Forcados em Festa, Pamplona seguro e um Palha vistoso

Feira de São João 2018. Corrida à Portuguesa. Domingo, 24 de Junho.

A praça de toiros da ilha Terceira engalanou-se em dia de São João, abriu portas para uma corrida à portuguesa, comemorativa do 45º aniversário do grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense.

As emoções da tarde começaram ainda no exterior da praça, com a inauguração do monumento ao Forcado. Uma obra de arte que faz rejubilar qualquer aficionado que se acerque daquele espaço, a juntar àqueles pomposos três toiros que emergem na vizinha rotunda e que têm nova vida após os recentes arranjos. Vale a pena passar por lá, parar, e apreciar.

Centrando atenções ao que se passou na arena, toiros de Ascensão Vaz e João Gaspar foram lidados pelos cavaleiros de alternativa Tiago Pamplona, João Moura Jr. e Francisco Palha. Em dia de festa, pegaram em solitário os forcados da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, numa tarde em que o sol apareceu envergonhado.

Após cortesias, em que estiveram na arena um misto de gerações de forcados, muitos deles já acompanhados por filhos e netos, tocado o cornetim à ordem do director de corrida Rogério Silva, abriu praça a figura da “casa”, Tiago Pamplona lidou de forma sóbria o hastado n.º 112 da ganadaria de Ascensão Vaz. Certeiro na cravagem dos curtos, colocou o oponente nos terrenos mais apropriados, e realizou uma lide regular, com destaque para o 3º e 4º ferro curto, frente a um toiro nobre que foi de menos a mais. Adalberto Belerique brindou à família e ao restante grupo de forcados, pegou à primeira tentativa, e passou o testemunho ao novo cabo João Pedro Ávila. Emotiva volta à praça, deixando assim o cargo do grupo, que capitaneou desde o ano 2001.

Dos curros saiu o “Zapato I”, o número 103 com ferro de Ascensão Vaz. João Moura Jr. rubricou uma lide com pouca história ao segundo da tarde. Toiro de pelagem bonita, um flavo que transmitia pouco e o menos pesado da corrida. Moura Jr. foi mais eficaz do que exuberante, não comprometendo, realizando bregas cingidas e colocando bem a ferragem curta. O experiente João Pedro Ávila foi cara, primeira pega como cabo do grupo, e consumada ao primeiro intento e à córnea.

Francisco Palha fechou a primeira parte da corrida, e deixou claro que vinha para agradar os aficionados terceirenses, na sua estreia por estas paragens. Tentou uma sorte de porta gaiola que lhe saiu em falso, e na cravagem dos compridos não esteve tão certeiro, ficando os ferros descaídos. Lidou um “Prezado” da ganadaria local de João Gaspar, e nos curtos, citou de praça a praça, mostrou empenho e raça, rubricando uma boa actuação, que terminou com um ferro bastante vistoso. Nas ocasiões em que as velhas glórias se fardam, é sempre possível voltar a ver exímios executantes da arte de pegar toiros. Marco Sousa foi o forcado da cara, uma boa pega à primeira tentativa com o grupo a fechar-se bem.

Depois de uma primeira parte com lides regulares mas em que faltou transmissão, frente ao quarto da ordem, o cavaleiro terceirense esteve em bom plano, saindo por cima do seu oponente, um toiro de João Gaspar que deu nas vistas, bom comportamento, bem aramado de córnea e pela sua pelagem malhada. Contou com o calor humano vindo das bancadas, que não deixou Tiago Pamplona sair da arena sem antes colocar mais dois ferros de palmo, culminando assim uma boa lide reconhecida pelo público. O jovem César Bola do grupo da TTT, pegou à segunda tentativa o toiro “Pipoca”. Volta bastante saudada para cavaleiro e forcado.

Em dia não esteve o cavaleiro Moura Jr. Saiu-lhe um quinto da ganadaria de João Gaspar, com o número 34 no costado, de apresentação semelhante ao quarto da ordem, mas uns furos a baixo no que diz respeito ao comportamento. O cavaleiro não conseguiu chegar às bancadas, cumpriu os serviços mínimos em lide com pouco sal, e nem escutou música. Valor seguro da nova geração de forcados, Luís Sousa realizou um pegão ao primeiro intento, contando com a ajuda do grupo e do antigo cabo António Baldaya que rabejou.

Fechou a tarde o cavaleiro natural de Vila Franca de Xira. A Francisco Palha coube em sorte o toiro mais pesado da corrida com 590 kg, um preto de Ascensão Vaz, que lhe deu jogo, e frente ao qual tirou o máximo partido e logrou uma boa exibição nesta passagem pela ilha Terceira. Recebeu novamente à porta gaiola e desta vez com sucesso. Meteu a carne toda no assador, dobrou-se bem na cara do toiro e colocou ferros de verdade. Agarrou o público com a sua raça, e cravou um último curto de alto a baixo. No que diz respeito à pega, Francisco Matos concretizou à segunda tentativa para os da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, fechando-se à barbela.

Terminava assim e em bom plano a primeira corrida das Sanjoaninas, restando congratular os artistas, e em especial o Grupo de Forcados da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, pela data simbólica e na tarde em que João Pedro Ávila assumiu as rédeas daquele grupo.

Foto Touradas

 

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