Vila Viçosa, é uma autêntica vila-museu, que guarda algumas das mais belas relíquias da história de Portugal, contada pelas igrejas, conventos, palácios, museus e pelas próprias ruas e gentes e também na tauromaquia esta bonita vila têm que contar. A sua bonita e centenária praça de toiros já foi palco de grandes acontecimentos e até de tragédias… Nesta arena deixou a vida Carnicerito de México quando um de Oliveira que dava pelo nome de Sombrereiro lhe ceifou os sonhos.
Hoje 18 de Março abriu as suas portas para se realizar um Festival Benéfico a favor da Santa Casa da Misericórdia local, mais uma vez a solidariedade e a Festa Brava de mãos dadas. Mas somente um terço de casa foi preenchida um tanto ou quanto aquém das expectativas…
Foram lidados cinco novilhos, das ganadarias Paulo Caetano, Romão Tenório, Passanha, Mata o Demo e Alves Inácio. De correcta apresentação para uma festival. Quanto ao comportamento o primeiro foi nobre mas veio a menos; O segundo teve nobreza, bom tranco mas faltou-lhe qualquer coisa no momento do ferro; O terceiro foi nobre, teve classe, vindo a mais durante a lide, bom novilho; O quarto teve bons inícios mas acabou por se rachar e procurar tábuas; Com mobilidade e nobreza o quinto, outro bom novilho. Em sexto lugar saiu um exemplar indigno de se apresentar em qualquer praça e espectáculo e por aqui me fico… tinha o ferro da ganadaria Eng. Jorge de Carvalho.
João Moura Caetano teve uma passagem agradável por terras de Vila Viçosa, cravou dois bons compridos, dando vantagens ao oponente. Na série de curtos, no início viu-se um Caetano compenetrado, lidando o oponente a gosto, cravando um par de curtos de boa nota, rematando os mesmos com bonitos pormenores de toureio. Mudou de montada e já com o oponente a menos ainda deixou um ferro de mérito.
João Moura Jr. com um novilho a apertar de saída fez vibrar o conclave, parando o oponente com bonitos recortes de toureio. Cravou dois compridos de boa nota, rematando os mesmos com pormenores dignos de menção. Nos curtos a lide foi das boas, cravou os ferros com ligeira batida, rematou os mesmos em curto deixando quase chegar o de Romão Tenório à montada. O público gostou do que viu e não lhe regateou as ovações. A lide rematada com um grande palmo, no qual aguentou e templou a acometida do toiro no momento do ferro.
João Ribeiro Telles foi autor de uma lide redonda em terras de Florbela Espanca. Houve momentos de toureio em que brotaram sonetos caros! Correcto nos compridos abrindo e corrigindo algum defeito ao de Passanha. Na série de curtos a lide foi de mão cheia, bom foi o primeiro e superior o remate em curto, lidou a preceito e voltou a cravar outros dois ferros de nota, novamente bem a recriar-se em curto depois da sorte com bonitos momentos de toureio. Com o cavalo Ortigão veio a explosão, genial foi o primeiro entrando em terrenos de compromisso. O seguinte também teve boa nota e o João viu o público rendido à sua actuação.
João Salgueiro da Costa, esteve bem nos dois compridos que cravou, dando distâncias e cravando no alto do morrilho. Nos curtos o toiro veio a menos e teve que porfiar muito para lhe deixar a ferragem da ordem a sesgo já que o bonito colorado de Mata do Demo procurou as tábuas como refúgio. Mesmo assim o de Valada mostrou muito querer e mostrou a vontade de triunfo por estas paragens.
Tristão Telles Queiroz, teve em Vila Viçosa uma boa actuação, cedo entendeu o nobre que teve por diante e recitou-lhe a lide adequada. Cravou dois compridos com destaque para o segundo. Nos curtos lidou e mexeu bem no de Alves Inácio, deu distâncias. Cravou um terceiro ferro de grande nota, de alto a baixo e ao estribo. Olé! Mais dois se seguiram, viu-se um cavaleiro a gosto e conectar com facilidade com as bancadas que aplaudiram com força o feito.
Para lidar o sexto da ordem Francisco Maldonado Cortes, cavaleiro amador promissor e que muitos tem vontade de ver mas hoje quase que não foi possível… O que saiu pela porta dos curros causou a indignação e protesto do público que se sentiu enganado pela significância da rês… O Francisco pouco pode fazer, deixou a ferragem da ordem, mostrou serenidade, ofício e vontade de agradar.
No capítulo das pegas dois grupos de forcados do Norte Alentejano, Portalegre e Académicos de Elvas. Boa tarde de pegas foi o que nos proporcionaram estas duas formações.
Abriu a tarde Filipe Rodrigues numa boa pega à primeira tentativa, bem a citar, indo aos terrenos do toiro, a recuar para se fechar com decisão.
Daniel Ameixa foi autor de outra boa pega também consumada à primeira tentativa.
Fechou a tarde pelos de Portalegre Ricardo Lourenço também à primeira tentativa noutra boa sorte de caras.
Pelos Académicos de Elvas Miguel Sadio à segunda tentativa, numa vibrante pega de caras. Reunião dura mas muito querer de lhe ficar na cara o grupo ajudou de forma coesa e foi consumada a sorte.
João Restolho à primeira tentativa numa boa pega, com o grupo a ajudar bem.
Fechou a tarde Hugo Rodrigues numa pega ao primeiro intento.
Dirigiu a corrida Agostinho Borges, sendo o veterinário José Miguel Guerra.