Elvas foi mais Bastinhas que nunca

O tempo passa irremediavelmente, não respeita nada aos poucos, sem que nos apercebamos… ainda parece que foi ontem, eu pequeno das mãos dos meus pais entrava na velhinha praça de Évora para a alternativa de Joaquim Bastinhas, passaram 40 anos…  O esplendor ficou para trás, os dias de glória… Porém, a memória e a nostalgia  remetem-nos a momentos vividos e que, apesar de tudo, fazem com que a vida continue e a história seja escrita e lembrada.
Sexta-feira dia 29 de Setembro do ano 23, Elvas viveu, lembrou, prestou homenagem a um homem que marcou a história daquela terra e a história da tauromaquia no final do século XX e início do século XXI, de seu nome Joaquim Manuel Carvalho Tenório, Bastinhas! Aquelas gentes simpáticas de trato afável e sábias, com uma forma única de estar na vida, rumaram durante o fim de tarde, (era uma mar de gente), até ao coliseu para a inauguração da escultura artística, que perpetuará a memória do cavaleiro elvense, concebida pelo escultor sevilhano José Navarro Arteaga. Bonita a escultura edificada na esplanada do edifício. Gentes do toiro algumas, personalidades da política, da terra e muito anônimo disseram presentes. Houve discursos emotivos, dois em especial o de uma das netas de Joaquim Bastinhas e o de seu filho Marcos, o presidente da câmara Roldão de Almeida exaltou o homem e o artista de maneira bonita e justa.
A heterodoxia e um magnetismo especial fizeram de Joaquim Bastinhas um fenómeno dentro e fora das praças. Na arena, a sua coragem, habilidade, valor e arte surpreendiam os públicos. Joaquim Manel era um fenómeno social em todas as regras, rivalizou com os grandes do seu tempo nas praças, teve sempre o público consigo e uma legião de seguidores que o acarinharam de norte a sul. Bastinhas era um verdadeiro ídolo de massas! Foi uma lufada de ar fresco para a tão questionada Tauromaquia em tempos conturbados, era tão esperado quanto desejado, conseguiu injectar vitalidade, juventude, força e alegria numa Festa ancorada por vezes na monotonia.
Mesmo quem não gostava ou gosta da Festa dos Toiros já deve ter ouvido o nome de Bastinha alguma vez. “Foi e ainda o é” um dos grandes! Prova disso foram aquelas milhares de pessoas que encheram por completo a praça de toiros de Elvas na noite da sua homenagem.
Dozes cavaleiros em praça prestaram-lhe homenagem, João Moura e Miguel Moura, Paulo Caetano e João Moura Caetano, António Ribeiro Telles e António Ribeiro Telles (filho), Luís Rouxinol e Luís Rouxinol Jr., Tiago e João Pamplona, seu filho Marcos e Francisco Palha. Foi bonita a noite!
Foram lidados seis exemplares bem apresentados e de jogo variado da ganadaria Passanha, com destaque para os lidados em terceiro e quinto lugares, dois bons toiros.
Nas lides a duo protagonizadas pelos artistas em praça houve grandes momentos de toureio. O saber de João Moura e a irreverência artística de Miguel; A classe de Paulo Caetano e o arrojo de seu filho João; Uma lide redonda dos Antónios Ribeiro Telles, pai e filho levantaram o coliseu de Elvas com a sua lide; A verdade de Luís Rouxinol e a ousadia de Luis Jr.; Bonita foi a lide dos irmãos Pamplona, Tiago e João aproveitaram de cabo a rabo o nobre Passanha; A emotividade de Marcos e a raça de Francisco Palha, que finalizaram a noite com dois pares de bandarilhas sendo aclamados de forma efusiva pelo público.
Nas Pegas dois grupos alentejanos, Amadores de Évora e Académicos de Elvas em noite de emoção, saber e valentia nas pegas.
Gonçalo Pires, à quarta tentativa, num toiro complicado no momento da reunião, desferindo derrotes que tiravam o forcado da cara.
Henrique Burguete numa grande pega à primeira tentativa, bem o grupo ajudar.
Fechou a noite pelos de Évora um forcado de dinastia João Pereira, numa pega superior à primeira tentativa, novamente, o grupo ajudou com eficiência.
Abriu a noite pelos amadores de Elvas, João Restolho à segunda tentativa, uma boa pega.
Eduardo Belfo muito bem à primeira tentativa, com o grupo a ajudar corretamente.
Gonçalo Machado Machado fechou a noite numa grande pega á primeira tentativa, com o grupo novamente a ajudar de forma coesa.
Dirigiu a corrida Marco Gomes, sendo o médico veterinário José Miguel Guerra.

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