Por Bernardo Salgueiro Patinhas
Porta Grande para a Afición
- Olivença, 5 de março de 2022
- 1ª Corrida da Feira
- Ganadaria: Zalduendo
- Matadores: Morante de La Puebla | Julián López ‘El Juli’ | Emilio de Justo
- Praça ESGOTADA
Depois de um interregno provocado pela pandemia, a Feira de Olivença voltou, dinâmica, polivalente, atrativa e muito concorrida.
Um verdadeiro fenómeno e exemplo de vitalidade económica que aquela vila extremenha nos dá. Ponto de encontro de aficionados de todo o mundo, diferentes línguas ecoando pelas ruas e tendidos da lindíssima praça oliventina e um denominador comum: o touro.
Que gosto e prazer voltar a ver a vitalidade da Tauromaquia e lotações esgotadas, na praça e em qualquer ponto da bonita vila de Olivença.
Pena que a corrida de Zalduendo, ostentando divisa negra, em luto pelo seu proprietário, o empresário mexicano Don Antonio Bailleres, recentemente falecido, não tenha querido investir, muita falta de fundo, de força e, na maioria, até de apresentação. Dois touros devolvidos e os demais cumprindo os mínimos.
Morante sorteou o pior lote, no primeiro nem teve opções, experimentou por ambos os lados e a matar, sensatíssimo na decisão.
No seu segundo, embora rachado, já se pôde sentir o seu bom gosto, e numa tanda curtíssima, pôs todos de acordo.
Saudou.
El Juli, jogando em casa, apresentou-se como sempre o faz, sem contemplações e para triunfar, no primeiro derramou a sua toreria, com um touro bem feito, recebeu-o de chicuelinas de compasse aberto e na muleta com derechazos, o melhor dos lados, profundas e de mão muito baixa.
Boa estocada e orelha.
No segundo, quinto da ordem, recebido a pés juntos e mãos baixíssimas, e depois na muleta, mais uma vez, bem explorado pela direita, terminada com dois pinchazos e meia estocada desprendida, esfumando-se o êxito, ficando-se por uma saudação nos tércios.
De Justo teve um primeiro touro, o terceiro da tarde, com melhor condição e o inicio de faena fazia prever êxito rotundo, templado, largo e profundo, cruzado. Muletazos em câmara lenta, com a figura relaxada, sem baixar demasiado a mão, para que o touro não perdesse, ele próprio, as mãos.
Toureou para si, para o touro, ajudando-o, e para todos nós, pena que tenha pinchado duas vezes, pois tinha a porta grande na mão.
O sexto não deu opções, rachado e desinteressado desde o inicio, sem humilhar e não querendo peleja. Justo esteve profissional, dando-lhe lide curta, eficaz e morte rápida.
A corrida não investiu, pese embora a disposição de todos, figuras do toureiro e público, mas sem dúvida que foi uma grande tarde, da própria Tauromaquia no seu todo, viva, com saúde e com ilusão.
Foi tarde de Porta Grande para a Afición.