Chegou de mansinho o mês de Julho, e chegou também ao fim mais uma edição da antiga Feira do Atlântico, São João despediu-se com um espectáculo misto realizado na Praça de Toiros Ilha Terceira, uma organização de Tertúlia Tauromáquica Terceirense.
Para o derradeiro festejo, e no que diz respeito à lide a cavalo, Vítor Ribeiro. Pegaram os forcados terceirenses do Ramo Grande, capitaneados por Manuel Pires. Quanto ao toureio a pé, duas gerações diferentes com dois nomes a primar pela qualidade, e anunciados como exímios executantes no tércio de bandarilhas, nomeadamente Manuel Escribano e Jesús Enrique Colombo. Da Casa Agrícola José Albino Fernandes, um curro de toiros (novilhos para as lides apeadas) de pelagem variada e distintos em tamanho. Com o tempo a manter-se encoberto, pelas 18h30 deu-se então início às cortesias, com mais de meia casa de aficionados.
A acusar mais peso na balança, com 528 kg, o n.º 3 de José Albino foi o primeiro do lote do cavaleiro natural da Moita. Esteve com mão certeira na cravagem dos compridos, frente ao oponente que a espaços andava distraído, e que com o decorrer da lide adiantava-se e encurtava caminho para as reuniões. Vítor Ribeiro foi aos terrenos do oponente e cumpriu a ferragem curta sem complicar, com destaque para um segundo curto de boa nota. Pelos forcados do Ramo Grande, assumiu a tarefa o cabo Manuel Pires, fechando-se à segunda tentativa, após sofrer valente derrote na primeira, com o toiro a meter a cara por alto.
Destinado ao matador Manuel Escribano, saiu dos curros um bonito raiado com trapio, de nome “Rabão” e com o n.º 28 no costado. Com o capote, o toureiro sevilhano lanceou por verónicas e chicuelinas. Repartiu o tércio de bandarilhas com o colega de cartel e impôs toda a sua técnica num bom primeiro par. Com a muleta, Escribano deixou boa imagem, numa lide em que se destacaram as primeiras séries ao natural, com temple pela esquerda, frente ao hastado nobre, que cumpriu, mas que começou rachar depois da terceira série.
A debutar na arena terceirense, Jesús Colombo apresentava-se à afición com ganas de triunfo, apanágio que desde tenra idade tem demonstrado. O terceiro da ordem, um flavo reluzente de José Albino Fernandes, ao primeiro derrote na trincheira partiu um corno e recolheu aos curros, por ordem do director de corrida Rogério Silva, assessorado pelo médico veterinário José Paulo Lima. Colombo recebeu de joelhos na arena o sobrero com o número 24, e com o capote arrimou-se com bonitas navarras nos médios. Bandarilharam os dois matadores, um belo tércio reconhecido pelo público que soltou forte ovação. Iniciou faena pela direita com derechazos, e com sortes variadas, realizou uma lide agradável, com a ajuda de um pequenote mas bravo oponente, com andamento e ligação, que serviu por ambos os lados. Merecida volta para o artista.
Vítor Ribeiro terminou a sua passagem pela feira lidando o número 18 de JAF, um negro listão, a espaços andarilho e de difícil colocação para os compridos. Primeiro e terceiro curtos emotivos, ao som das palmas e da Sociedade Filarmónica União Católica da Serra da Ribeirinha, que abrilhantou a corrida. Lide em crescendo, pautando o esforço do cavaleiro perante um hastado que se ficava. Daniel Brasil pegou à primeira tentativa, uma boa pega com o grupo a fechar-se bem.
Ao quinto da ordem, Manuel Escribano recebeu de joelhos com uma larga cambiada o número 32 da ganadaria de divisa verde e vermelha. Mostrou-se variado com o capote e ao bandarilhar cravou pares vibrantes e como mandam os cânones. De flanela em punho, levou ao engano o toiro que humilhava e dava profundidade, bom comportamento do “Subordinando” de nome, que tal como no primeiro do lote, deu mais jogo pela esquerda, aproveitando assim o matador para dar nas vistas ao natural. Toureou em redondo, agarrou o público, e terminou com manoletinas uma faena triunfal. Forte ovação e duas voltas à arena com os aficionados de pé e rendidos à actuação do diestro.
Encerrava este espectáculo misto o venezuelano Jesús Colombo. Não era tarde de sorte para o jovem matador. A lembrar que lidou o sobrero no final da primeira parte da corrida, e que ainda durante o tércio de bandarilhas, frente ao seu último toiro de José Albino Fernandes, o mesmo acabou por partir uma haste e recolheu aos curros. Desta forma terminava a corrida, uma vez que o sobrero para toureio a pé já havia sido utilizado.
No geral, o espectáculo não desfraldou as expectativas, pena as incidências ocorridas com as hastes dos oponentes de Colombo. Pela positiva, empenho e regularidade nas lides de Vítor Ribeiro, bem os Amadores do Ramo Grande, Jesús Colombo mostrou ser uma figura a seguir, um quinto toiro de nota, e um triunfo expressivo do experiente Manuel Escribano. Feira de São João, até para o ano!