Tarde de emoções em Beja

  • Cavaleiros: Luís Rouxinol, Tito Semedo, João Moura Caetano, Andrés Romero, Miguel Moura e João Salgueiro da Costa
  • Forcados: Grupo de Forcados Amadores de Beja
  • Toiros: Sesmarias Velhas do Guadiana

 

Realizou-se mais uma tradicional corrida de toiros da Ovibeja, este ano sob clima de festa e de comemoração.

Apesar da praça ter sido regada antes da corrida, o calor que se fazia sentir fez com que durante a primeira parte se notasse algum pó nas bancadas, situação que melhorou após o intervalo, devido a nova rega.

As bancadas preenchiam cerca de metade da lotação do tauródromo José Varela Crujo, apesar do cartel apelativo e para todos os gostos e com o grupo da terra a garantir as seis pegas em solitário, não chegou para uma adesão maior. Concurso de ganadarias em Estremoz no mesmo dia e quatro dias de feira podem explicar parte das razões.

 

Foi há 15 anos, mais propriamente no dia 1 de Maio que, Manuel Almodôvar, decidiu reativar o Grupo de Forcados Amadores de Beja e devolver à capital do Baixo Alentejo a representação na arte tão portuguesa de pegar toiros.

Sendo os homens das pegas os grandes protagonistas do dia, com antigos e atuais fardados, é precisamente por esse capitulo que vamos começar.

Decidiu dar o exemplo o cabo, Miguel Sampaio, recaiu sobre si próprio a responsabilidade de abrir a tarde, após grave lesão, foi nos 15 anos do seu grupo que resolveu voltar a pegar um toiro. Na primeira tentativa, após um cite vistoso e que gerou um autentico silêncio na praça, permitiu o toiro sair solto e não alegrou a sua investida, metendo este um piton no forcado, desfeiteando-o no momento da reunião. Na segunda tentativa emendou e fez tudo bem feito, realizando uma boa pega com o grupo a ajudar com prontidão.

Para o segundo da tarde, o cabo refundador, Manuel Almodôvar, esteve correto na cara do toiro realizando uma boa pega ao primeiro intento com o grupo a ajudar com eficácia.

A fechar a primeira parte, Ricardo Castilho, só à terceira tentativa conseguiu concretizar uma rija pega, com muita vontade, frente a um toiro que pedia contas. O grupo não foi lesto nas duas primeiras tentativas, melhorando significativamente na derradeira tentativa.

A abrir a segunda parte da corrida, o momento da tarde, Mauro Lança foi o escolhido para pegar o toiro, num grupo totalmente composto por forcados retirados. O forcado mostrou muita serenidade no cite, mandando na investida, para reunir na perfeição e fazer uma viagem dura, aguentando vários derrotes do seu oponente, com uma enorme ajuda de todo o grupo. O Sr. Diretor de corrida convidou os oito elementos a dar volta à praça, com esta totalmente de pé a retribuir com aplausos.

O quinto da tarde foi pegado por Olavo Baião à segunda tentativa. Na primeira tentativa o forcado sai da cara após uma investida dura do toiro, na segunda tentativa conseguiu concretizar depois de aguentar um forte primeiro derrote. Bem o grupo a ajudar.

A fechar a festa do Grupo de Beja, uma despedida, Tiago Graça, forcado que se destacou nas ajudas, quis, no ativo, realizar a sua ultima pega. O toiro que tinha pela frente dava indicações que poderia não ter uma tarefa fácil. O forcado esteve perfeito na cara do toiro, com o grupo a ajudar com eficácia e prontidão. Outra grande pega.

 

Nas cortesias foi realizado um minuto de Silêncio em memória de António Jorge Covas Lima e de Francisco Mendes.

Luís Rouxinol, o mais antigo de alternativa abriu a tarde, andou regular, bem na brega, não conseguiu melhor do que um vistoso par de bandarilhas, terminando com um palmito.

Tito Semedo em ano de comemoração dos 30 anos de alternativa, iniciou os compridos com uma sorte gaiola de bom nível. Depois permitiu um forte toque na montada o que não ajudou em termos de confiança a um cavaleiro que esteve três anos sem tourear. Cumpriu nos curtos sem conseguir ter a tarde que desejaria, terminou com um violino em terrenos de compromisso.

João Moura Caetano foi o cavaleiro que se seguiu, bem nos compridos, foi nos curtos que rompeu para uma boa atuação que entusiasmou o conclave. Ferros bem preparados, sortes pronunciadas ao piton contrario de bom nível e excelente no seu remate. Saiu sob forte petição de mais um ferro, com o publico a reconhecer a prestação do ginete. Foi um dos triunfadores da tarde.

Após o intervalo, onde se prestou uma emotiva homenagem a António Jorge Covas Lima, aficionado da terra, com a presença das suas filhas na arena, o rejoneador espanhol, Andrés Romero, presenteou as bancadas com a melhor atuação da tarde, a mais aplaudida foi sem qualquer dúvida. Desde o início mostrou ao que vinha, cheio de ganas de triunfo, levantou as bancadas em vários momentos da lide. Bem na cravagem da ordem, esteve em plano de destaque na brega e no remate das sortes. Saiu sob forte ovação do publico.

Seguiu-se o benjamim da casa Moura, lide exigente perante um toiro que não transmitia tanto como os seus irmãos de camada. Miguel Moura conseguiu alguns bons momentos de brega e pouco mais. Valeu pelo esforço.

Encerrou o festejo João Salgueiro da Costa, perante o toiro mais difícil e reservado da tarde. Procurou sempre terrenos de “tabuas” com o cavaleiro a ter que se esforçar para emprestar a maior dignidade possível à sua lide. Esteve correto e voluntarioso.

 

Os toiros que vieram da Herdade das Sesmarias Velhas do Guadiana, saíram com uma apresentação irrepreensível. Reservado com crença em tábuas o quinto e de pior nota o sexto da tarde, os restantes saíram bem, com transmissão, alegria e nobreza. Bom curro.

 

Dirigiu a corrida Ovibeja com acerto o Sr. Domingos Geremias, assessorado pela Dra. Ana Gomes.

 

 

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