A Arena d’ Évora abriu ontem as suas portas para receber aquela que foi a terceira corrida de toiros da sua temporada 2023. A corrida tinha, a priori, como aliciante maior a estreia em Portugal da ganadaria Adolfo Martin, um ferro conceituado do campo bravo espanhol. A juntar-se a este fator, três jovens promissores a lutar por um lugar numa das corridas mais importantes do calendário taurino português: o Concurso de Ganadarias 2024 em Évora. Completaram o cartel dois dos mais importantes Grupos de Forcados do nosso país. A Arena d’ Évora registou uma lotação que superou a meia casa.
Os toiros da ganadaria Adolfo Martin que viajaram até Évora estavam escassos de trapio para as exigências da praça de Évora. Quanto ao comportamento também não convenceram. O primeiro foi a fava da corrida. Não colaborou minimamente com a função e acobardou-se no momento do ferro. O segundo serviu, embora sem emprestar emoção à lide. O terceiro cumpriu, metendo de muito boa forma a cara nos capotes. Quiçá tivesse melhor comportamento lidado a pé… O quarto não foi fácil e veio a menos com o decorrer da função. Quinto e sexto perseguiram a montada mas facilmente se desligavam e iam para tábuas.
Quanto à parte equestre da corrida, abriu praça Joaquim Brito Paes, que teve a difícil função de abrir praça e enfrentar um toiro manso. Mostrou intenções e cravou o primeiro comprido em sorte de gaiola, pecando na colocação do ferro. Cravou depois mais dois corretos compridos. Na ferragem curta, fez o que pôde. Cravou o primeiro curto a sesgo e, depois de várias tentativas com o toiro apático e acobardado, deixou o segundo sem brilhantismo.
Voltou a receber o segundo do seu lote com uma sorte gaiola, desta feita de muito boa execução e com soberbo remate. Em curtos, iniciou a função com um muito bom ferro ao pitón contrário. No segundo e terceiro, consentiu toques na montada. Mudou de montada e deixou mais dois curtos pautados pela correção.
António Ribeiro Telles filho deu lide ao segundo da ordem e fê-lo com correção. Depois de três corretos compridos, seguiu para uma série de ferros curtos entrando nos terrenos do toiro. Tentou mexer no toiro, mandou-lhe na investida, esteve seguro e cravou com acerto a ferragem da ordem, destacando-se positivamente o quarto curto como o melhor da função. O público esteve com o toureiro e aplaudiu a função
No segundo do seu lote iniciou a função com dois bons ferros compridos. Em curtos voltou a estar em bom plano, cravando com correção e acerto a ferragem da ordem, numa função a ir a mais. Voltou a estar superior a lidar e a colocar o toiro onde quis numa função em que o público esteve novamente entregado ao que viu. Nota negativa para os desentendimentos com a quadrilha durante as lides, maioritariamente na primeira, o que não deve acontecer dentro de praça.
Tristão Telles Queiroz realizou duas lides em que cravou quiçá os melhores ferros da tarde. Diante do seu primeiro não esteve certeiro na colocação da ferragem comprida. Nos curtos subiu de tom, deu distância ao toiro e cravou uma série de ferros curtos de elevada nota, elevando a fasquia de ferro para ferro. Terceiro, quarto e quinto são de excelente nota.
Diante do último da corrida voltou a estar em muito bom plano. Cravou um muito bom segundo comprido. Na ferragem curta, cravou uma muito boa série de ferros curtos, com destaque maior para o quinto da série, um grande ferro com o toiro a partir pronto. Pecou apenas nalgum excesso de velocidade com que atacou o toiro.
No capítulo das jaquetas de ramagens, estiveram em praça os Grupos de Forcados Amadores de Montemor e Évora.
Pelos Amadores de Montemor abriram praça António Pena Monteiro e Francisco Godinho que tentaram pegar de cernelha o primeiro da ordem. Tarefa complicada dadas as evidentes complicações do toiro. Depois de algumas tentativas de entrada Francisco Godinho saiu lesionado e foi dobrado por Francisco Borges. Consumaram de seguida com eficácia. Nota para a segunda entrada em que o cabo da formação montemorense esteve em muito bom plano. Francisco Borges consumou ao segundo intento a pega ao terceiro da ordem, depois de não suportar os violentos derrotes na primeira tentativa. Fechou a atuação dos Amadores de Montemor José Maria Cortes que consumou uma boa pega ao primeiro intento.
Pelos Amadores de Évora abriu praça João Cristóvão que realizou um pegão ao segundo intento, aguentando todos os derrotes e mais alguns para ficar na cara do toiro. António Prazeres consumou uma boa pega ao quarto da ordem, com o toiro a fugir ao grupo. Fechou a corrida Ricardo Sousa que consumou uma grande pega também à primeira tentativa, aguentando viagem longa na cara do toiro.
No final foram premiados os “triunfadores” da corrida. Como melhor cavaleiro foi premiado António Ribeiro Telles filho que atuará no concurso de ganadarias 2024 em Évora. Como melhor grupo em praça foi premiado o Grupo de Forcados Amadores de Évora.
O espetáculo foi dirigido por Maria Florindo, assessorada pelo médico-veterinário Dr. Carlos Santana.