Enrique Ponce: “Esta arte, que é tão nossa, não pode morrer”

Enrique Ponce, que se encontra em campanha na América, falou ao jornal espanhol ABC sobre o facto de ter sido eleito o grande vencedor do Prémio Nacional de Tauromaquia de 2017 — leia a curta entrevista.

Jornal ABC (ABC): Como recebe a notícia do Prémio Nacional de Tauromaquia?

Enrique Ponce (EP): Há instantes ligou-me o Senhor Ministro da Cultura. Agradeci-lhe imenso. Foi muito cordial comigo — disse-me que ficava muito contente por ver que eu estava surpreendido porque pensava que eu já tinha esse prémio.

ABC: Já recebeu muitos prémios, este é mais um.

EP: Importa notar que este é um dos prémios mais importantes a nível tauromáquico, juntamente com a Medalha de Belas Artes. Este dá-me uma especial ilusão por ser um prémio a nível nacional e que, além das boas faenas, tem em conta também uma trajectória. Quero aqui agradecer novamente ao Ministro da Cultura, em nome de toda a Tauromaquia, a ainda existência deste prémio nos dias que correm.

ABC: Como definiria uma temporada tão triunfal?

EP: O mais importante foi poder ter sentido o toureio, traduzir cá para fora o que levo cá dentro, em praças muito importantes. Houve bastantes faenas em que lhes pus alma e os aficionados também o sentiram assim.

ABC: Até conseguiu alcançar esse sonho chamado “Crisol”. Vai repeti-lo?

EP: Já andava a preparar esse projecto há uns anos. Fez-me feliz que tenha saído tudo muito bem, culminando mesmo com o indulto de um toiro. Muita gente me disse que viveu o espectáculo com grande emoção. É muito complicado montar um espectáculo destes, mas obviamente que gostaria de repeti-lo em alguma tarde especial. Há que procurar a praça e o momento adequado.

ABC: Dia 3 de Dezembro volta a tourear no México.

EP: Vou doar os meus honorários às vítimas dos terramotos. Estou encantado por poder fazê-lo, ainda para mais num país que me deu tanto.

ABC: Já nem se atrevem a perguntar-lhe acerca da sua retirada.

EP: Por enquanto, a retirada nem me passa pela cabeça. Quero desfrutar do presente. Enquanto mantenha a ilusão e a capacidade, não haverá motivo para me retirar das arenas.

ABC: Os toiros são uma festa espanhola.

EP: Obviamente que sim! Os toiros são a identidade do nosso país. Sinto-me muito espanhol, orgulhoso de o ser, trago esse sentimento muito enraizado em mim. Também Valência, a minha terra. É muito bonito comprovar, na América Latina, que levámos essa tradição aos povos hispano-americanos e a Tauromaquia une esses povos.

ABC: Gostava de voltar a tourear em Barcelona?

EP: Ando desejoso que isso aconteça! Barcelona sempre teve um dos públicos com maior afición. Adoro Barcelona e a Catalunha, é uma região de Espanha preciosa. Tenho ali muitos e bons amigos. Acredito que o regresso dos toiros a Barcelona esteja próximo, há muita gente que o deseja.

ABC: A Festa não irá acabar.

EP: Sempre fui uma pessoa optimista. Vejo muitos jovens implicados na sua defesa. No toureio há muita verdade, muita pureza. Espanha é um grande país, consegue sempre superar os momentos mais difíceis. Esta arte, que é tão nossa, não pode morrer.

 

 

 

 

Fotografia: Tauromedia

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