtos com o saber de muitos anos, o da Torrinha sabia que o que tinha diante destapava o mais desprevenido. Os curtos com que fechou a actuação já tiveram o perfume do seu toureio mais templado, partido recto, cravando de alto a baixo e rematando um toiro que também carregava forte depois do ferro.

 

João Moura Jr. sorteou um bom lote, o seu primeiro era imponente e foi um toiro exigente. Moura andou bem nos compridos, brega com eficiência e deu distâncias ao do Pedrogão. Nos curtos executou uma boa lide, muito cabal e seria cravando os ferros a preceito, rematando os mesmos com bonitos momentos de toureio a cavalo. No bom quinto, Moura desfrutou e fez desfrutar os presentes, alcançando o triunfo! Bem nos compridos, e nos primeiros curtos da sua lide. Com o cavalo Hostil armou taco… Bem a bregar, levando o toiro nas sedas do cavalo para o colocar, duas mourinas de grande nota, rematando as mesmas de forma espectacular, Alcochete de pé rendido a Moura Jr.

 

António Prates era o terceiro do cartel e Alcochete mostrou o bom momento que atravessa na sua carreira, duas lide de nota alta, aproveitando o que de bom os toiros tinham para oferecer e limando defeitos.

No seu primeiro Prates cravou bem o compridos e nos curtos foi em crescendo numa actuação que agradou e de que maneira aos presentes. Bem a lidar, cravar e a rematar as sortes com bonitos momentos de toureio a cavalo. Boa lide!

No sexto aproveitou as qualidades do toiro e acabou em plano de triunfo nesta noite de Alcochete! Bons compridos a abrir caminhos ao oponente, levando depois o toiro toureado, toiro este como já tinha descrito saiu frio e pouco claro. Nos curtos o oponente rompeu e a lide também, deu vantagens, entrou em terrenos de compromisso, cravou ferros de excelente nota e rematou os mesmos de forma toureira.

 

Grande noite de pegas esta a fechar as Festas do Barrete Verde e das Salinas. Montemor e Aposento do Barrete Verde foram os protagonistas do feito!

Mas há uma pega soberba em sorte de cernelha executada superiormente pelo cabo dos Alentejanos (Montemor) António Pena Monteiro e por Francisco Godinho, que bonito ver esta sorte bem feita, que bonito ver o cabo dos Amadores de Montemor dar novamente destaque a esta maneira de pegar toiros bravos.

Como disse um dia Mestre Simão Comenda “Para de pegar toiros de cernelha, tem que ser com forcados determinados, que não façam esperar e que peguem o toiro.” E foi isto que aconteceu, o de Teixeira não se podia deixar pensar, era bruto e complicado… O António e o Francisco saltaram para a arena com determinação na primeira entrada, o toiro meteu velocidade e sacudiu, não deixando os cernelheiros entrar de maneira adequada. Mas na segunda, logo que viram o oponente mais ou menos encabrestado o António partiu como um raio, entrando de forma perfeita na cernelha toiro, logo a seguir entrou o Francisco a rabejar, o Teixeira ainda tentou sacudir ambos mas a pega foi consumada. Obrigado a ambos e o meu olé por este grande momento vivido em Alcochete.

Francisco Bissaia Barreto fez um pegão de caras à primeira tentativa, bem a citar, receber, fechando-se com muita determinação os ajudas entrar a tempo e a pega foi consumada à primeira tentativa.

Francisco Borges à segunda tentativa, no primeiro o forcado foi derrotado de maneira violenta. Na segunda voltou a suportar vários derrotes, mas com muita alma já de lá não saiu, entrando o grupo a ajudar.

 

Pelos Amadores do Barrete Verde Marcelo Loia numa pega espectacular à primeira tentativa, citou com graça, recebeu o toiro de forma perfeita a viagem foi longa e o grupo cá atrás ajudou de maneira eficiente.

João Armando à terceira tentativa, toiro a bater forte nas duas primeiras e a tirar o forcado da cara. Na derradeira tentativa o grupo encurtou distâncias e a pega foi concretizada.

Fechou a noite esse pequeno, grande forcado Diogo Amaro em noite de despedida das arenas. A pega foi das grandes, daquelas que o Diogo nos ofereceu ao longo dos anos que esteve no activo. Citou bonito, o toiro esperou, mas o Diogo voltou a insistir, fechando-se à córnea, bem o grupo a ajudar e foi consumada a sorte à primeira tentativa. Praça de pé… Obrigado Diogo, por tudo o que deste à Festa dentro das arenas.

 

Dirigiu a corrida Fábio Costa, sendo o médico veterinário José Luis Cruz.

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