Festival Taurino dos 85 Anos de Fundação dos Amadores de Vila Franca: José Dotti

O Antigo Forcado do Grupo de Vila Franca, José Dotti apela a todos os aficionados para a presença no Festival Taurino de comemoração dos 85 Anos de Fundação dos Amadores de Vila Franca. Não falte.

 

 

2ª Parte – A fundação – Épocas 1932 a 1955

No dia 8 de Outubro de 1932, o Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira é formal e oficialmente fundado. Foram então elementos fundadores os senhores Joaquim Franco (Cabo), Horácio Cunha, Luís Ferreira, Júlio Santos, Fortunato Simões, Vasco Rocha, José Plácido, Acácio Estevão e Daniel Serafim. Era então “mascote” do Grupo a Ex.ª Sr.ª D. Maria Victória Lopes, filha do elemento fundador Vasco Rocha Lopes. A “mascote” acompanhava sempre o Grupo nas suas deslocações e seria mais tarde nomeada “Madrinha” do Grupo nas Comemorações dos 50 anos da sua Fundação.

O Grupo pega as corridas que lhe aparecem, num tempo bem difícil de pegar toiros pois eram corridas duras, quase sempre pegando toiros já corridos, alguns deles várias vezes. Deste Grupo fundador destacava-se Fortunato Simões que havia de ser considerado um dos melhores forcados da sua época e foi também um grande cernelheiro, tendo constituído com Artur Garrett uma parelha importante. Prosseguem durante algum tempo as atuações do Grupo mas alguns elementos são desafiados pelos Grupos Profissionais, na época os mais conceituados e com outras condições, pelo que alguns deles resolvem mesmo deixar o amadorismo o que leva ao desmantelamento do Grupo por volta de 1937.

Até 1949 existiram por vezes agrupamentos de Vilafranquenses amadores que se juntavam para pegar. Foi neste ano que dois amigos, José Miguel Perdigão e José Lourenço voltaram a tentar a reorganização do Grupo, ficando como Cabo o Sr. José Lourenço. Posteriormente, José Lourenço, Luís Perdigão e José Perdigão, foram convidados a deslocar-se a Moçambique, no ano de 1956, para atuarem na corrida de inauguração da Monumental de Lourenço Marques onde viriam a fixar residência. Tiveram ação preponderante na implementação e no desenvolvimento da festa de toiros em Moçambique com a realização de diversos festivais taurinos, colóquios, palestras, fundaram a Tertúlia Festa Brava de Moçambique onde foram também fundadores do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca em Moçambique, agrupamento que atuou na inauguração das praças de Vila Pery, Vila Manica, da cidade da Beira entre outras corridas.

Em 1953, o Sr. Joaquim de Almeida Vieira “Quim da Susana”, consegue reconstituir o Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira. Começa-se a viver uma nova fase com o surgimento de novos e valorosos elementos. O “Vida Ribatejana” considerou este Grupo de “afanoso” e “valente” pelo modo como correram as atuações dessa época na “Palha Blanco”. Joaquim Vieira era célebre pelas suas pegas de “estaca” visto que não sabia recuar e terá efetuado uma grande pega na terça-feira noturna desse ano que acabou por ser a sua última atuação como Cabo do Grupo de Vila Franca de Xira.

Com o Grupo a funcionar já com a devida consistência, surge em 1954 um jovem e conceituado elemento vindo do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, o Sr. António Bordalo da Costa Porto “Tá Porto” que é nomeado Cabo e logo nesta época o Grupo de Vila Franca efetua uma caminhada por várias praças do nosso país, realizando 13 corridas, grande parte delas coroadas com enormes êxitos. Foi um dos Grupo com maior número de atuações nessa época, apenas ultrapassado pelo Grupo de Santarém com 15 corridas e ficando à frente do Grupo de Lisboa, com 11 corridas, ambos Grupos bastante mais conceituados. Entretanto, Joaquim Vieira continuou a fardar-se como elemento regular do Grupo de Vila Franca, algo pouco habitual, mas que demonstra um elevado grau de humildade e amor à causa do Grupo de Vila Franca.

O Grupo ultrapassa as fronteiras limítrofes e atua em locais mais distantes, como Guimarães. Há registo de tardes triunfais em Vila Nova da Barquinha e no Campo Pequeno, na corrida de estreia da ganadaria Sociedade Campo Diamante. A corrida na Feira Anual de Vila Franca foi marcada pela negativa, com lesões em alguns forcados entre os quais o próprio Cabo, António Porto. Destaque também para uma atuação em Vila Nova da Barquinha com toiros de muito peso e citando uma crónica da época: “… quanto aos forcados do Grupo do valentíssimo Costa Porto, foram eles dum heroísmo incontestável ao pegar aquelas montanhas de carne …”. Em 1955 os forcados do Grupo, António Porto, Vasco Nuno Morais, e Carlos Constantino Cruz Silva foram convidados para participar numas filmagens da revista internacional Americana “LIFE”, pegando um toiro da casa Cadaval no tentadeiro do cavaleiro Rosa Rodrigues, na Chamusca.

 

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