Pensarão os leitores que, com este título, escreverei um artigo alusivo à tradicional Feira da Golegã que anualmente se celebra pelo S. Martinho, mas não é o caso.
Na verdade, este texto teve para ter como titulo: “Um texto sem título”! Um contrassenso que passo a explicar. Foi publicado na Tauronews um belo artigo intitulado “Meu querido mês de Agosto” da autoria do Vasco Pinto que retratava o frenesim festivo com manifestações culturais diversas, nomeadamente taurinas espalhadas por diversas localidades do território Nacional. Coube-me escrever um artigo no mês de Setembro e pensei que deveria escrever sobre uma Festa bem menos mediática, que decorre anualmente na Golegã no referido mês.
Acontece que o mês de Setembro do presente ano foi trágico, com as colhidas fatais de dois Forcados, Pedro Primo e Fernando Quintella. Nessa medida achei que abordar temas festivos não seria o mais adequado face à consternação generalizada da afición, sentimento obviamente também por mim partilhado.
O cenário enlutado exigia recato, a ausência de título num artigo referente a uma Festa seria portanto simbólica.
Razões pessoais e profissionais levaram a data de publicação do meu artigo fosse adiada, acabando por se arrastar até ao final de Outubro.
Não obstante parece-me que o tema “Olé Golegã” se mantém actual, pese embora a Capital do Cavalo se esteja já a engalanar para o São Martinho, a Festa “Olé Golegã” foi um sucesso e irá ter continuidade, pelo que a sua divulgação se mantenha com igual pertinência.
“Olé Golegã” é muito mais que um mero nome de uma Festa, é uma associação criada em 2012 composta por 17 pessoas, jovens aficionados com orgulho na cultura e tradição da sua terra, que procuram exaltar viver e partilhar.
“Vivência com essência” é o seu lema, que tão bem se dignifica com a organização de uma Festa de dimensão assinalável, com uma dinâmica própria e bem distinta das demais celebrações da Golegã.
Esta Festa é um verdadeiro manancial de etnografia, reunindo as tradições populares do concelho, folclore, musica, gastronomia e claro que não poderiam faltar toiros, cavalos, campinos, forcados e toureiros.
Foi esta cultura enraizada, que faz parte da essência deste grupo de Goleganenses que levou à sua exteriorização, surgindo assim naturalmente, como que por geração espontânea. A primeira Festa “Ole Golegã” realizou-se em 2011, com um sucesso irrefutável que os encorajou a tentar crescer evoluir de forma mais organizada e formal, contando com um cada vez maior número de colaboradores e apoiantes.
Desde a Bênção do gado, seguida de um cortejo de cavaleiros amadores e campinos conduzindo com perícia os jogos de cabrestos, passando pelas entradas de toiros, as provas tradicionais de campinos, largadas de toiros nas ruas, concertos que integram uma Festa plena de animação e atrativos.
Salienta-se ainda o contributo que as diversas tertúlias dão a este certame. Organizadas em espaços diferentes, cada uma com uma identidade própria, criam um espirito de grupo, partilha e coesão, apimentada por uma saudável e divertida rivalidade com as restantes.
É realmente um deleite assistir a este evento tão genuíno, impulsionado por um amadorismo brioso, que o tem engrandecido de ano para ano.
É um prazer nele participar, sentir a forma como vibram com uma cultura que está na sua génese e principalmente a forma calorosa e amiga com que me acolhem e integram, permitindo-me sentir a verdadeira “Vivência com Essência” Goleganense.
A todos o meu Olé, “Olé Golegã”!