Parabéns GFA de Évora! Obrigado João Pedro, Sorte Zé Maria! 

Tarde de acontecimento memorável em Évora! Dia 1 de Julho, o que se viveu na Arena de Évora foi daquelas tardes de reviver trovas antigas, saudades loucas e também sonhar com um futuro auspicioso …  Houve tantas coisas para recordar nesta tarde de canícula na cidade museu, desde de manhã que não sobrava uma única entrada para vender nas bilheteiras da praça, um mar de gente iria rumar à tarde até à Arena para fazer parte da festa.

A praça que outrora era bonita mas tão incômoda… deu o lugar a esta Arena cômoda que vai teimando em esgotar! A empresa está de parabéns, desde o pintado na arena a assinalar os 60 anos do grupo, ao fado cantado por António Pinto Basto em homenagem aos forcados da terra, assinalando uma das forças vivas da cidade museu! A Banda de Nossa Senhora de Machede a acompanhar o Grupo desde a fardação até à Praça. Até o Presidente da câmara se quis associar ao acontecimento, seja bem vindo, o Senhor Presidente e todos os políticos, houve mais, o vereador Henrique Sim Sim e a deputada Fernanda Velez quiseram também ofertar o grupo de Forcados Amadores de Évora com uma lembrança para assinalar a data.. Não sei se haverá em Évora qualquer espectáculo, pago e sem subsídios do estado que meta tanta gente…

É verdade que em qualquer data que se assinale os anos ou qualquer coisa nos toiros que seja digna de registo têm e terão um sentimento acrescido, em qualquer acontecimento nisto da Festa Brava e dos toiros somos uns sentimentalistas, cantamos a saudade ou seja seremos sempre aquele fado, tocado ao som de uma qualquer guitarra a gemer trovas passadas ou conquistas futuras. Ontem foi uma daquelas corridas que valeram bem os euros gastos.

Évora para mim é especial… Bem sei que aqui vivo, sinto esta terra com alma e principalmente coração! Sábado como já escrevi anteriormente foi dia de acontecimento, 60 anos do grupo de Évora, João Pedro Oliveira entregaria a jaqueta de cabo a José Maria Caeiro, depois de meia vida nas arenas batendo as palmas aos toiros. Voltava uma das ganadarias (Charrua) da terra a lidar um curro completo por estas paragens, dois cavaleiros (Marcos Bastinhas e Miguel Moura) que por onde tem passado não têm deixado ninguém indiferente e um rejoneador que têm triunfado com força em praças do País vizinho (Guillermo Hermoso de Mendoza).

Como reza a letra do fado escrito por Manuel Silveira e cantado por António Pinto Basto, “Évora é a capital do Forcado Amador…  têm no seu Grupo o postal do que é ser pegador… são o Brasão de Nobre Cidade”. Mais uma vez assim foi!

Uma arena cheia de antigas glórias, actuais e futuras promessas encheram o redondel de forcados. Romperam as cortesias com o João Pedro a comandar o seu grupo pela última vez e a ovação foi abrumadora. Um misto de alegria, saudade, respeito e tradição foi ali sentido. No fim das mesmas todos sentimos na pele cada palavra, cada nota da guitarra, cada som quando rompeu a tocar o Fado dos Forcados Amadores de Évora. Foi arrepiante… Os dados estavam lançados e a tarde iria começar. Em cada pega sempre, mas naquele dia em especial houve momentos para recordar. Gostava de não me esquecer de nenhum mas certamente que irei, desde já peço desculpa mas vou nomear alguns além dos forcados da cara e as pegas em si. Os brindes do João Pedro e do Zé Maria, o gesto de Marcos Bastinhas a desmontar do cavalo, quando brindou o grupo, o Francisco Graciosa, cabo do grupo de Santarém, a entregar uma salva pelos 60 anos do grupo. O Gonçalo Mira a rabejar, o Vasco Costa a dar uma grande ajuda, o João Pedro Saragoça a dar uma tremenda segunda ajuda no ultimo da tarde, o Paulo Oliveira visivelmente emocionado. o brinde aos fundadores, a entrega da jaqueta por parte de Manuel Rovisco em dia de despedida aos cabos João Pedro Rosado, António Alfacinha, João Pedro Oliveira e José Maria Caeiro.

