Alcochete despediu Pablo de pé!

Por estes dias de Agosto a vila de Alcochete “vive alegre e contente” as Festas do Barrete Verde e das Salinas, que ano após ano exaltam a paixão tauromáquica e tradição das gentes de Alcochete que, anualmente, atraem e contagiam milhares de visitantes com a as tradições de um concelho que respira Festa Brava e exalta a sua identidade local. Largadas, recolhas e corridas de toiros, espetáculos de fado e de música popular , a vibrante Noite da Sardinha Assada e a procissão em honra de Nossa Senhora da Vida. Enraizadas e imbuídas na história de Alcochete, as Festas do Barrete Verde e das Salinas que dão cor à fé e à tradição que caracterizam e movem a gente de Alcochete.

O Alcochetano nasce entre o mar e a lezíria. Faz-se homem entre sal e a charneca. Torra-se ao sol do ‘Salgado’ do seu Tejo e morre, se for preciso, embarbelado entre os cornos de um toiro.

Abriu a Feira taurina na passada sexta-feira, dia 9 de Agosto com um cartel rematadissimo e a resposta do público foi fantástica, uma praça completamente cheia, para verem a despedida de Pablo Hermoso de Mendoza, com Luís Rouxinol e João Ribeiro Telles. Forcados Amadores de Vila Franca e Alcochete. Foram lidados toiros de David Ribeiro Telles.
Seis negros, pesados e bem apresentados toiros saíram pela porta dos sustos com o  ferro de David Ribeiro Telles. O primeiro da noite, teve boas condições de lide apesar de ter tido uma saída fria e a procurar os terrenos de dentro. Ao segundo não lhe acompanharam as forças mas teve uma condição de nobreza e bom tranco tanto nas acometidas ao cavalo, como a investir nos capotes. Alegre foi o terceiro, foi mais encastado que os seus dois irmãos anteriores, bom toiro! Teve som e muita nobreza o quarto da noite, outro bom toiro com o ferro JR. O quinto era grande por todos os lados, teve alma, raça e casta para mover os seus lustrosos 610kg, veio a mais com o decorrer da lide, bravo! O sexto foi o mais encastado dos seis, pediu mais documentos, toiro interessante este que fechou a corrida.
Luís Rouxinol triunfou em Alcochete! Duas lides muito no seu estilo, mostrando o cavaleiro que é. Lidou com a sabedoria que os anos lhe ofereceram, escolheu na perfeição os terrenos, cravou grandes ferros, houve remates toureiros e um par de bandarilhas marca da casa.
No primeiro aproveitou as qualidades do toiro, viu-se um cavaleiro a gosto, cravou bons compridos rematando as sortes. Nos curtos a lide foi variada, houve muita interação com o público, cravando ferros com verdade.
Com o quarto da noite Luís voltou a deleitar os presentes com uma lide marca da casa. Entendeu na perfeição o oponente, dando-lhe a lide adequada. Inspirou-se e houve grandes momentos de toureio na arena de Alcochete. Bem nos compridos, levando o toiro toureado nos remates. Na ferragem curta, Alcochete aplaudiu de pé o cavaleiro de Pegões, o primeiro curto da série foi bom mas o quarto soberbo, complementado com um grande remate da sorte. Finalizou a lide com um ferro de palmo.
Pablo Hermoso de Mendoza pintou em Alcochete em dia de despedida uma das suas grandes obras… aconteceu no quinto da noite durante a ferragem curta. Simplesmente genial!!
No seu primeiro, muito distraído de início… cravou a ferragem comprida com bons conceitos toureiros. Nos curtos os ferros foram cravados com a beleza que caraterizam o seu toureio a cavalo, lidando bem o seu oponente e rematando as sorte de forma bonita. Boa lide esta do cavaleiro Navarro.
