Paulo Caetano: “A Tauromaquia vai renascer mais forte”

Paulo Caetano para além da ganadaria brava e dos cavalos também tem a sua actividade na área agrícola e pecuária, o que faz com que o trabalho não possa parar. O empresário não tem dúvidas de que a Tauromaquia se vai conseguir reinventar e voltar com a máxima força.

 

Tauronews: Considerando a actual situação em Portugal, quais acha que serão as principais repercussões que o Covid-19 irá causar na nossa sociedade e em particular na tauromaquia?

Paulo Caetano: Esta pandemia é uma peste semelhante a outras na historia da Humanidade. Vai deixar feridas profundas, algumas irreparáveis, mas vai reeditar perspectivas fundamentais da vida entre as pessoas. O amor, a solidariedade, a família, o papel do homem na natureza, o papel da natureza na vida do homem e, para aqueles que têm Fé, a vontade de Deus. Para quem tem algum conhecimento da Bíblia e da História do Mundo, este tipo de situações poderão ser identificadas e, de alguma forma, compreendidas. Não me refiro somente à intelectualidade de antigamente, falo também dos verdadeiros cérebros do nosso tempo. Atente-se no aviso (disponível  no youtube) de Bill Gates em 2015.
O que se passa é que somos, em larga maioria e salvo honrosas excepções, influenciados por informação, por informadores por comentadores e por governantes que sabem tudo, mas… não tem solução para nada.
Vivemos uma era de “pseudo” inteligentes e donos da verdade em que, de vez em quando e graças a Deus, sobressaem pessoas verdadeiramente sábias que, infelizmente, só a muito custo se conseguem fazer ouvir.
É evidente que esta crise é muito dura, o “ Day after” não irá ser mais fácil, mas nada disto é novo.
Tal como não é nova, a capacidade incrível que os homens tem para se reinventar.
Quanto mais antigas forem as raízes Civilizacionais, mais fácil será o caminho da reconstrução.
O toureio é uma arte velha, sábia, baseada em valores de grande profundidade. A Tauromaquia vai renascer mais forte, eventualmente com adaptações aos tempos, tal como aconteceu noutras situações de pós – guerra mas, sem dúvida, mais confiante em si mesma.

T: Até ao momento já teve festivais e corridas cancelados/adiados? Já tinha corridas marcadas fora de Portugal? 

PC: O início de Temporada está adiado e não vale a pena fazer conjecturas para o futuro. Já tinha as camadas lidáveis colocadas. Parte cá e parte em Espanha. O recomeço será quando for possível. Mas, nessa altura, responderemos Todos à chamada.

T: Quais as implicações económicas que esta situação poderá ter a curta/médio prazo no seu caso em particular?

PC: Como Ganadero, tenho no campo três Corridas de Touros e cinco Novilhadas. Se não forem lidadas este ano, os quatrenos passarão para cinquenhos e os novilhos para Touros. Este adiamanto é evidente que vai ter um esforço financeiro e é para isso que teremos de gerir em consonância. Mas isto faz parte da vida. Como dizem os Espanhóis, “Ya se arregalará” .

T: Como tem gerido, a nível familiar, esta situação? Tem medo pelos seus familiares?

PC: A família é sempre a nossa maior preocupação. Estamos alguns em Monforte, outros em Lisboa e em Almada e a Maria na Alemanha. Para uma família que sempre viveu e construiu tudo em conjunto, a separação é muito triste e difícil.
Mas temos muita Fé e Esperança que tudo vai passar e dentro de algum tempo estaremos de novo a abraçar-nos.
Quanto ao medo, é um sentimento nefasto. Quando vimos a este Mundo, o risco está sempre presente. Querer viver sem encarar riscos é o mesmo que querer tourear sem ser colhido. Não existe. Como tal o medo é um sentimento que afasto da minha mente.

T: Mesmo estando de quarentena, vai conseguindo realizar tentas ou suspendeu tudo?

PC: Não, neste período não vou fazer tentas. Essencialmente, pelo ambiente de consternação que se vive, por respeito a quem partiu, a quem está doente, a quem está  a sofrer e a quem está a servir.
Por agora, não há vontade para isso.
Mas a vida tem de continuar e dentro de algum tempo, quando se começar a ver a luz ao fundo do túnel, teremos de seguir com a nossa vida para diante.

T: Mudou alguma coisa no que se refere ao maneio do gado?

PC: Seguimos escrupulosamente as Regras emanadas pelas autoridades de saúde, intensificámos a desinfecção de estábulos e zonas de circulação, mas não podemos parar a labuta diária no campo. À parte da ganadaria brava e dos cavalos a nossa actividade prende-se com a área agrícola e pecuária e essa é uma actividade de prioridade social. A população tem de ser alimentada e nós cá estamos para ajudar a garantir isso, dentro da nossa medida.

T: Que mensagem de ânimo deixaria aos aficionados?

PC: Julgo que as pessoas poderão entender, ao longo da entrevista, a minha maneira de ver as coisas. Se isso servir para lhes dar animo, fico muito feliz. Porque o único caminho proibido é o do desalento. Como costuma dizer, um dos poucos homens de Estado que temos em Portugal: “ Estes Tempos exigem: Disciplina na Acção e Esperança no Futuro”.

Artigos Similares

Destaques