Ramón Valencia: Temporada em Sevilha “mais satisfatória no plano artístico que no económico”

Em entrevista à Revista Aplausos, Ramón Valencia, administrador da Pagés, empresa gestora da Real Maestranza de Caballería de Sevilha, admitiu que 2017 não foi um ano fácil na gestão da praça andaluza.

Ramón Valencia afirmou que “a temporada foi mais satisfatória no plano artístico que no económico, plano em que éramos bastante mais ambiciosos no início do ano”. E acrescentou: “Estamos satisfeitos com os cartéis montados ao longo do ano, assim como com o resultado que tiveram na arena, mas as nossas aspirações quanto ao aumento do número de abonados e à melhoria de aspectos económicos não se cumpriram. A afición não respondeu como esperávamos, pelo que posso dizer que ficámos a meio do caminho, senão mesmo a menos de metade”.

Este ano, a Real Maestranza de Sevilha não ultrapassou os 180.000 espectadores, valor muito distante das cerca de 230.000 que assistiam a espectáculos naquela praça na época anterior à grave crise económico-financeira em que mergulhou Espanha nos últimos anos. Contudo, observou-se um ligeiro aumento relativamente à temporada passada: “Tivemos apenas 4.000 mais espectadores relativamente ao ano passado, daí que não possamos estar muito optimistas. Não obstante, vamos continuar a trabalhar para voltarmos a aproximar-nos dos valores de assistências registadas antes da crise. Esta família trabalha na Maestranza desde 1932 e nunca irá atirar a toalha ao chão”.

Para o gestor da praça de Sevilha, o grande objectivo de hoje passa por levar mais público às corridas e novilhadas: “Tem custado muito levar o público às praças”. Admite mesmo que “se não se remata um grande cartel, depois custa muito colocar um aviso de no hay billetes.

Quando questionado acerca do contributo dos cartéis para a adesão do público, Valencia adverte que “os cartéis cem por cento redondos nem sempre são rentáveis para o empresário”, acrescentando que “paralelamente a esse problema, encontra-se o do facto de o aficionado de hoje não responder da mesma maneira àqueles cartéis que, embora não tenham nomes sonantes, têm bastante interesse artístico”.

Muitos são aqueles que admitem que o preço dos bilhetes dos espectáculos na Real Maestranza de Sevilha são muito elevados, o que se traduz num dos factores de afastamento do público da praça. Sobre isto, Ramón Valencia diz que “baixar os preços dos bilhetes não é a solução”. E sustentou o seu argumento: “Este ano viajei por toda a Espanha como apoderado de Roca Rey e em muitíssimas praças a sombra estava cheia e o sol tinha muito menos gente, o que significa que o problema não reside no custo das entradas porque os bilhetes para os sectores de sol são mais baratos que para os sectores de sombra. Trata-se antes de um problema bem mais complexo e temos de ser capazes de resolvê-lo”.

Valencia admite mesmo que a grande causa da diminuição de público na Real Maestranza se deve à crise económico-financeira que assolou a Espanha e que “ainda não passou, ainda para mais numa região pobre como é o sul de Espanha”.

 

 

 

 

Fotografia: ABC Sevilla

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