No quinto da corrida os dois compridos teimaram em não partir… houve um par de assobios e o génio de Estella parece que meio ferido no seu ego, abriu o livro e disse… e o que disse foi fantástico. Se o primeiro curto foi dos bons, o remate com hermosinas foi superior. No segundo curto houve a perfeição e no remate soaram os “trinados de guitarras” tal foi o compasso imprimido, levando o toiro toureado e cosido ao cavalo. A preparação do terceiro curto foi toureira, e a sorte do ferro como mandam as regras. Mais hermosinas no remate e a praça de pé a aplaudir o visto. O quarto curto foi cravado na porta dos curros e depois levou o toiro novamente toureado e templado até onde quis. A pedido do público cravou o seu último ferro nesta vila toureira de Alcochete e o delírio foi desatado nas bancadas, a ovação de pé foi estrondosa. Olé!
João Ribeiro Telles, era o terceiro cavaleiro do cartel desta noite de abertura das Festa do Barrete Verde e das Salinas, e também alcançou o triunfo, se a lide do que fechou praça foi das grandes a do seu primeiro para mim encantou-me.
Andou correcto nos compridos, havendo bons momentos de brega. Nos curtos, João imprimiu emoção às sortes, pisando terrenos ajustados e cravando os ferros com muita verdade. De grande nota foram os três primeiros curtos, havendo graça e arte nos remates. O quarto foi superior, rematando a sorte de forma ajustada e muito toureira. Mais um grande ferro fechou a sua primeira actuação e provavelmente foi este um dos ferros da noite.
Com sexto toiro a lide veio de menos a mais, dois compridos a abrir, tentando meter o encastado toiro na lide. Nos curtos houve bons momentos de toureio a cavalo tanto quando cravou os ferros, como nos remates seguintes. Havendo sempre bons momentos de brega na preparação das sortes. Finalizou a sua lide com o cavalo Ilusionista e aí houve a explosão habitual das bancadas, cravando dois ferros marca João/Ilusionista.
Grande noite de pegas vivida nesta primeira de Feira! Dois grupos com pergaminhos, tradição e arte de pegar toiros Vila Franca e Alcochete disseram na arena como se pegam toiros.
Abriu a noite Vasco Carvalho por Vila Franca numa grande pega à primeira tentativa, todos os tempos que se pedem a um forcado foram aqui evidenciados pelo jovem forcado da Escola de Vila Franca. Citou com graça, recuando na cara do toiro, reuniu na perfeição, o grupo ajudou coeso e aquilo até pareceu fácil… Grande primeira ajuda neste toiro.
Rodrigo Andrade saltou para pegar o terceiro da noite e a receita dada pelo grupo foi a mesma ou seja tudo foi feito como mandam as regras. Bem o Rodrigo a citar, receber e fechando-se corretamente e o grupo fez o devido, ajudou.
Fechou a noite o cabo Vasco Pereira e pega foi soberba! Alguns jovens forcados que gostam muito de ver vídeos deviam ver esta sorte da pega de caras do Vasco. A calma característica deste forcado parece que sossega o público, citou pausadamente, mandou vir quando achou conveniente, recuando quanto baste, reuniu na perfeição, aguentou um par de derrotes e o grupo ajudou. Olé!
Por Alcochete Afonso Matos Correia fez uma grande pega à primeira tentativa, citou, interessou um toiro na sua figura que se mostrava algo distraído… A reunião foi boa, fechou-se com alma e o grupo ajudou à maneira de Alcochete ou seja bem!
Vasco Loureto saltou para a cara do quarto da noite, toiro fechado de cara, o que dificulta mais a reunião do forcado. Mas o Vasco esteve grande, a citar, receber e entrou na cara do de David como uma lapa, novamente o grupo ajudou de forma coesa.
Fechou a noite Miguel Direito com um pegão à primeira tentativa! Citou bonito, a reunião foi dura, houve um par de derrotes fortes mas a alma e os braços do forcado estiveram lá, entrando o grupo bem, sendo consumada assim a sorte.
Nesta noite foi homenageada Conchita Citron, grande senhora e cavaleira de outras eras.
Dirigiu a corrida Tiago Tavares, sendo o médico veterinário Jorge Moreira da Silva.

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