Tarde quente na comemoração dos 100 anos de alternativa de João Branco Núncio

A Praça de Toiros João Branco Núncio em Alcácer do Sal abriu ontem pela primeira vez as suas portas na presente temporada para comemorar os 100 anos de alternativa do cavaleiro que lhe deu nome.
João Branco Núncio, figura ímpar de Alcácer do Sal, tirou a alternativa a 27 de maio de 1923 no Campo Pequeno. Teve uma importância inqualificável para a história do toureio equestre. Lutou pelos toiros “puros”, permitindo assim uma transformação na forma de tourear de então para se aproximar ao que hoje reconhecemos como toureio a cavalo.
Hoje as bancadas da Praça de Toiros João Branco Núncio registaram uma lotação de cerca de dois terços, com forte incidência nos setores de sombra, dado o muito calor que se registava à hora de início do espetáculo.
O espetáculo iniciou-se com um cortejo de gala à antiga portuguesa evocativo das touradas reais.
Lidaram-se toiros da ganadaria Eng. Jorge Carvalho, dispares de apresentação e comportamento. O primeiro cumpriu de boa forma, teve teclas que tocar e pedia que se lhe fizessem as coisas bem feitas. O segundo foi manso. Não rompeu durante a lide. O terceiro serviu para o espetáculo. Semelhante registo teve o quarto da ordem. O quinto foi algo reservado, indo a mais com o decorrer da função. O último da ordem foi a mais, perseguiu a montada e cumpriu de boa forma. Pecou por ser distraído.
Luís Rouxinol abriu praça realizando uma grande lide. Iniciou a função com dois compridos, com destaque para o segundo de elevadíssima nota, que resultou emocionante. Nos curtos, montando o Douro, deixou uma excelente série de ferros, com destaque para os soberbos remates das sortes, com o toiro embebido na barriga do cavalo. Deixou a terminar um extraordinário par de bandarilhas, rematado de forma espetacular com o toiro a carregar forte após a cravagem, e um ferro de palmo de belo efeito.
João Moura Caetano teve a difícil tarefa de se enfrentar com o toiro mais reservado do espetáculo. Deixou dois compridos de nota regular. Na ferragem curta, deixou com correção a ferragem da ordem, tirando o que o toiro tinha. Pouco mais pode fazer diante de escassa matéria-prima.
Marcos Bastinhas deparou-se com um toiro que teve uma saída fria. Deixou com correção a ferragem comprida, destacando-se a forma como recebeu o oponente. Deixou apenas dois ferros curtos, com destaque para o bom primeiro, bem preparado e para o remate do segundo. Com apenas duas bandarilhas cravadas, seguiu para a fase de adornos deixando um ferro de palmo e dois pares de bandarilhas do agrado do público, que lhe tributou fortes ovações.
Emiliano Gamero apresentou-se em Alcácer do Sal com um toureio diferente daquilo a que estamos acostumados. Depois da cravagem da ferragem comprida com destaque para o primeiro ferro, deparou-se com algum desentendimento com a montada na fase inicial da ferragem curta. Cravou um bom primeiro ferro curto, depois de cingidíssima pirueta na preparação da sorte. Os segundo e terceiro curtos foram deixados em sortes aliviadas. Terminou a função com um bom ferro em sorte de violino e um ferro curto à meia volta. Lide fora dos cânones habituais que dividiu opiniões na bancada.
Francisco Núncio realizou uma boa lide. Deixou com correção três ferros compridos, com destaque positivo para o terceiro. Em curtos, evidenciou o seu estilo clássico e deixou uma boa série de ferros, estando bem a bregar e a rematar as sortes, procurando lidar o toiro.
António Núncio realizou uma lide de bons pormenores. Esteve em bom plano na ferragem comprida, dando distância e vantagens ao toiro para cravar três bons ferros, com destaque bastante positivo para o segundo. Em curtos, esteve bem no desenho das sortes, pecando na colocação da ferragem. Destaque maior para o quarto e último ferro da ordem, bastante bem rematado.
No capítulo das jaquetas de ramagens estiveram em praça os Forcados Amadores de Montemor e Lisboa.
Por Montemor abriu praça Francisco Barreto, que brindou a pega a António e Zé Maria Pena Monteiro. Agarrou-se com decisão e contou com boa ajuda do grupo para consumar ao primeiro intento. João Vacas de Carvalho fechou-se bem e concretizou uma boa pega à primeira tentativa ao terceiro da ordem. Vasco Ponce fechou a atuação do GFA Montemor com uma boa pega à primeira tentativa.
Pelo GFA Lisboa, Martim Marques viu o toiro partir pronto e concretizou uma boa pega à primeira tentativa ao segundo toiro da ordem. Duarte Mira contou com boa ajuda do grupo e concretizou uma boa pega ao primeiro intento ao quarto toiro. Nuno Fitas foi o encarregue de pegar o último toiro da ordem. Depois de não se ter conseguido fechar na primeira tentativa, concretizou com muito mérito à segunda.
O espetáculo foi dirigido por Maria Florindo assessorada pelo médico-veterinário Dr. Feliciano Reis.

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