Um solista numa orquestra de sonho

Seis toiros de Palha, Guiomar Moura, Murteira Grave, Vale Sorraia, Passanha e David Ribeiro Telles, para JOÃO RIBEIRO TELLES, Grupos de Forcados Amadores de Montemor o Novo e Coruche, Capitaneados, respectivamente, por António Vacas de Carvalho e José Tomaz.

Para quem defende que no toureio, já tudo está inventado, pois desengane-se, hoje dois de Junho de 2019, fez-se História na Monumental Sorraiana, pela primeira vez, desde a sua construção, um artista, cavaleiro de alternativa, encerrou-se com seis toiros de outras tantas ganadarias.

Esquecendo os riscos que acarreta a montagem de um espectáculo desta forma, quisemos ouvir João Ribeiro Telles, logo a seguir à definição da ordem de lide que ditou em primeiro lugar o Palha, nº 341, com 540 Kg, seguido do Guiomar Moura, nº 39, com 610 Kg e a fechar a primeira parte o Murteira Grave nº 93, com 500 quilos de peso, a abrir o equador do festejo o Vale Sorraia, nº 90 com 545 Kg, depois o Passanha com nº 31 e 580 Kg, e a fechar a função o David Ribeiro Telles, nº24, com 605 quilos de peso, ao que nos disse estar confiante e que escolheu o Palha, para abrir, porque nunca tinha toureado um Palha e para fechar um produto da casa que bem conhece e lhe pode dar garantias de sucesso.

Poucos segundos passavam das cinco e meia da tarde, quando o clarim tocou para dar inicio às cortesias, para de seguida se perfilarem na praça,  perante uma moldura humana que preenchia, mais de três quartos da lotação, forcados, bandarilheiros, campinos e dezasseis montadas da mais fina estirpe, facto pouco usual, nos tauródromos portugueses, seguiu-se a entrada do ginete da Torrinha, João Ribeiro Telles,  e uma  referência histórica ao seu percurso taurino.

No que reporta aos toiros a lidar, podemos dizer que de um modo geral, cumpriram, sendo que o Palha, denotou algumas dificuldades de visão, todavia, encastado e franco, o Guiomar Cortes de Moura, bem apresentado, mas com pouca mobilidade, o Murteira Grave, menor trapio mas maior génio, o Vale Sorraia, cumpridor, o Passanha, nobre e cumpridor e por fim o David Ribeiro Telles, voluntário e colaborador.

Posto isto, vamos ao labor de João Telles, na ferragem comprida, pautou-se pela normalidade, já na ferragem curta, houve pano para toda à obra, lides diversificadas, onde não faltaram os violinos, os ferros de palmo e os pares de bandarilhas, destaque para o quarto da ordem, onde convidou os “sobressalientes”, António Telles e Manuel Telles Bastos e a três construíram uma obra de arte que só é possível na Família Telles, que os obrigou a dar a merecida volta à arena, na companhia dos irmão João e Manuel.

Para terminar a função, a cereja no topo do bolo, frente a um pupilo da casa, João sacou de todos os pergaminhos toureiros e dando as distâncias devidas, desenvolveu uma lide de antologia, onde a verdade  e o pundonor, imperaram, cravando ferros de poder a poder, aguentando a velocidade do adversário e deixando o ferro, sem mácula, mas com tremenda emoção.

Na competição entre as jaquetas de ramagens, Alentejanas e Ribatejanas, houve emoção e bons desempenhos, fundamentalmente, por parte dos forcados da cara.

Assim, pelas cores de Montemor-o-Novo em ano de comemoração dos 80º Aniversário da fundação, foram solistas, João da Câmara, Vasco Ponce e Francisco Borges, todos ao primeiro intento, destacando-se a vontade férrea de todos os caras no consumar as sortes.

Por Coruche, João Ferreira Prates, consumou uma rija sorte à segunda tentativa, depois de na primeira,  as coisas não correrem de feição, mormente no sector das primeiras e segundas ajudas. Fábio Casinhas, que brindou ao patrão João Ribeiro Telles, aguentou bem a investida do Vale Sorraia e consumou uma rija pega ao primeiro intento. António Tomáz, fechou-se galhardamente, à córnea e aguentou uma viagem alta, até lá atrás, onde as ajudas fecharam, com destaque para o sector das primeiras, que foi preponderante para o sucesso da pega.

Todas as lides foram acompanhadas dos acordes musicais proferidos pela Banda da Sociedade de Instrução Coruchense, bem como as voltas ao ruedo, onde apenas no quinto, João, embora autorizado declinou o convite, dando a primazia ao forcado de Montemor Francisco Borges, que deu volta sozinho.

Dirigiu sem problemas o Delegado Técnico, Agostinho Borges, assessorado pelo Médico Veterinário, Dr. Feliciano Reis e pelo cornetim de serviço, José Henriques.

Uma palavra especial para os campinos, Mário Oliveira “Café” da Casa Telles e João Inácio “Janica” da Casa António Silva, que recolheram os toiros com a eficiência que lhes é reconhecida.

Por fim uma nota especial e que há muito não era visto, por estas bandas, ou seja João Ribeiro Teles, foi sacado em ombros, e saiu pela Porta Grande.

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