A Praça de Toiros de Alcochete abriu ontem as suas portas para a primeira corrida da Feira do Toiro-Toiro 2023. Corrida carregada de atrativos marcando o regresso da corrida Farpas treze anos depois da sua última realização, o regresso a Alcochete do rejoneador navarro Pablo Hermoso de Mendoza seis anos depois da sua última atuação neste tauródromo e a comemoração dos 60 anos do Grupo de Forcados Amadores de Évora no exato dia da efeméride. Todos estes motivos, juntos com as presenças no cartel de Luís Rouxinol, António Prates, do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete e de um curro de toiros da ganadaria António Charrua, foram chamariz suficiente para que o tauródromo de Alcochete registasse uma bonita enchente.
Foram lidados toiros da ganadaria António Charrua, de apresentação irrepreensível e que cumpriram na generalidade. O primeiro foi um bom toiro, foi nobre, teve mobilidade e colaborou com o toureiro que teve por diante. O segundo cumpriu, transmitindo mais emoção nas investidas. Recarregou com ímpeto após a cravagem da ferragem comprida. O terceiro foi quanto a mim o melhor toiro da corrida. Transmitiu e levou emoção às bancadas, teve mobilidade, “som” na investida e reagia com entrega após o castigo. O quarto da ordem foi nobre e pedia distâncias curtas e uma lide ligada. O quinto e o sexto cumpriram, faltando-lhes alguma mobilidade para que rompessem em pleno.
No que às lides equestres diz respeito abriu praça Luís Rouxinol que teve esta noite duas lides marcadas pela sua maestria. No seu primeiro abriu a função com a cravagens de dois bons ferros compridos. Na ferragem curta a atuação foi a mais e decorreu em muito bom plano. Montando o Jamaica, deixou uma série de curtos de elevada nota, que chegaram com força às bancadas. Esteve bem na brega de preparação e remate das sortes, suscitando sonoras ovações do público. No quarto da ordem, um toiro nobre que exigia curtas distâncias, Luís Rouxinol deu-lhe a lide adequada e chegou com força ao tendido. Iniciou com dois compridos discretos, partindo depois para uma lide em curtos montando o Douro. Cravou bons ferros e esteve extraordinário a rematar a ferragem, em curto e com muita ligação. Terminou a função com um bom par de bandarilhas e um bom ferro de palmo.
Pablo Hermoso de Mendoza regressava a Alcochete praticamente seis anos depois da sua última atuação nesta praça. No primeiro que lidou cravou a ferragem comprida com discrição. Montando o Berlín, cravou uma boa série de ferros curtos, tentando levar a efeitos templados momentos de brega ladeada com remates por dentro. Teve algumas dificuldades em acoplar-se à investida do toiro, pelo que consentiu alguns toques durante a brega. Trocou de montada e com o Ilusión cravou um primeiro ferro a sesgo, faltando apenas rematar por dentro para que a sorte resultasse em pleno. Terminou a função com um ferro curto mais aliviado. No seu segundo voltou a estar discreto na ferragem comprida. Na ferragem curta, a atuação foi a mais. Montando o Basajaun deixou três ferros curtos corretos, consentindo toque no terceiro, após o qual escutou música. Trocou de montada e montando o Malbec a lide subiu de tom. Cravou dois bons ferros, sendo o último o melhor da atuação, rematados com piruetas que chegaram com força ao público.
António Prates em Alcochete está praticamente “em casa”. Ali tirou a sua alternativa e ali tem somado alguns dos mais importantes triunfos da sua carreira. Chegou a Alcochete acartelado com duas figuras do toureio e não quis deixar os seus créditos por mãos alheias. Diante do seu primeiro esteve bem nos compridos, destacando-se o segundo bem como a sua preparação. Na ferragem curta, aproveitou a transmissão do toiro para levar a efeito uma prestação de nota elevada. Cravou bons ferros curtos e rematou com emocionantes ladeios. O terceiro curto foi dos bons e o remate chegou com força ao público. Boa lide de António Prates diante do seu primeiro. No último da corrida esteve bem na ferragem comprida. Na ferragem curta cravou dois bons primeiros ferros, que agradaram ao público. O terceiro não resultou, sendo a sorte aliviada. Trocou de montada e, numa atuação a vir a menos, deixou mais dois curtos que agradaram ao público.
No capítulo das jaquetas de ramagens estiveram em praça os Grupos de Forcados Amadores de Évora e Alcochete.
Pelos Amadores de Évora, em dia de comemoração do seu sexagésimo aniversário, abriu praça o cabo José Maria Caeiro que esteve bem com o toiro, contou com uma boa ajuda do grupo e concretizou uma boa pega à primeira. João Cristóvão concretizou mais uma boa pega ao primeiro intento ao terceiro da ordem. Fechou a atuação do grupo de Évora Gonçalo Pires que concretizou uma grande pega também à primeira tentativa, aguentando os derrotes do toiro.
Pelos Amadores de Alcochete abriu a função Afonso Matos Correia que concretizou uma boa pega ao primeiro intento contando com uma grande primeira ajuda. João Maria Pinto consumou à segunda tentativa a pega ao quarto toiro da ordem. Fechou praça Pedro Dias que consumou também ao segundo intento.
A corrida foi dirigida por Ricardo Dias assessorado pelo médico-veterinário Dr. Jorge Moreira da Silva.