Teve hoje lugar, na Praça de Toiros do Campo Pequeno, a “Manifestação pela Cultura” promovida pela Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos, tendo por objectivo mostrar o desagrado de todo o setor da cultura pela forma como a pandemia está transversalmente a afetar drasticamente todos os sectores da Cultura e que continua a ter um tratamento desigual por parte do Governo.
Estiveram presentes, e bem, todas as associações taurinas com representatividade na ProToiro, a Federação Portuguesa de Tauromaquia. Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide, Associação Nacional de Toureiros (ANT), Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET), Associação Nacional de Grupos de Forcados e Associação de Tertúlias Tauromáquicas Portuguesas e a União das Misericórdias.
Foi de facto importante a presença dos agentes de tauromaquia, em solidariedade com todos os outros sectores culturais, visto que também nós estamos a sofrer na pele os efeitos colaterais que a Pandemia gerou.
Toiros que não foram lidados e que continuam a comer todos os dias, Cavaleiros que não tourearam e que todos os dias dão de comer aos seus cavalos, Bandarilheiros que tem as suas contas diárias para pagar e que na grande maioria dos casos esta temporada ficaram em casa, empresários que tiveram de pagar os custos associados às suas praças e não organizaram espetáculos e claro sem esquecer nunca, os cerca de 175 pessoas (em média) que são necessários para organizar uma Corrida de Toiros, desde o pessoal encarregue dos curros, aos bilheteiros, passando pela banda, não esquecendo os transportadores ou trabalhadores dos bares. Todos eles a passar tremendas dificuldades.
A plateia da “nossa praça”, o Campo Pequeno, encheu-se de actores, autores, músicos, ilusionista, promotores e muitos mas muitos técnicos de som, imagem, audiovisuais, vídeo, etc. Tiveram a palavra, apontando as criticas ao Governo e à Ministra da Cultura, inúmeras associações do sector cultural, actores (José Raposo), ilusionistas (Luís de Matos), músicos (Ricardo Ribeiro), o Circo (Associação de Defesa das Empresas e Artistas de Circo Portugueses), reproduziram-se vídeos de mais diversos artistas nacionais… e a Tauromaquia?! Nada!!
Não tivemos nem 1 minuto de antena (pelo menos no palco da nossa arena), nem por parte da APET nem ANT nem mesmo da Federação ProToiro. Teria sido importante marcar também a nossa posição, no entanto, e desconhecendo as razões, estivemos em silêncio, apenas e só aplaudindo os nossos “pares”. Refiro estas entidades, pois são os profissionais da nossa Cultura.
O Decreto-Lei n.º 89/2014, que aprova o Regulamento do Espetáculo Tauromáquico, define que a “tauromaquia é, nas suas diversas manifestações, parte integrante do património da cultura popular portuguesa”, fazemos parte integrante, somos uma manifestação identitária de um povo. Ainda assim sem VOZ.
Desconheço, igualmente, se houve uma convocatória por parte da ANT aos seus associados, os profissionais deste meio. E digo isto porque achei, notoriamente poucos os presentes, António Ribeiro Telles, Rui Salvador, António Brito Paes, Manuel Telles Bastos, Francisco Palha, Tiago Martins, António Prates, Manuel Dias Gomes e Joaquim Brito Paes. Na classe dos Bandarilheiros vi, Ernesto Manuel (retirado), Américo Manadas (retirado), Jorge Alegrias, Ricardo Alves, Paulo Sérgio e Duarte Alegrete (peço desculpa se não mencionei algum). Estiveram também, como já é habitual, vários Grupos de Forcados representados ou pelos cabos ou por elementos. A minha vénia para todos os supramencionados, no entanto sinto e senti no momento, uma sensação de desunião por parte deste sector. Numa fase certamente tão dramática que estão a passar, a minha opinião, é que deviam ter estado presentes e mostrar solidariedade com todo o sector. Apesar, e não esquecendo as restrições e o momento que todos somos obrigados a viver e cumprir.
Numa altura que todos os dias somos atacados, que deveríamos estarmos mais unidos que nunca e termos uma palavra também nós, de desagrado isso não aconteceu! Ao invés de uma união, entristece-me, para não dizer que me revolta, que uma franja que quero qualificar como irresponsáveis, esteja diariamente a dar voz a “não assuntos”, onde apenas e só quem tem obrigação de estar preparado para uma suposta defesa são as Associações responsáveis pela festa. Uma coisa podem ter a certeza, aqui não haverá espaço para “puyas” à Festa Brava!
Em jeito de resumo, quero mais uma vez congratular todos os presentes hoje, foi de facto importante dizermos “somos solidários”, “estamos aqui”, ainda que em “silêncio”, teria sido de extrema importância o nosso tempo de antena, e não menos importante a presença de mais profissionais do sector.
Despeço-me com uma curiosidade e a frase da manhã, um dos maiores aplausos foi na intervenção do responsável pelas Associação de Defesa das Empresas e Artistas de Circo Portugueses, quando criticou o PAN sobre as intervenções contra este sector. A CULTURA É SEGURA!