Quanto às pegas em si, a tarde foi de Glória! João Pedro Oliveira abriu praça numa pega rija à segunda tentativa. Superior esteve o novo cabo José Maria Caeiro a pegar o segundo da tarde; António Alfacinha à primeira tentativa numa grande pega; Pedro Barradas o mais antigo a bater a palmas a um toiro esta tarde. o Pedro é a graça toureira por natureza à segunda tentativa, quem sabe nunca esquece; Gonçalo Pires fenomenal à primeira tentativa; Fechou a tarde com uma pega monumental Manuel Rovisco em dia de despedida. Obrigado Manel!

Foram lidados seis bonitos e superiormente apresentados toiros da ganadaria Charrua. Variados de capa, castanhos, colorados e negros, compostos de caras, em termos de apresentação destaque para as duas estampas lidadas em segundo e quinto lugares respectivamente.Corrida nobre e brava em linhas gerais, destacava o segundo, quarto e quinto. O segundo teve muita mobilidade, recorrido, veio a mais com o’decorrer da lide, fixo e sempre pronto. O quarto teve uma nobreza escandalosa, foi o toiro sonhado por qualquer toureiro. A entrega foi a sua bandeira maior, dava pelo nome de “Calcito”, estava marcado com 57, colorado de capa, regressou ao solar da ganadaria para padrear. O “Palheiro”, um negro bragado corrido com o 63 nos costados foi de banadeira também ele será semental na Herdade de São Marcos da Abóboda. Foi concedida merecida volta ao ganadero Diogo Charrua Marujo no quinto da tarde.

Marcos Bastinhas e a sua forma “marca da casa” de gerar espetáculo na arena é sempre uma revolução contra a pandemia de monotonia que por vezes sofre a festa; uma fórmula catártica e paliativa contra algumas lides uniformizadas de repertório, realizadas com uma estética de traço idêntico. Ninguém fica indiferente com o realizado, cravou os compridos com solvência no que abriu praça, nos curtos houve piruetas na cara do castanho, ferros de bom traço e um palmo a rematar a lide. O quarto foi recebido na porta dos curros, levando a nobre acometida do toiro embebida no cavalo. Dois compridos e uma série de curtos empolgantes! O segundo em sorte de câmbio mexeu com todos, grande ferro, rematado superiormente, lidou com correcção, mais um ferro de seguiu com batida, um palmo e o par de bandarilhas a rematar a lide, desmontado do cavalo de seguida. Público em alvoroço.

Quando sai um toiro bravo e acometedor e um toureiro que sabe tourear e quer tourear, produz-se aquela centelha milagrosa que acende a arte do toureio. Foi o que se passou na lide do quinto da tarde realizada por Miguel Moura.

Recebeu o seu primeiro com uma empolgante sorte de gaiola que causou burburinho no público. Nos curtos houve bons momentos de toureio a cavalo, ferros cravados com destreza, realizando bem as sortes, os remates tiveram sabor, rematou a lide com um palmo e um bonito recorte e desplante.

No quinto foi a lide da tarde! Aproveitou de “cabo a rabo” o bravo de Charrua e aconteceu o toureio. Grande foi o segundo comprido e o remate que se seguiu. Nos curtos o segundo ferro foi soberbo e o quarto dos bons, houve preparações em ladeios a duas pistas, remates ajustados e em curto levando o toiro depois dos ferros cravados. Rematou a lide com dois palmos e a praça ficou rendida com o visto.

O jovem jinete navarro Guillermo Hermoso de Mendoza obteve duas boas actuações em Évora. No seu primeiro parou o toiro de forma bonita e cravou um grande segundo comprido rematando superiormente. Lidou com mestria e cravou os ferros de forma limpa executando bem as sortes, houve ligação, ladeios a duas pistas, destaque para o quarto curto a aguentar a acometida do toiro, levando o mesmo depois da sorte de forma bonita no remate.

No que fechou a tarde aproveitou as boas qualidades do castanho que lhe tocou em sorte e realizou uma lide que chegou de forma mais vibrante ao público. Bem nos compridos, superior foi o primeiro curto um dos ferros da tarde, seguindo de um remate toureiro. Lide longa cravando seis curtos, todos eles de nota executando a batida de maneira perfeita, lidou e escolheu de forma correcta e co. sabedoria os terrenos para lidar o oponente.

Dirigiu a corrida Maria Florindo, sendo a médica veterinária Ana Gomes.

 

 

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