A Praça de Toiros José Elias Martins abriu ontem as suas portas para aquela que se anunciava como a “Corrida do Ano”. Um cartel de figuras, dois grupos de forcados com créditos firmados e duas das mais importantes ganadarias do panorama taurino português foram o aliciante para que três quartos da lotação da praça fossem preenchidos e para que se vivesse um enorme ambiente na praça.
Artisticamente a corrida resultou, havendo verdadeira competição entre os intervenientes, o que tantas vezes faz falta. De louvar a empresa Toiros com Arte que juntou em Portalegre um cartel competitivo e bastante atrativo.
Lidaram-se toiros das Ganadarias Murteira Grave e Dr. António Silva. Da Herdade da Galeana, com o ferro Murteira Grave, vieram quatro toiros bem-apresentados. Quanto ao comportamento melhor o primeiro, com mobilidade, transmitiu e colocou bem a cara. Bom toiro! O segundo (sexto da ordem) foi encastado e cumpriu com a função, pecando por ser distraído. Complicado o terceiro e reservado o quarto, embora com alguns bons pormenores.
Os toiros pertencentes à Ganadaria Dr. António Silva estavam também apresentados e quanto ao comportamento destaque positivo para o terceiro (quarto da ordem). Foi pronto, arrancava quando citado e transmitiu emoção à bancada. A ganadera deu volta ao ruedo. O primeiro foi o mais complicado, adiantando-se à montada do cavaleiro, dificultando a função. Denotou alguns problemas de locomoção. O segundo cumpriu bem, pecando por ser algo tardo no momento da reunião. O quarto foi outro bom toiro, perseguiu com alegria o cavalo e transmitiu.
No final, o troféu em disputa para a melhor ganadaria em praça foi entregue com justiça à Ganadaria Dr. António Silva.
No que diz respeito à parte equestre, abriu praça João Moura Jr. O cavaleiro de Monforte foi autor de duas grandes lides. No seu primeiro toiro, um bom Murteira Grave, recebeu com dois corretos compridos. Na ferragem curta, deixou uma série de ferros de elevadíssima nota, com destaque superior para a brega de preparação e para os remates das sortes. Rematou a função com um muito bom ferro de palmo. No segundo do seu lote voltou novamente com vontade de triunfo. Recebeu com dois bons compridos, com destaque para o segundo a dar vantagens ao toiro. Nos curtos esteve em plano superior. Bons ferros, destacando-se o quarto com o toiro fechado em tábuas, pisando terrenos de muito compromisso. Destaque para os bonitos ladeios, com remates por dentro, que chegaram com muita força ao público.
Marcos Bastinhas lidou em primeiro lugar um Silva que não lhe facilitou a função. Recebeu à porta gaiola, deixando dois compridos, o segundo em sorte aliviada. Nos curtos, tentou apostar em abordagens ao pitón contrário, destacando-se o primeiro ferro. O toiro adiantava-se à montada e consentiu toques na montada nos segundo e terceiro. Terminou a função com dois ferros de palmo, destacando-se o primeiro em sorte de violino. No final não foi autorizada volta. No seu segundo toiro, esteve bem a recebê-lo, dobrando-se bem com o toiro. Cravou dois bons ferros compridos. Em curtos, deixou dois bons ferros, pecando por algum excesso velocidade e consentindo alguns toques nas montadas. Terminou a função com um ferro de palmo e um bom par de bandarilhas.
João Ribeiro Telles teve em Portalegre uma tarde pautada pela regularidade. No seu primeiro, destaque para a forma como recebeu o toiro à porta gaiola, deixando depois dois bons compridos. Na ferragem curta, esteve correto, destacando-se a boa brega de preparação das sortes. Nota de destaque para o bom último ferro curto, magnificamente bem rematado. No segundo do seu lote esteve em bom plano. Depois de deixados os compridos com correção, partiu para uma série de curtos de boa nota, destacando-se o segundo com o toiro a meter a cara por alto. Trocou de montada e deixou dois ferros com o Ilusionista que chegaram com força ao público.
Francisco Palha teve hoje uma tarde bastante positiva em Portalegre. Veio com ganas de triunfo e prova disso foi a magnifica sorte de gaiola com que recebeu o Silva que lidou em primeiro lugar. De praça a praça, deu vantagens ao toiro e cravou um extraordinário segundo comprido que deveria ter sido merecedor de música. Com a mesma montada deixou um bom primeiro curto e um segundo de muitos quilates, com a música a tocar então de forma tardia. E se o terceiro curto tem ficado? Sorte magnificamente desenhada, dando vantagens ao toiro, mas infelizmente o ferro não ficou. Terminou a função deixando mais um bom ferro. Lide de triunfo de Francisco Palha, com momentos verdadeiramente geniais. No último da corrida, e novamente utilizando apenas uma montada, esteve novamente em bom plano. Deixou dois bons ferros compridos, destacando-se o excelente segundo. Em curtos, deixou uma boa série de ferros, destacando-se positivamente o segundo e o quarto.
No capítulo das pegas, estiveram em praça dois grupos de forcados alentejanos de créditos firmados.
Pelos Amadores de Montemor abriu praça Bernardo Dentinho que na primeira tentativa não consentiu ficar. Na segunda o toiro tirou a cara no momento da reunião. Consumou à terceira. António Pena Monteiro e Francisco Godinho tentaram a pega de cernelha consumando à segunda entrada. Pena que o toiro não tenha encabrestado para que a sorte resultasse com mais brilho. Francisco Borges concretizou aquela que foi talvez a pega da tarde ao primeiro intento. Vasco Carolino concretizou também uma grande pega ao primeiro intento. Destaque para o cabo António Pena Monteiro com excelentes intervenções em todas as pegas do grupo.
Pelos Amadores de Portalegre Gonçalo Costa não conseguiu suportar os fortes derrotes na primeira tentativa. Consumou à segunda com mérito, aguentando a viagem por baixo. João Fragoso concretizou também à segunda. André Grilo concretizou uma boa pega à primeira tentativa. Ricardo Almeida concretizou uma grande pega ao primeiro intento ao último toiro da corrida. Tarde bastante positiva do grupo de Portalegre, numa corrida exigente.
O espetáculo foi dirigido por Marco Gomes assessorado pelo médico-veterinário Dr. José Guerra.
Fotos destaque: Miguel Calçada