Fontes de Afición

Crónica

Nesta época em que a nossa Festa é alvo de muitos atentados e “pequenas” batalhas vão sendo perdidas, pareceu-me importante vir aqui realçar, por um lado, o papel dos grupos de Forcados, como autênticos criadores de aficion e aficionados, por outro lado, a forma como se adaptaram a estes tempos em que as redes sociais desempenham um papel muito importante na vida dos jovens.

São muitas as razões que levam um jovem a querer ingressar num Grupo de Forcados e todas elas são válidas: desde o que tem esse sonho desde pequenino até ao que nunca viu uma corrida de toiros e que começou a aparecer no grupo só para acompanhar os amigos. O que é certo é que, depois de integrados, a totalidade deles se tornam defensores da Festa e muitos deles, bons aficionados.

Sem querer ir contra ninguém, mas não posso negar que, atualmente, com cerca de 200 espetáculos a ocorrer por ano, será difícil que os mais de 40 grupos existentes, consigam, todos eles, formar forcados que honrem verdadeiramente esta tradição tão nossa e tão única. Dificilmente irão existir grandes forcados, em grupos que pegam 2 ou 3 corridas por ano e não tem a ver com o seu potencial ou qualidade, mas há patamares de coesão, elegância, eficácia, etc. que são impossíveis de atingir com tão poucas atuações. Este facto também tornará a vida de forcado destes jovens em algo muito mais fugaz do que poderia ter sido, mas tal facto não deverá influenciar a sua afición e todos eles serão, certamente, incansáveis defensores desta arte.

Começando pelo exemplo do período negro da nossa história que estamos a viver, por razões alheias à Tauromaquia, mas que está a afetar de sobremaneira também este setor. Não tem passado ao lado de ninguém, todo o trabalho feito ao nível das redes sociais por vários grupos, no sentido de se continuar a falar sobre toiros, mesmo não podendo sair de casa, durante os defesos de 2020 e 2021.

Veja-se a quantidade de antigos forcados que se tornaram empresários, cronistas, bandarilheiros, apoderados, proprietários de tertúlias, de restaurantes que são de passagem obrigatória para os aficionados… tantos e tantos exemplos! Já para não falar de todos os antigos forcados que se juntam antes, durante e depois das corridas do seu grupo, pagando o seu bilhete e revivendo tempos antigos.

Faço esta reflexão, não por achar que a nossa Festa deva girar à volta do Forcado, mas sim por achar que é uma figura que aí desempenha um papel importantíssimo e porque os empresários deverão ver os grupos de forcados como os clientes de amanhã e não como uma despesa e possibilitarem aos cabos que todos os jovens que acompanham o grupo tenham o seu lugar na praça, sem que o grupo ou os próprios jovens tenham de comprar bilhetes.

O futuro da Festa passa certamente por novas figuras de toureio que terão de aparecer e mobilizar as massas, eventualmente, por inovações que venham a surgir neste espetáculo, mas os forcados, darão sempre uma “almofada” de conforto importante para a realização de qualquer espetáculo e é importante que os empresários taurinos assim o reconheçam.

Impossível elaborar um texto sobre Forcados nesta altura e não fazer uma homenagem ao grande Simão Comenda, que partiu recentemente. Foi alguém que admirei como Forcado desde criança, devido a histórias que ouvi desde sempre e que, quando conheci, comecei a admirar como pessoa. Via-o como um exemplo de como é possível ser excecional e humilde ao mesmo tempo. Ficámos mais pobres com a sua partida, restanos, a nós aficionados, agarrarmo-nos ao seu exemplo de apaixonado pela Festa e pelo campo e trabalharmos para que os “Simões Comendas” do futuro, continuem a poder assistir a corridas de toiros!

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