No dia 23 Junho de 2017, a praça de toiros de Alcácer do Sal abriu as suas portas para receber mais uma tradicional corrida de toiros integrada na Feira designada por PIMEL.
Já passava das 22h.15m, quando se iniciaram as cortesias em que foi guardado um minuto de silêncio em homenagem aos falecidos, José Maria Cortes, Mestre David Ribeiro Telles, Iván Fandiño e Pedro Cardoso.
Cartel composto por três cavaleiros de distintas gerações, António Telles, Filipe Gonçalves e Luís Rouxinol Jr., para enfrentarem um curro da ganadaria Pinto de Barreiros, denominada como mãe das ganadarias portuguesas, propriedade do Exmo. Sr. Joaquim Alves.
O curro que viajou desde a herdade do Monte Branco, apresentou-se dispare em apresentação e comportamento, sendo de destacar pela positiva o comportamento do saído em quarto lugar, que mostrou bravura, casta, “fijeza” e também bastante nobreza.
Os restantes, embora encastados na sua maioria, saíram para o “mansote”, complicando a tarefa dos cavaleiros, que tiveram se saber tocar as teclas certas para poderem levar a água ao seu moinho.
António Telles, para nós o triunfador desta corrida, teve pela frente um primeiro toiro que saiu bastante reservado, que se defendia no momento do ferro, para depois carregar sobre a montada com investidas encastadas que levaram emoção à praça. Destacou-se na colocação do terceiro e quarto curtos que resultaram de belo efeito. Mérito para um toureiro maduro, que deu a volta a um toiro difícil, demonstrando o grande momento que atravessa, nunca abdicando dos seus princípios e do seu classicismo.
No seu segundo, encontrou o melhor toiro da corrida, dando-lhe uma lide com princípio meio e fim. Bem na brega, na preparação das sortes e nos remates de ferros que chegaram com impacto às bancadas. Mostrou que é um toureiro fino e que tudo o que é bem feito nunca passa de moda.
Filipe Gonçalves teve duas actuações intermitentes, alternando coisas boas com momentos de algum desacerto. Pecou por denunciar algumas vezes as sortes em demasia, ensinando o caminho aos toiros que não perdoavam tais veleidades.
Da sua primeira actuação é de destacar pela positiva o primeiro curto apontado, a boa preparação das sortes rematadas com piruetas na cara do toiro, e a fase final em que colocou um ferro em sorte de violino para de seguida colocar um de palmo à meia volta.
Frente ao seu segundo, Filipe Gonçalves, embora tenha levado um forte toque na fase inicial da lide, destacou-se na colocação do terceiro curto que resultou ajustadíssimo, tendo protagonizado uma lide com bons pormenores brega, terminando em bom plano com um bom par de bandarilhas.
O mais novo da função, Luís Rouxinol Jr., à semelhança dos seus colegas que compartiram cartel , não teve a vida facilitada frente aos dois Pinto Barreiros que enfrentou. No cômputo das duas lides, Luís Rouxinol teve bons apontamentos, mas também evidenciou grandes dificuldades para dar a volta aos dois exemplares que lhe tocaram em sorte, complicados e a não admitirem o mais pequeno erro, expondo a juventude e inexperiência do ginete, que se reflectiu em alguns toques nas montadas.
No entanto, Rouxinol Jr. Mostrou que é um toureio de raça, nunca virou a cara à luta, saindo por cima da contenda, após a colocação dos dois últimos ferros curtos que resultaram em pleno, rematados com superioridade.
No capítulo da forcadagem assistimos a uma noite entretida de pegas no confronto entre os Amadores de Montemor e Évora.
Por Montemor foram solistas Bernardo Dentinho à terceira tentativa, após uma primeira valorosa tentativa e uma segunda em que não esteve bem no momento de reunir com o oponente, António Calça e Pina à primeira numa sorte de belo efeito e Miguel Cecílio, jovem forcado da terra, também à primeira tentativa. Destaque para a coesão do grupo nas ajudas.
Pelos Amadores de Évora abriu praça o veterano Manuel Rovisco Paes à primeira tentativa, estando muito bem a consentir o toiro. Ricardo Sousa à terceira tentativa com ajudas carregadas, após duas tentativas em que forcado não esteve correcto tecnicamente. Fechou a noite Miguel Direito à primeira tentativa, bem ajudados pelos restantes companheiros.
Dirigiu Agostinho Borges com acerto, apenas pecando por conceder tardiamente música a António Telles na lide do quarto toiro da corrida.