Sobre o tema tauromaquia dizia: “o Partido Socialista deve ter uma postura tolerante e aberta em relação aos comportamentos de todos, mesmo os que têm dificuldade em compreender”.
Pedro Adão e Silva, sociólogo, coordenador do programa das comemorações do meio século da Revolução e comentador político, foi a escolha de António Costa para a pasta da Cultura.
Quem é Pedro Adão e Silva?
É hoje um rosto e uma voz conhecida dos portugueses sobretudo pelo comentário político na televisão, rádio e imprensa. Mas não só: assumido adepto do Benfica, estende também o comentário ao campo desportivo. Foi, aliás, candidato a vice-presidente do clube da Luz pela lista de João Noronha Lopes nas últimas eleições do Benfica, ganhas por Luís Filipe Vieira.
Adão e Silva é licenciado em sociologia e doutorado em ciências sociais e políticas pelo Instituto Universitário Europeu, em Florença, com uma tese sobre europeização das políticas sociais. É professor auxiliar do departamento de ciência política e políticas públicas do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e diretor do Doutoramento em Políticas Públicas – uma das suas áreas de investigação, a par das políticas sociais. Militante socialista desde os 18 anos (mas entretanto desfiliado), assumiu uma participação política mais ativa durante a liderança de Eduardo Ferro Rodrigues, integrando o Secretariado, o órgão executivo de cúpula do partido, entre 2002 e 2004. Saiu com Ferro e não voltou à vida partidária. Em 2009 colaborou na moção que José Sócrates levou ao congresso do PS.
Para lá da faceta mais pública, ligada à análise política e social, há um lado B – Pedro Adão e Silva é surfista. “É uma parte essencial da minha vida e daquilo que sou”, dizia ao DN há poucas semanas. Começou na década de 80, “primeiro a fazer carreirinhas com pranchas de esferovite, depois no skimming, a seguir com o muribugui (como era conhecido o bodyboard). E assim chegou ao surf, sobre o qual já escreveu um livro, prefaciado pelo poeta e sacerdote, agora cardeal, José Tolentino Mendonça.
Sobre a Tauromaquia Pedro Adão e Silva considerava que a ministra da Cultura, cometeu “um erro e uma imprudência” ao condenar a tauromaquia por uma questão “civilizacional”. “Estamos a brincar com as palavras com alguma superficialidade”, condenou. “Se é uma questão civilizacional, passamos a ter uma questão de uma natureza diferente”.
Passa a tratar-se de uma questão que não pode ter variações consoante muda o ministro, nem combatida com recurso à fiscalidade, defende. “Tudo isto é absurdo”.
Para o agora Ministro da Cultura foi criado o “contexto propício para uma demonstração de autonomia” que pode motivar a divisões no seio do Partido Socialista e, consequentemente, tornou-se “um problema para o Governo”.
As diferentes opiniões que têm vindo a público são um “sinal de tensão” e não “um sinal positivo, de pluralidade”, nota Pedro Adão e Silva. Haverá “consequências políticas”.
Além disso, por tradição, “o Partido Socialista deve ter uma postura tolerante e aberta em relação aos comportamentos de todos, mesmo os que tem dificuldade em compreender”.
Pelo contrário, com as declarações de Graça Fonseca, as “pessoas sentiram-se violentadas na sua identidade”.
Estes são os restantes nomes escolhidos por Costa para governar Portugal nos próximos 5 anos. Neste Executivo, Costa consegue a paridade de género ao ter 9 ministras e 9 ministros (incluindo o primeiro-ministro).
Eis a lista dos 17 ministros:
- Ministra da Presidência: Mariana Vieira da Silva (continua)
- Ministro dos Negócios Estrangeiros: João Gomes Cravinho (transita da Defesa)
- Ministra da Defesa Nacional: Helena Carreira (estreia, diretora do Instituto da Defesa Nacional)
- Ministro da Administração Interna: José Luís Carneiro (estreia, secretário-geral-adjunto do PS e deputado do PS)
- Ministra da Justiça: Catarina Sarmento e Castro (atual secretária de Estado de Recursos Humanos e Antigos Combatentes)
- Ministro das Finanças: Fernando Medina (estreia, ex-presidente da Câmara de Lisboa)
Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares: Ana Catarina Mendes (estreia, líder parlamentar do PS) - Ministro da Economia e do Mar: António Costa e Silva (estreia, conselheiro do Governo para o PRR e presidente da comissão de acompanhamento do PRR)
- Ministro da Cultura: Pedro Adão e Silva (estreia, comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril)
- Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior: Elvira Fortunato (estreia, professora catedrática, cientista e investigadora premiada)
- Ministro da Educação: João Costa (atual secretário de Estado da Educação)
- Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: Ana Mendes Godinho (continua)
- Ministra da Saúde: Marta Temido (continua)
- Ministro do Ambiente e Ação Climática: Duarte Cordeiro (atual secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares)
- Ministro das Infraestruturas e Habitação: Pedro Nuno Santos (continua)
- Ministra da Coesão Territorial: Ana Abrunhosa (continua)
- Ministra da Agricultura e da Alimentação: Maria do Céu Antunes (continua)
Estes são os novos 17 ministros de António Costa, os quais agora têm de escolher 38 secretários de Estado. À escolha direta do primeiro-ministro ficam os seus dois secretários de Estado: o da Digitalização e Modernização Administrativa (que junta duas pastas que estavam no extinto Ministério da Modernização do Estado e no antigo Ministério da Economia e da Transição Digital) e o dos Assuntos Europeus, o qual deixa de estar sob a alçada do Ministério dos Negócios Estrangeiros.