Triunfal regresso dos Pégoras em Estremoz

Tiago Correia Por Tiago Correia

Triunfal regresso dos Pégoras em Estremoz

  • 30 de abril 2022, Estremoz
  • Cavaleiros: Luís Rouxinol, Marcos Bastinhas, António Prates e o amador Francisco Maldonado Cortes
  • Forcados: Évora e Monforte
  • Ganadaria: Herdade de Pégoras
  • Praça a 3/4 de lotação

Se não me falha a memória, desde o dia 16 de agosto de 2019 que a Ganadaria Pégoras não lidava uma corrida completa. Voltou (e em boa hora) a fazê-lo em Estremoz, numa tarde de calor em que o público preencheu cerca de três quartos da lotação da Praça de Toiros de Estremoz, bem arranjada para a ocasião.

O grande aliciante do cartel era talvez o regresso dos temidos toiros da Herdade de Pégoras, ganadaria que, embora jovem, é bastante respeitada por todos aqueles que a enfrentam. Toiros que transmitem emoção à bancada desde que entram em praça até que dela saem. E hoje os Pégoras viveram uma tarde memorável. Não foi um curro perfeito, mas, tirando o primeiro da ordem, distraído e com alguma crença em tábuas, os restantes foram bons, transmitiram, perseguiram as montadas com alegria… Toiros bravos! Irrepreensivelmente bem-apresentados os seis toiros e feiote o novilho. O novilho e os três toiros lidados na segunda parte foram bravos. O ganadero teve honras de chamada à praça no novilho lidado em quarto lugar e no último toiro da corrida e, diga-se, não teria vindo mal ao mundo se fosse chamado à praça também no sexto da ordem.

Luís Rouxinol teve a difícil tarefa de abrir praça diante de um público frio e que custou a entrar no espetáculo. A esta difícil tarefa acresceu o facto de lhe ter saído em primeiro lugar o toiro mais complicado do curro de Pégoras. O cavaleiro de Pegões andou correto com o toiro, terminando a função com um violino e um ferro de palmo. No quinto a história foi diferente. Com um bom toiro por diante, Luís Rouxinol pôs toda a carne no assador. Deixou um bom segundo comprido e partiu para a ferragem curta, apostando forte na brega, levando o toiro embebido na barriga do cavalo. Cravou três curtos de nota alta. Rematou uma lide triunfal montando o Douro com o qual cravou um ferro de palmo e um excelente par de bandarilhas.

Marcos Bastinhas foi o toureiro que menos brilhou nesta passagem por Estremoz. Na sua primeira atuação, andou em tom regular, não chegando ao público. No que fez sexto esteve também correto na ferragem curta, destacando-se positivamente o último curto a dar primazia ao toiro. Terminou a função com dois pares de bandarilhas à passagem pelo corredor, o último dos quais consentindo um toque após duas passagens em falso.

António Prates teve também uma tarde que se pode considerar de triunfo. Foi na sua primeira lide que o público, frio e desligado do espetáculo, despertou para o que se estava a passar na arena. Realizou uma lide bastante correta, cravando a ferragem da ordem com bastante acerto. Esteve bem a bregar e rematou a atuação com um violino de palmo. A sua última atuação e derradeira do festejo, foi uma verdadeira declaração de intenções de um toureiro que quer e tem condições para ser um caso sério do toureio equestre. Recebeu exemplarmente o toiro, dando a devida importância aos ferros compridos. O segundo comprido é de antologia, com o toiro a arrancar de praça a praça, reunindo nos médios com pronunciada batida ao pitón contrário. Na ferragem curta realizou uma lide completa. Numa primeira fase, deu primazia à brega ladeada que, aproveitando a excelente disponibilidade do oponente, resultou emotiva. Cravou três ferros ao estribo, com o toiro a reunir por alto. Trocou de montada e colocou o toiro de praça a praça. Com o toiro a arrancar pronto, tentou um ferro ao quiebro que resultou numa passagem em falso. Passou mais algumas vezes em falso, não desistindo e deixou com bastante mérito o ferro. Cravou mais um, em curto, ao quiebro, que levantou a praça. Grande triunfo de António Prates.

Francisco Maldonado Cortes lidou o quarto exemplar da tarde. Esteve bem na ferragem comprida e no princípio da ferragem curta, com reuniões ao estribo que lhe valeram a concessão de música ao primeiro curto. Trocou de montada após o segundo curto e a atuação veio ligeiramente a menos. Terminou com um ferro de palmo e deixou mostras de que tem vontade e que com o tempo poderá ser mais uma promessa do toureio.

No capítulo das jaquetas de ramagens estiveram diante dos Pégoras os Forcados Amadores de Évora e de Monforte.

Por Évora pegaram Luís Januário ao primeiro intento, Ricardo Sousa à segunda, João Cristóvão à segunda, numa formação constituída por elementos de ambos os grupos e António Prazeres, que realizou uma grande pega ao primeiro intento.

Por Monforte pegaram Nuno Toureiro à terceira, após uma segunda tentativa em que o grupo não esteve bem a ajudar, Dinis Pacheco, à segunda, numa excelente pega e Gonçalo Barradas à segunda.

No início do espetáculo foram homenageados pela Câmara Municipal de Estremoz, pela Tertúlia Tauromáquica Estremocense e pela empresa Toiros&Tauromaquia José Maldonado Cortes e Luís Rouxinol, pelos 62 e 35 anos de alternativa, respetivamente.

A corrida foi dirigida pelo delegado técnico Marco Gomes assessorado pelo médico-veterinário Dr. Tenório Guerra.

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