Realizou-se esta tarde na Praça de Toiros de Alcochete um festival taurino de beneficência a favor dos Bombeiros Voluntários de Alcochete para aquisição de um veículo ligeiro de combate aos incêndios. O espetáculo cujo cartel criava bastante expetativa nos aficionados que marcaram presença em Alcochete resultou bastante interessante e deixou certamente satisfeitos os aficionados que compuseram cerca de dois terços fortes da lotação do tauródromo.
Para o sucesso do espetáculo em muito contribuíram os bons exemplares da Ganadaria Silva Herculano que saíram à arena alcochetana. O primeiro foi nobre e voluntarioso, cumprindo de boa forma para a função. O segundo da ordem teve como virtude a nobreza, pecando por alguma distração. Fraquejou e foi prejudicado por algum excesso de capotazos. O que encerrou a primeira parte do festejo acabou também por cumprir. O que abriu a segunda parte do festival foi de excelente nota. Perseguiu bem a montada, em tom de bravo. Bom toiro! Diz o ditado que “no hay quinto malo” e o lidado por António Prates foi realmente bravo de verdade. Perseguiu o cavalo durante toda a lide, humilhando. O seu criador foi premiado com a volta à arena. O que fechou praça meteu bem a cara no capote de Duarte Alegrete. No decorrer da lide, viu a sua faculdade física prejudicada por um forte toque na montada, acabando por não revelar as suas reais intenções. Na generalidade, bom curro, com apresentação irrepreensível!
No que às lides equestres diz respeito, Gilberto Filipe foi o encarregue de abrir praça. Recebeu de boa forma o oponente, cravando dois bons ferros compridos. Em curtos esteve em bom plano, andou ligado ao oponente, entendendo-o da melhor forma. Terminou a função com a cravagem de dois ferros de excelente efeito, dando distância ao toiro, abordando-o de praça a praça. Boa lide do cavaleiro.
Filipe Gonçalves deixou com correção a ferragem comprida e partiu para uma série de ferros curtos de bom efeito com batida ao pitón contrário intercalados com algumas passagens em falso. Lide de altos e baixos do cavaleiro algarvio, terminada com um ferro em sorte de violino e um de palmo.
A atuação de Manuel Telles Bastos passou por várias fases de altos e baixos. Iniciou a função de forma bastante correta na ferragem comprida. No princípio da fase de curtos, passou algumas vezes em falso e a atuação parecia teimar em não romper. Voltou a trocar de montada e foi nesta fase que se viram os melhores momentos da sua passagem por Alcochete. Deixou dois bons ferros, o primeiro dos quais de belíssimo efeito, numa reunião ao estribo que foi bastante do agrado dos aficionados.
Transposto o equador do festejo, entrou em praça Miguel Moura que se perfilou para uma sorte de gaiola, que acabou por não concretizar por o toiro não ter saído da forma mais desejada. Cravou dois bons compridos. Em curtos fez tudo bem feito. Esteve bem a bregar, levando o toiro embebido na garupa do cavalo, bregando a duas pistas, marca da casa Moura. Cravou a ferragem curta com correção. Trocou de montada e a sua atuação ainda subiu mais de tom. Os ladeios foram empolgantes e a cravagem chegou com força ao público. Terminou a lide com dois excelentes ferros de palmo. Grande lide de Miguel Moura!
António Prates entrou em praça decidido a competir após o forte triunfo alcançado por Miguel Moura. Depois de receber de boa forma o oponente, foi buscar o Formigo e realizou uma prestação de excelente nota. Bons ferros com batida ao pitón contrário e ladeios empolgantes foram a chave do sucesso diante de um toiro que foi grande colaborador do triunfo do cavaleiro. Trocou de montada e apostou em abordagens de praça a praça, que resultaram emocionantes. O público esteve com o toureiro e aplaudiu com força a sua atuação triunfal.
Fechou a parte equestre do festejo o cavaleiro praticante Tristão Telles Queiroz. O percurso de um toureiro é feito de altos e baixos e as tardes menos boas servem para que o cavaleiro possa evoluir e seguir em frente. Hoje não foi certamente a tarde do Tristão, mas para a próxima será. Esteve bem na ferragem comprida. Na ferragem curta, consentiu fortes toques na montada e a atuação acabou por não resultar.
A tarde foi também triunfal para os forcados. Alcochete e Aposento da Moita realizaram seis grandes pegas e elevaram bem alto o valor dos que vestem as jaquetas de ramagens. Excelente atuação de ambos os grupos!
Por Alcochete pegaram João Dinis, João Pedro e Daniel Ferraz, todos eles a consumarem com bastante mérito à primeira tentativa.
Pelo Aposento da Moita pegaram João Freitas, numa boa consumação à primeira tentativa com o grupo a ajudar coeso. Rafael Silva não esteve bem a receber no intento inicial mas acabou por consumar com mérito à segunda tentativa. Fechou praça José Maria Duque que consumou ao primeiro intento.
Nota de destaque para os brindes de grande parte dos intervenientes aos Bombeiros Voluntários de Alcochete, para quem reverteram os lucros deste festival.
Destaque também para a presença de Gonçalo Guedes, jogador do Sport Lisboa e Benfica, a quem foi brindada uma pega dos Forcados Amadores de Alcochete e a lide do cavaleiro António Prates.
O espetáculo foi dirigido pelo delegado técnico Fábio Costa, assessorado pelo médico-veterinário Dr. José Luís Cruz.