Obrigado Praça Maior!  Esgotaram Santarém, ganhou a Aficcion

Sábado, 26 de Setembro de 2020

Local: Monumental Praça Celestino Graça

Hora: 17h

Tempª: 20º

Cartel:

António Ribeiro Telles

João Moura Jr

Francisco Palha

Grupos de Santarém e Montemos

Toiros de Murteira Grave e Veiga Teixeira

Este Sábado acordou solarengo e com uma temperatura típica de fim de Verão. Anunciavam-se uns agradáveis 23º para Santarém, sem vento e como tal, com as melhores das condições possíveis para ser uma grande tarde de toiros.

Se o tempo ajudava, o cartel rematava e este foi a meu vêr, o melhor ou um dos melhores da atípica temporada que ainda decorre.

Não há-de ser fácil e neste cenário pandémico em que vivemos, com todas as restrições que conhecemos, com todos os medos, regras e afins, assumir uma data que não existia historicamente em Santarém. Praça, que pelas suas características impõe respeito e poucas invenções, mesmo quando se trata de Junho (Feira do Ribatejo) quanto mais em fins de Setembro e com o peso – não só artístico – que este cartel carregava. Só por esta coragem os aficionados agradecem.

E efectivamente a aficcion agradeceu da melhor forma, esgotando a lotação permitida (5800 lugares) ao abrigo do protocolo, isto ainda durante a tarde de Sexta, no entanto soube, que a demanda por bilhetes continuou até à hora da corrida, o que é um facto extraordinário.

Tenho para mim a sensação, que a Celestino Graça esgotaria sempre em qualquer situação!

Mas vamos à crónica.

 

A corrida começou e como é timbre da Associação Praça Maior, às 17h em ponto, com grande parte do publico já sentado nos seus lugares (alternados), usando as máscaras (não me lembro de ter visto alguém sem as usar) e respeitando as restantes medidas impostas.

 

Toiros: Todos eles com apresentação irrepreensível, com comportamentos e desempenhos bastante positivos, destacando-se o 3º da tarde, um “burraco” de Murteira Grave e de nome “Inquieto” que foi indultado e já regressou a Galeana.

 

António Ribeiro Telles

O António toureou o 1º de Veiga Teixeira e o 4º da ordem, de Murteira Grave.

Destaco no de Veiga Teixeira, o 1º ferro comprido (espera-gaiola) e o 4º curto cheio de toreria.

Impecável o Maestro da Torrinha!

Aliás, acho ser cada vez mais difícil caracterizar as lides que o António vai fazendo, tal é a regularidade na qualidade que vai empregando.

 

No seu 2º toiro da ordem, um Grave de 560 kg, sério, saiu também a melhor lide do ginete do Biscaínho, com ferros muito bem preparados, melhor rematados e ajudados por uma quadrilha de sonho – Olé Curro – onde destaco o 2º, 3º e 4º curto, ferro este dedicado ao Eng Joaquim Pedro Torres.

Uma aula de Mestre !!!

Destaque também e neste toiro, para o “corte de coleta” do bandarilheiro Scalabitano Luis Miguel Gonçalves, que desta forma poe termo a uma muito meritosa e rica carreira.

 

O toiro de Veiga Teixeira foi pegado à 1ª tentativa pelo forcado do GFAS António Taurino plena de sabedoria, poderio e maturidade, brilhantemente ajudado pelo Grupo e que é para mim a pega da tarde.

Ida aos médios do cavaleiro e do forcado com forte ovação na saída do A. Taurino.

 

O de Murteira Grave (2 º da ordem do Antº Telles) foi pegado pelo GFAM e pelo forcado Bernardo Dentinho também à 1ª tentativa, a “dobrar” o forcado António Calça e Pina que se magoou, na sua única tentativa, com o toiro quase pegado. Parabéns ao Bernardo que não só pegou com limpeza como se impunha mas fundamentalmente pela decisão em não ter aceite a ida aos médios com o cavaleiro, quando o seu amigo e companheiro de Grupo tentava recuperar na enfermaria da Praça. Olé Bernardo, parabéns e as melhoras do António!

 

 

João Moura Jr

 

Da Herdade das Arengozinhas em Elvas, saiu João Moura Jr para conquistar a velha Scalabis e a meu vêr conseguiu plenamente.

O seu 1º toiro foi um sério Murteira Grave de nome Ortega e que pesou 525 kg nas balanças da Celestino Graça. Um toiro bravo e exigente que pedia experiencia, arte e saber.

“El Niño Moura” deu-lhe isso tudo e conseguiu sacar nos curtos – em especial no 3º ferro da ordem – o melhor que o toiro podia oferecer.

 

O 2º toiro (5º da ordem) e dos que vieram do Pedrogão (Veiga Teixeira) – toiro muito equilibrado, atlético, gravito, sério e a marcar 520 kg – teve pela frente um Moura decidido a dar tudo o que havia para dar… “a pôr a carne no assador”

Luziu-se nos ferros curtos mas foi no 3º e 4º ferro que a casa veio abaixo.

