Herdeiros de tanta glória, Forcados do Aposento do Barrete Verde de Alcochete

Abraçado pelo Tejo, Alcochete através dos tempos têm conseguiu preservar as suas origens e tradições, encantos e emoções, com cheiro a Tejo, a sal, a toiro, a fado, é terra de salineiros, de pescadores e forcados, e de Reis.  Alcochete é uma das terras mais aficionadas de Portugal e o grupo do Barrete Verde é um símbolo disso.

No sábado passado dia 17 do mês de São João, foi realizada a primeira corrida em beneficência do Aposento do Barrete Verde, que contou com cerca de meia casa preenchida de público. Corrida com vários motivos de interesse, a arena encheu-se de espírito de forcado desde as cortesias até ao final do espectáculo, antigos e actuais honraram e de que maneira jaqueta, calção cinta e barrete.

Dos campos da Pina viajaram até à Vila Ribeirinha seis toiros com a divisa azul e encarnada de Passanha. Corrida bem apresentada, altiva, composta de caras dentro do que concerne o encaste Murube. Quanto ao comportamento foi um lote de toiros com vários matizes de interesse para o aficionado, tendo as complicações inerentes à idade. Destaque para a nobreza do primeiro, toiro este que tinha algumas deficiências de visão, a mobilidade do quinto e a qualidade do sexto. Sendo o segundo o mais complicado dos seis.

Pegava em solitário o Barrete Verde de Alcochete, antigos e actuais e quando todos entraram em praça reviveu-se tempos antigos, com certeza houve lembranças dos que já partiram e também de todo o percurso do grupo até aos dias de hoje. Houve saudades, mas também alegria por tudo o que já foi vivido com aquelas jaquetas.Nas bancadas houve vibração do princípio ao fim, não só pelas pegas em si (todas elas feitas com valentia, coragem e amizade) mas também houve aquele misto de actuais e retirados, unidos pelo mesmo ideal, gerações de pais e filhos, empenhados em honrar a jaqueta do grupo que tanto prezam, fazendo da sua actuação uma homenagem a todos que por ali já passaram ao longo dos anos e ao forcado amador.

Cinco pegas à primeira tentativa e uma à quarta a última, com o grupo a ajudar de maneira coesa e eficaz. Foram caras nesta noite que marcará a história do grupo, João Armando, Daniel Santiago, Marcelo Loia, Rui Gomes, Henrique Boieiro e João Salvação.

Abriu praça o Bicampeão do Mundo de equitação e trabalho, mas como diz o Gilberto é vestido de toureiro e a enfrentar os toiros que se sente “realizado” e que desfruta dessa vida por que se apaixonou ainda em criança. Na sua terra e diante das suas gentes teve duas atuações de boa nota. Cravou bem os compridos, nos curtos houve variedade e bons momentos, lidando a preceito. Bons ferros curtos, destaque para terceiro e quarto na lide do primeiro da noite. No seu segundo de nota foi o terceiro um dos ferros da noite e bonitos foram o violino e palmo com que rematou a sua actuação em terras do Verde Barrete.

Marcos Bastinhas é um cavaleiro de raça, garra, de o risco e emoção isso novamente ficou bem patente na arena de Alcochete. Diante do seu primeiro toiro complicado que se adiantava no momento do ferro, o de Elvas teve uma lide laboriosa para lhe dar a volta, cravou com correção a ferragem da ordem destaque para o segundo comprido e primeiro curto. No quinto da noite, possivelmente o melhor dos seis de Passanha, Bastinhas, lidou e bregou bem, cravou com solvência ferros marca da casa, rematou as sortes com piruetas na cara do toiro, chegando com força às bancadas. Rematou a lide com um palmito e um bom par de bandarilhas. O público entusiasmado pelo visto dedicou-he fortes ovações.

António Prates, fez duas lides compactas, profundas, emocionais, templadas, ligadas e triunfou! Têm ambição, transmite emoção com o seu toureio, um conhecimento e conceito claro e pessoal da arte de tourear e, sobretudo, o destemor resoluto de quem sabe o que fazer quando é o momento certo e decisivo. Bem nos compridos lidou e bregou, limou defeitos e destacou as virtudes dos toiros que teve por diante. Nos curtos foram vividos com entusiasmo por parte do público os melhores momentos da noite principalmente no que fechou praça. De grande nota foram os ladeios a duas pistas, as preparações das sortes, cravando grandes ferros com destaque maior para o quarto, porventura o melhor da noite e quinto, entrando em terrenos de compromisso, cravando de alto a baixo.

A corrida foi dirigida por Lara Oliveira, sendo o médico veterinário José Luís Cruz

Artigos Similares

Destaques