Em Beja: Telles, Semedo e Bastinhas brilham à sua maneira com interessantes toiros de Brito Paes

Beja surpreende-nos com a sua simpatia e despretensiosa pose de capital do baixo Alentejo. Cidade de odores, aromas, sabores, história, cultura, tradições e de paz…  a velha Pax Julia! A senhora do Baixo Alentejo, erguendo-se no alto de uma colina é terra de ganaderos, cavaleiros, matadores de toiros e forcados e de aficionados genuínos e conhecedores. O São Lourenço em Agosto, outrora a grande feira desta cidade, era o ponto de encontro de muitas gentes, hoje da Feira pouco resta mesmo… a corrida de toiros continua a ser o seu ponto alto… E ontem dia 11 de Agosto a tradição dos toiros em Beja voltou a ser cumprida, dois terços da Varela Crujo foram preenchidos para assistir a um cartel com atrativos e a corrida teve vários motivos de interesse. Toiros de António Raul Brito Paes, três cavaleiros que este ano comemoram números redondos dos seus doutoramentos:  40 anos de  Alternativa de António Ribeiro Telles, 30 anos de Alternativa de Tito Semedo que adoptou esta terra como sua, 15 anos de alternativa de Marcos Bastinhas. Três grupos de forcados alentejanos, São Manços, Real de Moura e os da terra Amadores de Beja.

Voltavam os Brito Paes a uma terra que a têm como sua… E o Dr. António Raul Brito Paes enviou uma corrida rematada e bonita de tipo para este acontecimento. Toiros variados de capa, negros, bragados corridos, chorreados e listoões e um castanho. Bonitos de cara e arrobados de peso, pesaram entre os 520 kg e os 620 kg. De comportamentos variados: Encastado e com teclas o primeiro; Nobre, com bom tranco o segundo; Reservado o terceiro; Nobre, com som e templadas acometidas o bom quarto; O quinto foi bravo, encastado, teve mobilidade, veio a mais. O que fechou a noite foi reservado e complicado Todos eles transmitindo emoção e pediram ofício a cavaleiros, forcados e bandarilheiros. O ganadero deu volta ao ruedo após a lide do quinto.

António Ribeiro Telles diante do que abriu praça cravou dois compridos, lidando bem o oponente. Nos curtos a lide veio de menos a mais! Terminado com dois grandes ferros um a sesgo, rematando o toiro, que depois do ferro perseguia com exuberância e  mais um grande curto de frente e ao estribo se seguiu. O público aplaudiu com força o Mestre da Torrinha

Diante do nobre quarto, viu-se um António a gosto e quando isto acontece… o público desfruta e de que maneira do seu toureio! Correcto nos compridos, rematando e tentando levar o toiro embebido no cavalo. Nos curtos mexeu e escolheu a preceito os terrenos, lidou com gosto, partiu recto e de frente, cravou ao estribo e rematou com a toreria que lhe são características as sortes. Grande actuação de António!

Tito Semedo a comemorar e a assinalar nesta corrida os seus 30 anos de alternativa conquistou o público em duas lides com ritmo, variadas e em que se viu a gosto. Tocou-lhe a bola da sorte no sorteio e não a desaproveitou. No fim das cortesias foi descerrada uma placa comemorativa da data e foi lido um texto assinalando os feitos na sua vida nas arenas e fora delas.

No segundo da noite esteve muito bem a receber o toiro na porta dos curros para o levar prendido ao cavalo, recriando-se em curto no centro da arena, dois compridos se seguiram. Na ferragem curta aproveitou a nobreza do toiro, ladeou, citou de frente, rematou de forma bonita as sortes diante de um público entregue. Rematou com um violino e um palmo de boa nota.

Diante do bravo quinto, Tito aproveitou e mostrou as qualidades do de Brito Paes! Dois compridos, emocionante o remate do segundo levando toiro que carregou com casta depois do ferro. Nos curtos, de boa nota foi o primeiro e posterior remate da sorte, mais uns quantos se seguiram. Lide com ritmo, variada, levando a emoção às bancadas, finalizou esta sua passagem por Beja com um bom ferro de palmo.

Marcos Bastinhas era o terceiro cavaleiro do cartel e se a Tito lhe calhou a bola da sorte, para Marcos ficou a bola com o lote menos bom… Coisas de sorte! Mesmo assim, o cavaleiro de Elvas teve uma passagem positiva pela Varela Crujo.

O terceiro era um tio… sério e alto e teve as suas complicações!  Bom o segundo comprido, nos curtos houve variedade, ferros de boa nota, interação com as bancadas que não lhe regatearam os aplausos. Terminou a sua lide com um violino e um ferro de palmo.

O sexto não era “pêra doce”, Marcos andou correcto nos compridos, tentou abrir os caminhos a um toiro que se mostrava reservado desde a saída, lidando bem,. Nos curtos, cravou três ferros entrando em terrenos de compromisso no oponente que esperava no momento da sorte, destaque para o primeiro. Lide de valor! Já com o toiro mais entregue cravou um bom palmo e rematou a sua actuação com um par bom de bandarilhas cravado em terrenos de fora.

Nas pegas a noite foi séria e exigente… com toiros a pedirem contas aos forcados da cara e aos ajudas. E foi o que aconteceu, fazendo os três grupos vibrar as gentes de Beja com o seu desempenho diante dos sérios toiros da Ameijoafa.

Abriu a noite pelo Grupo de São Manços  Diogo Coutinho, toiro a entrar bruto, o cara não se fechou com eficiência e num derrote saiu na primeira tentativa. Na segunda tentativa o Diogo esteve bem a citar, receber e o grupo ajudou com eficiência.

Duarte Telles numa boa pega à primeira tentativa, grande primeira ajuda de André Magro. Bem o Duarte a citar, perdendo os passos necessários, para reunir com rigor.

José Maria Costa Pinto pelo Real de Moura, à segunda tentativa. Na primeira tentativa o toiro, veio com a cabeça por cima, o forcado não recuou o suficiente e acabou por sair. Na segunda perdeu os passos necessários e foi assim concretizada a pega, com o grupo a ajudar bem.

Hugo Branquinho numa pega bonita à primeira tentativa, aproveitou a bravura de toiro para fazer tudo bem feito… Citar, recuar, reunir e o grupo esteve com decisão a ajudar.

Nuno Victória à quarta tentativa pelos da terra. Toiro a medir muito, a entrar com muita força pelo grupo dentro e derrotar com violência. Na primeira tentativa o cara esteve superior mas cá atrás faltaram algumas ajudas. Na segunda e terceira o toiro não deu grandes opções tanto ao forcado da cara como ao grupo. Na quarta tentativa com as ajudas mais carregadas foi consumada a sorte.

Nuno Barreto, enorme à segunda tentativa, num toiro que entrou com tudo e derrotou forte. Na primeira tenativa teve que lhe entrar nos terrenos… já que o negro que fez ultimo não se queria arrancar, bem o forcado da cara com alma… Na segunda tentativa novamente foi remisso e mediu muito até se arrancar, com violência tentou tirar o Nuno mas o querer e a raça do forcado foram superiores, grande primeira ajuda de António Aleixo.

Dirigiu a corrida Agostinho Borges, sendo a médica veterinária Ana Gomes.

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