Mudou de cavalo a seguir ao 2º curto para ir buscar o “Hostil” ferro Soc. Das Silveiras. Previa-se que pudesse vir um ciclone com a mudança e confirmou-se!

Moura Jr sacou quer no 3º, quer no 4º curto, umas monumentais “mourinas”, sorte inventada pelo seu pai e que deixou a Celestino Graça em completo delírio. A Praça que viu coroar o pai Moura como o maior génio dos últimos anos, rendeu-se agora ao virtuosismo dum Jr que sai em grande e pela porta grande. Que taco.

 

No toiro de Murteira Grave, pega pelo GFAM, João da Câmara à 1º tentativa, numa pega limpa (pareceu-me que o toiro lhe fez um estranho no momento da reunião) e em que o rabejador dá uma ajuda importantíssima. Bem o grupo a ajudar.

 

Para o toiro de Veiga Teixeira, o João Grave escolheu para pega-lo o Francisco Graciosa, que ofereceu a pega à madrinha do Grupo, Sra D. Maria da Conceição Abreu Alpoim Cabral.

Pegou à 1ª tentativa, numa pega extraordinária, com o toiro a descair e o Grupo a compensar e ajudar bem.

 

 

Francisco Palha

 

O Francisco voltou a Santarém, sabendo obviamente que este cartel era de altíssimo compromisso mas fundamentalmente, tentando dar seguimento às actuações de sucesso que tivera na passada época.

E esteve quase a consegui-lo.

Eu gosto muito da forma como ele está na Festa. Sempre com uma educação extrema, sempre atento ao que o rodeia. Sempre alegre e sempre obstinado na tentativa de alcançar o sucesso.

 

1º toiro, ferro de Murteira Grave. Um “burraco” de nome “Inquieto” e a pesar 500 kg. Impressionante pelagem (das que mais gosto), porte altivo, uma cara impressionante, musculado, um autêntico atleta de alta competição.

Francisco Palha ofereceu a lide deste toiro à Associação Praça Maior e com a seguinte dedicação: “vocês são um exemplo que eu adorava poder seguir”

Começou a lide com uma “porta gaiola” espectacular e que meteu o publico no bolso. A partir daí abriu o livro num toiro espectacular, que se arrancava de longe, alegre e de todo o lado. Um toiro bravissimo.

Francisco percebeu o toiro que tinha e fez uma lide exemplar.

Cravou ferros curtos com os andamentos que bem quis impor, do mais rápido ao mais lento mas sempre toureiro. Sempre de compromisso.

Chamada aos médios juntamente com o ganadeiro Joaquim Grave para receberem uma forte e merecida ovação.

 

2º toiro – Veiga Teixeira, com 510 kg

Antes de sair o toiro, dirigiu-se aos seus colegas de cartel, apeou-se e no chão, ofereceu-lhes a lide. Mais um gesto dum Senhor.

E mais uma “porta-gaiola” espectacular, com o toiro a sair dos curros a uma velocidade incrível e quase a surpreender o cavaleiro. Grande ferro

Nos curtos cumpriu mas sem a gaz habitual. Destaques para um 1º curto com mangada intempestiva que quase o arrancava da sela e para um difícil 5º ferro com o toiro parado e já muito fechado

 

Pegou o “Inquieto” o forcado Lourenço Ribeiro  do GFAS á 3ª tentaiva.

Senti o Lourenço nervoso e sem nunca ter disfrutado do toiro que tinha pela frente. Na tentativa derradeira, o forcado fechou-se com decisão e com vontade de nunca mais sair de lá. Parabéns ao Grupo que esteve a ajudar em altíssimo nível.

 

Saltou para a pega do ultimo toiro da corrida, o forcado José Maria Vacas de Carvalho pelo GFAM, que pegou à 2º tentativa e que brindou à Assoc. Praça Maior.

Na 1ª tentativa pareceu-me que o toiro lhe fez um estranho, mas na 2ª e muito bem ajudado pelo 1º ajuda, fechou com chave de ouro não só a corrida como o actuação do Grupo de Montemor. Parabéns Zé Maria e ao Scalabitano António Pena Monteiro

 

Esta corrida e mesmo sabendo que a organização considera ter pontos a melhorar, veio provar que mesmo sujeitos às condicionantes da pandemia, podemos ter corridas e delas disfrutar em segurança como ontem foi o caso.

Todos ganhamos com isso…até os antis que se não tiverem corridas não têm mais nada para fazer!

Sempre que tem havido corridas, Santarém fervilha, está viva, mexe-se e sente-se.

Ontem, foi quase impossível arranjar sitio para jantar. Grande parte dos restaurantes da cidade, estavam esgotados e não aceitavam reservas. Havia pessoas por tudo o que era lado. Já agora e caso saibam de outra actividade cultural que crie este impacto num só dia, digam-me por favor.

Praça Maior, a cidade de Santarém e a aficcion agradece-vos todo o vosso empenho e dedicação. Para o ano e para os vindouros cá estaremos para vos apoiar

 

Obrigado !!!

 

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