Miguel Moura, nome maior da tarde Coruchense!

Ser toureiro é ter a capacidade de procurar um triunfo seja qual for o contexto. É ser dono de uma capacidade de superação que permite, mesmo no mais difícil dos momentos, levantar a cabeça e seguir em frente, procurando a obra perfeita dessa perfeição que se diz inatingível. Ser toureiro é superar a dor e atingir a glória!
Ontem em Coruche Miguel Moura foi toureiro dos pés à cabeça. Viveu certamente um dos dias mais difíceis da sua vida e conseguiu dar a volta por cima, como os grandes, e saiu com glória e um triunfo arrebatador.

Miguel Moura entrou em praça para lidar o terceiro da ordem montado no Xarope. O Xarope sempre que entra em praça transmite a calma e uma inexplicável sensação de que tudo sairá bem. Perfilou-se em frente à porta dos curros, aguentou a forte investida do toiro e cravou um extraordinário ferro em sorte gaiola, rematado de forma espetacular, aguentando a investida do toiro. Cravou mais um excelente ferro comprido e, antes de entrar no pátio de quadrilhas, o Xarope caiu imóvel junto à porta. Depois de tantos toiros recebidos, tantos triunfos, alcançou a glória dos eternos! Ficam na memória as extraordinárias sortes de gaiola e a forma segura e determinada como parou inúmeros toiros sempre com a mesma determinação e como Grande Toureiro que é!
Visivelmente emocionado e já com o toiro novamente em praça, Miguel Moura entrou em praça e fez aquilo que melhor sabe… Triunfou! Cravou uma série de ferros curtos extraordinários, rematando os mesmos de forma extraordinária levando o toiro junto à barriga do cavalo. O remate dos quarto e quinto ferros é de sonho! Terminou a função com um ferro de palmo de belíssimo efeito.
E se no terceiro triunfou, que dizer da lide do sexto, o melhor dos seis toiros de São Torcato? Foi o alcançar da glória com uma lide que está apenas ao alcance dos predestinados. Cravou dois bons ferros compridos e partiu para uma atuação em curtos de nota artística elevadíssima. Deixou em primeiro lugar três ferros curtos com batida ao pitón contrário, templando no momento da reunião. Trocou de montada e aí a praça “foi abaixo”. Ladeios templadíssimos numa brega marca da casa Moura. Deixou um curto e dois palmos que meteram de pé os aficionados presentes nas bancadas da Monumental do Sorraia. Triunfo memorável de Miguel Moura!

Luís Rouxinol abriu a tarde com uma lide que pautou pela regularidade. Deixou um bom segundo ferro comprido e uma série de ferros curtos corretos, rematando a atuação com um bom ferro de palmo, com o toiro a meter a cara por alto. No quarto da ordem, teve a capacidade de dar a volta a um toiro complicado. Entendeu-o e levou a efeito uma atuação de bom nível, destacando-se na ferragem curta, toda ela bem executada. Rematou a função com um muito bom par de bandarilhas, muito aplaudido pelo público.

Manuel Telles Bastos esteve em bom plano na lide do seu primeiro. Cravou um muito bom segundo ferro comprido. Nos curtos, foi fiel ao seu conceito clássico e realizou uma boa lide, destacando-se segundo e terceiro ferros. No quinto, um toiro com mais opções de luzimento, Manuel Telles Bastos esteve bem com ele. Esteve muito bem em curtos, numa atuação que foi a mais, terminando com dois ferros curtos extraordinários. Esteve em bom plano também na brega de preparação das sortes.

O Grupo de Forcados Amadores de Coruche teve ontem a primeira das três encerronas “em casa” nesta temporada a que se propõe. Abriu praça Afonso Freitas que consumou com mérito ao primeiro intento. Martim Tomás viu a sua tarefa complicada por o toiro meter a cara alta, consumando à terceira tentativa. Tiago Gonçalves concretizou uma boa pega à primeira tentativa. Também à primeira consumou António Tomás. David Canejo enfrentou um toiro complicado e que esperava que lhe pisassem os terrenos para sair e fazer mal. Concretizou à terceira, bem ajudado pelo grupo. Fechou a atuação dos Amadores de Coruche João Formigo que concretizou uma grande pega ao primeiro intento.

Os toiros da Ganadaria São Torcato estavam corretos de apresentação. Quanto ao comportamento destaque para o bom último da ordem, bravo, transmitiu e perseguiu a montada do cavaleiro indo a mais. No final o ganadero foi premiado com volta à arena. O primeiro da ordem escasseou de forçar e acabou por não romper. O segundo serviu, não complicando a função do cavaleiro. O terceiro demonstrou boas intenções, embora o facto de ter sido recolhido a meio da função tenha possivelmente motivado alguma tendência do toiro para a crença natural. O quarto foi complicado, não foi de investidas claras e pedia que se lhe fizessem as coisas bem feitas. O quinto colaborou durante toda a lide, perseguindo bem a montada. Veio a menos e complicou-se na pega.

O espetáculo contou com lotação a rondar a meia casa fraca. Foi guardado um minuto de silêncio em memória de Fernando Felismino, antigo forcado do GFA Coruche.

Dirigiu o espetáculo Tiago Tavares, assessorado pelo médico-veterinário Dr. José Luís Cruz.

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