Grave e Silva vencem! Numa boa tarde de pegas e de pormenores de bom toureio a cavalo

Alcochete “vive alegre e contente” as Festas do Barrete Verde e das Salinas, que ano após ano exaltam a paixão ao toiro, forcado, campino e do salineiro. Sentida como a mais genuína tradição das gentes da “borda d’agua” as Festas do Barrete Verde e das Salinas têm um lugar especial no coração de cada alcochetano, mas também de muitas pessoas que não sendo de Alcochete, gostam de visitar. São um misto de sentimentos, emoção e diversão estes dias na bonita Alcochete.

Ontem, 13 de Agosto, foi dia do XLI Concurso de Ganadarias e mais uma vez esta que é uma das corridas mais importantes da temporada encheu  até as bandeiras a castiça praça de Alcochete.

Seis toiros a concurso disputavam entre si os prémios de Bravura ganho pela ganadaria Murteira Grave e o de Apresentação ganho pela ganadaria Silva. O jurado foi composto por elementos do Real Clube Tauromáquico Português.

Abriu praça um bonito e bem apresentado toiro de Passanha, anunciado com 630kg… Era uma estampa de toiro! Nos lances de capote o exemplar da Pina mostrou dificuldades de locomoção e foi mandado recolher pela direcção da corrida.

Segui-se um bonito jabonero de capa com 530kg com o ferro de Ascenção Vaz, toiro com cara, baixo e rematado de carnes. Foi distraído e acometia a passo, nunca rompeu.

De Murteira Grave foi o terceiro a sair à praça, toiro com cara, sério, baixo, aplaudido de saída, 500 kg de peso. Foi encastado, altivo, muito fixo tanto no cavalo como nos capotes, acometia com raça quando lhe pisavam os terrenos e carregava com emoção depois do ferro.

O terceiro da lide ordinária foi de Joaquim Brito Paes. bonito de tipo, com cara, reunido, pesou 500kg. Foi distraído, nunca quis romper, reservando-se no momento do ferro.

Da ganadaria Vinhas foi o arrobado quarto, 645 kg de toiro… Cardeno de pelo, foi nobre, teve som nas acometidas ao capote e cavalo mas faltou-lhe o picante da casta.

Em quinto lugar foi lidado o toiro sobrero, pertencia à ganadaria Passanha, deu um peso de 595 kg. Com menos cara que o seu irmão saído em primeiro lugar, mas também bem apresentado. Toiro com crenças junto ao sector 2, saindo de lá com facilidade, foi nobre.

Fechou a corrida uma toiro com o ferro da ganadaria Silva, o mais basto de tipo dos seis, não foi fácil, no momento do ferro não era claro, foi-se reservando com o decorrer da lide.

João Ribeiro Telles lidou o primeiro e o quarto, sendo trocada a ordem de lide porque o cavaleiro tinha que apanhar um avião para tourear hoje na aficionada Ilha da Graciosa. Com o de Ascenção Vaz o João tentou interessar o oponente no cavalo desde o início, para ver se o toiro rompia… Dois compridos e quatro curtos numa lide correcta, com bons pormenores de toureio a cavalo, que não veio a mais muito por culpa da pouca acometida do toiro.

Com o quarto de Vinhas viveu-se um dos momentos altos da corrida, dois compridos a abrir, lidando com eficácia. Nos curtos de grande nota foi o segundo, seguido de um bonito remate toureiro. O João desfrutou e fez desfrutar os presentes nesta lide, viu-se a gosto a lidar com o bom toiro da Herdade do Zambujal. Com o cavalo Ilusionista veio a explosão, três ferros exuberantes que levantaram o público dos assentos, aplaudindo com fervor o visto na arena. O primeiro desta série foi o melhor entrando em terrenos de compromisso e num palmo de terreno cravou e sacou a montada. Emoção, raça toureira e ousadia!

