A bonita Praça de Toiros de Santo António das Areias foi palco ontem, 22 de Abril, de um interessante Festival Taurino misto a favor da Casa do Povo desta bonita freguesia do concelho de Marvão. Cartel bem montado e variado, com figuras consagradas, os que querem agarrar uma oportunidade para se chegarem ao pelotão da frente e jovens promessas. Um matador de toiros, três grupos de forcados da zona e duas ganadarias de interesse. O público gostou da oferta e encheu em três quartas partes as bancadas da praça!
Escrevi que havia vários motivos de interesse mas para mim e certamente para muitos houve um especial, a volta às arenas do grupo de forcados amadores de Alter do Chão. Em boa hora o fizeram! Este grupo de forcados o ano passado em Agosto depois de uma má tarde em terras de Monforte decidiu suspender a temporada num gesto de humildade e “vergonha toureira” mas hoje voltou a honrar a jaqueta das ramagens da terra do Alter-Real.
O primeiro novilho da tarde foi um berrendo e capirote em negro, o mais terciado dos seis enviados pela ganadaria de São Martinho. Teve pouca força, sempre com a cara por cima e acabou por não romper. João Moura foi o encarregue de abrir a tarde cravando um bom comprido a abrir a função, segundo e terceiro ficaram algo descaídos. Nos curtos deixou uma série de quatro ferros, bom foi o primeiro e excelente o com que finalizou a lide, rematou de forma bonita depois de cravar o terceiro da ordem. Guilherme Alves dos Amadores de Portalegre numa pega de valor, não recebeu de forma perfeita mas teve a alma e garra para se emendar na cara e a sorte foi concretizada à primeira tentativa.
O segundo foi um negro, com bom tipo, e mais composto de carnes que o irmão saído anteriormente. Foi nobre, teve mobilidade, metendo bem a cara nos capotes, como defeito no início da lide adiantava-se quando partia para a sorte. Marcos Bastinhas voltou a galvanizar as bancadas com o seu toureio! Bem a receber em curto, cravou um primeiro comprido de praça a praça deixando vir o oponente, mais um comprido de boa nota foi cravado no morrilho do de São Martinho. Nos curtos houve bonitos momentos de brega a ladear o novilho, rematou bem as sortes e cravou bons ferros. Nota superior para o terceiro a citar de largo, a aguentar a acometida deixando o ferro num palmo de terreno, num dos momentos da tarde. Rematou a sua lide com um palmito e um par a duas mãos cravados no centro da arena, público de pé! David Amaral foi o forcado que novamente pelo Grupo de Forcados de Alter do Chão voltou a bater as palmas a um bravo envergando a jaqueta das ramagens e a pega foi das boas, à barbela com o grupo a ajudar bem, sendo consumada a sorte ao primeiro intento.
Um berrendo em negro foi o terceiro, bonito este exemplar que ostentava a divisa Roxo, Branco e Ouro do saudoso Frei Elias. Teve mobilidade, foi nobre, acometendo com alegria sempre que solicitado por cavaleiro, bandarilheiros e forcado. Para o lidar um Beirão de pura cepa, Gonçalo Fernandes, e que boa lide teve este cavaleiro que agarra as oportunidades que lhe dão como a última. Recebeu o berrendo na porta dos curros, para o levar embebido no cavalo de forma vibrante. Três bons compridos citando de largo e cravados en su sitio. Nos curtos lidou e bregou de forma toureira, escolheu bem os terrenos e cravou quatro curtos de boa nota, rematando bem as sortes. Um cavaleiro a seguir! Sebastião Caldeira Fernandes pelos Académicos de Elvas à segunda tentativa, na primeira a reunião não foi perfeita e o forcado não lhe ficou na cara. Na segunda tentativa o forcado citou bonito, recebeu bem e a pega foi consumada.
De Charrua era o novilho destinado para a lide a pé, exemplar alto e comprido, este listão. Poucas condições de lide teve… Andou sempre com a cabeça pelas nuvens, distraído e a ficar muito curto tanto no capote como na muleta. Na brega deste novilho lidou bem Nuno Silva “Rubio” e nas bandarilhas cravou dois bons pares João Pedro Silva “Açoriano”. Manuel Dias Gomes recebeu por verónicas e logo aí se viu a condição do oponente… Na muleta o início da faena foi por baixo tentando meter na canastra o de Charrua mas a tarefa foi impossível. Mais que investir topava, ficava curto e derrotava por cima. O matador quis correr a mão por ambos os lados, sacando ainda algum redondo de bom traço mas a faena acabou por não romper.
Luís Rouxinol Jr lidou o quinto, um bonito rematado berrendo e salpicado em negro de São Martinho, possivelmente o mais reservado dos destinados à lide a cavalo. Cravou dois bons compridos abrindo os caminhos ao oponente. Nos curtos a lide veio a mais se houve uma passagem em falso a abrir esta segunda fase da lide, depois disso vieram ferros de boa nota. Bem a bregar e a rematar as sortes. Destaque maior para o grande terceiro a deixar vir o novilho, aguentou uma barbaridade e cravou de alto abaixo ao estribo. Rematou a lide com um bonito palmo fazendo um desplante na cara do oponente com o cavalo a finalizar a sua actuação. Público entregue a Rouxinol! Para a pega saltou João Martins, dos Amadores de Portalegre, que teve alguns problemas para dar a volta ao de São Martinho, o novilho não humilhava no momento da reunião “dando um murro”, desfeiteando o cara na primeira tentativa, depois disso não houve conjunção entre ambos e os intentos de pega iam saindo gorados. Resolveu a sesgo à sexta tentativa.
O sexto foi um negro, nobre, com recorrido e mobilidade vindo dos campos da Granja. Joaquim Brito Paes, recebeu de forma toureira cravando dois bons compridos. Na fase dos curtos a lide teve vários motivos de interesse, como a boa brega e os remates toureiros depois do ferro. Cravou quatro com batida, destaque maior para o segundo e terceiro. Deixando-o vir o de largo, fez a batida e de forma exuberante ficaram os ferros no morrilho do negro. Chegou com força às bancadas esta lide do Joaquim. Gonçalo Amaro pelos Amadores de Alter do Chão realizou uma boa pega à primeira tentativa.
O sétimo e último do espectáculo também tinha capa negra, foi nobre, tinha mobilidade e recorrido. Francisco Maldonado Cortes no seu primeiro espectáculo como cavaleiro praticante, realizou uma boa lide. Correcto nos compridos, desenvolveu uma bonita actuação com rasgos de bom toureio a cavalo nos curtos. Esteve bem a lidar, escolhendo bem os terrenos, rematando as sortes de forma toureira. Cravou uns quantos… destaque para o terceiro e quinto e o um palmo com as mãos soltas das rédeas do cavalo com que devia ter finalizado a sua lide… Fechou a tarde pelos Académicos de Elvas numa boa pega à primeira tentativa João Carrapato.
Foi concedida volta à arena no sétimo novilho ao ganadero de São Martinho pelo director de corrida Marco Gomes que foi assessorado pelo veterinário José Guerra.