João Moura Jr. cedeu o seu lugar ao companheiro de cartel e toureou segundo e quinto. Diante do de Murteira Grave cravou bem os compridos, destaque para o primeiro. Nos curtos houve bons momentos de brega, ladeou com emoção levando as vibrantes acometidas do de Murteira prendidas ao cavalo, cravou os ferros de forma correcta e rematou as sortes com toreria. Finalizou a lide com um grande ferro de palmo, dando a iniciativa ao oponente, cravando de alto a baixo o melhor ferro desta sua actuação.

Com o sobrero de Passanha Moura desde início tentou contrariar as crenças do toiro da Herdade da Pina, cravando dois bons compridos, rematados de boas formas, havendo recortes de belo efeito. Nos curtos cravou com batida ao piton contrário, havendo pormenores bonitos de brega. Finalizou a sua actuação com duas Mourinas que puseram o público de pé! Se a primeira teve impacto nos presentes, a segunda foi emocionante, levando o cavalo até ao limite, para num curto espaço  girar na cara do toiro e cravar um bom curto, bonito e toureiro foi o remate que se seguiu.

Francisco Palha diante do pior lote andou com muito querer esta tarde em Alcochete, tentando sempre superar as contrariedades impostas pelos toiros. O de Joaquim Brito Paes, fazia o papel do distraído quando via o cavalo por diante, dificultado e de que maneira a labor do cavaleiro, carregando depois da sorte solto e nunca entregue. Francisco cravou a ferragem da ordem com correcção, tentando interessar o oponente na lide.

Com o toiro Silva houve grandes momentos de toureio a cavalo imortalizados na arena de Alcochete! Bem nos compridos, lidando e tentado abrir os caminhos a um toiro algo indefinido. Com as bandarilhas curtas, a segunda foi daqueles momentos soberbos do bem tourear a cavalo à portuguesa, se essa foi boa a última foi sublime. Verdade absoluta! Bem a rematar as sortes, sendo reconhecido a labor desenvolvida pelo aficionado público de Alcochete diante de um toiro que não foi de todo uma pêra doce.

Em Alcochete existem muitos forcados, é cultura,  tradição que está impregnada, faz parte das brincadeiras e dos sonhos das crianças ser forcado! Se em Portugal a palavra forcado é sagrada, em Alcochete ainda é mais… Aqui os homens das jaquetas das ramagens são venerados e idolatrados, são verdadeiros heróis para pequenos e graúdos. Domingo de Concurso é dia do Amadores é dia deste grupo de Alcochete se encerrar com seis toiros na sua praça e novamente a tradição foi mantida e foram vividos momentos emocionantes na arte de bem pegar toiros.

João Dinis foi o encarregue de abrir praça, executando uma boa pega à segunda tentativa na qual o grupo esteve correcto a ajudar.

Victor Marques numa grande pega à primeira tentativa, bem a citar, perdeu os passos necessários, fechou-se com raça, o grupo ajudou de forma coesa.

António Cardoso, bem à primeira tentativa, num toiro que investiu com pouco ímpeto até na pega… Boas ajudas.

Henrique Teixeira Duarte, numa boa pega à terceira tentativa. Nas duas primeiras o toiro veio com a cabeça a meia altura desferindo um derrote de lado quando sentiu o forcado na cara.

Manuel Pinto esteve simplesmente perfeito na cara do Passanha! Grande pega, tecnicamente perfeita, citou com toreria e com calma, recuou com temple, recebeu, bem para se fechar de pernas e braços na perfeição. Olé!

Saltou para pegar o sexto da corrida o cabo Nuno Santana, tentativa dura, com o toiro a entrar com força e a despejar cá atrás. O Nuno saiu lesionado, sendo dobrado por Pedro Dias que resolveu a papeleta com raça, realizando uma grande pega.

No início da corrida foi guardado um minuto de silêncio em memória dos três forcados de Alcochete que morreram no presente ano e por D. Eduardo Guedes de Queiroz, ganadero falecido no passado sábado.

Dirigiu a corrida Fabio Costa, sendo o médico veterinário Jorge Moreira da Silva.

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