A Bravura foi para Branco Núncio e a Apresentação para Passanha

A inauguração da Praça de Toiros de Évora decorreu com uma corrida de toiros em 19 de Maio de 1889, sob a presidência do Rei D. Luís I e com a presença da Família Real e da Corte. Passados um punhado grande de anos ali foi instituída uma das corridas mais emblemáticas do calendário taurino nacional, o Concurso de Ganadarias e no passado domingo, dia 21 de Maio foi realizado o 63º. Dia cinzento, com um dérbi de Sporting/Benfica na capital mas mesmo assim mais de três quartos da lotação da praça foram preenchidos, Évora novamente mostrou novamente que é aficionada!
Seis gandarias a concurso para disputarem os prémios de Bravura e Apresentação, sendo jurados a Tertúlia Tauromáquica Eborense e a própria empresa. Decidiu o júri que o prémio de Bravura seria para a ganadaria Branco Núncio e o de apresentação para a ganadaria Passanha.
Abriu praça um toiro muito bem apresentado, com cara, grande e com trapio de qualquer praça do Mundo ostentando o ferro de Santa Maria. Foi um toiro que mostrou mobilidade, alguma falta de entrega mas foi pronto para o cavalo, não metendo mal a cara nos capotes.
De Calejo Pires foi o ensabanado segundo, toiro terciado de apresentação e com alguns problemas de coordenação de movimentos. Não sendo um mau toiro acusou a falta de força e chegou pouco às bancadas.
Grande, alto e comprido foi o de Núncio, toiro com mobilidade, tranco, teve disponibilidade da boa, tanto as capotes como as montadas, justo vencedor do prémio de bravura.
O de Murteira Grave foi o quarto da tarde, toiro baixo, reunido, bonito de cara, um taco. Foi um toiro que lhe faltou alguma entrega, pediu ligação, meteu bem a cara nos capotes, não sendo um mau toiro acabou por não romper.
Aberto de cara, grande e comprido foi o bragado com o ferro de Passanha. Foi um toiro que teve algumas querenças em tábuas mas de lá saia com facilidade, viria a vencer o prémio de apresentação.
Fechou a corrida um toiro também um tanto ou quanto terciado quanto à apresentação de Romão Tenório. Toiro nobre, com bom tranco, disponível mas ao qual lhe faltou alguma alma para ser redondo.
João Moura Jr. lidou o primeiro da tarde e a lide foi agradável diante ainda de um público ainda pouco metido no espectáculo e com pouca atenção ao que se passava na arena…  Cravou dois compridos a abrir. Bregou de forma bonita. Nos curtos, deu distâncias ao de Santa Maria, cravando uma boa série de ferros. Rematou a lide com um bom ferro de palmo.
Diante do de Murteira Grave Moura teve uma lide que chegou mais ao conclave! Nos compridos, andou com desenvoltura, destaque para o primeiro. Nos curtos, os ferros foram com batida ao piton contrário, sendo de boa nota, levando depois o toiro toreado depois das sortes. Rematou a lide com duas Mourinas de bonita execução que fizeram as delícias dos presentes, ladeou em curto nas preparações e nos remates das sortes, sendo aí vividos um dos momentos altos da tarde.
Francisco Palha, diante do de Calejo Pires, recebeu de forma exuberante, cravando um grande comprido, metendo o público no bolso, mais um comprido de boa execução foi deixado no morrilho do toiro mas a lide acabaria por não romper…  Nos curtos o de Calejo veio a menos, Palha cravou com solvência a ferragem da ordem, desenhando bem as sortes e rematando como mandam as regras.
Diante do de Passanha a lide teve bons momentos de brega, tentando tirar o toiro dos terrenos que este elegera para a luta. Cravou os compridos com desenvoltura, desenhando bem as sortes. Nos curtos houve bonitos momentos de brega, cravando a sesgo, destaque maior para o segundo e o último da série nos médios.
Luís Rouxinol Jr. recebeu o de Branco Núncio na porta dos sustos para o levar prendido ao cavalo numa emocionante momento de toureio. Cravou dois bons compridos mostrando desde o início as boas qualidades do exemplar que tinha por diante. Nos curtos a lide não foi redonda porque houve uma falha ou outra mas teve bons momentos de toureio, bregou com graça, sendo os três últimos curtos de boa nota, rematando bem as sortes e chegando com força ao público.
Diante do nobre de Romão Tenório, a lide foi bonita! Houve bons momentos de brega montando o Douro e ferros de boa execução. Destaque maior para o terceiro, um momento completo de bom toureio a cavalo, desde o cite, â execução da sorte, rematando em curto. Finalizou a lide com dois ferros de palmo destaque para o primeiro e para o remate do segundo. Boa lide de Rouxinol Jr.
Dois grupos de forcados, Ribatejo e Alentejo para de medirem nesta tarde na Arena de Évora, Santarém e Évora. Os de Santarém que não pegavam o Concurso de Gandarias da Cidade Museu desde 2007, tiveram um grande tarde, numa das praças mais emblemáticas para o grupo mais antigo do país.
Abriu a tarde Joaquim Grave, à segunda tentativa, na primeira tentativa o toiro meteu a cara por cima no momento da reunião dificultando o forcado fechar-se bem na cara. Na segunda tentativa, sacou-se mais, bem a reunir e o grupo a ajudar, grande segunda ajuda de João Manoel.
José Fialho realizou uma grande pega à primeira tentativa, bem a citar, a reunião não foi perfeita mas teve alma para lhe ficar na cara, suportou um forte derrote para cima, grande primeira ajuda de João Manoel e foi realizada uma das pegas da tarde.
O quinto da tarde foi pegado na sorte de cernelha por João Manoel e Moura Tavares, bem à primeira tentativa.
Pelos Amadores de Évora, abriu praça José Maria Caeiro, futuro cabo deste grupo, à terceira tentativa. O toiro defendia-se no momento da reunião pela falta de força apresentada durante a lide, dificultando a labor do forcado da cara.
José Maria Passanha, também à terceira tentativa. O toiro vinha pronto mas foi bruto a meter a cara no forcado, dificultando a reunião. Já com ajudas mais carregadas foi consumada a sorte.
João Cristovão, numa grande pega à primeira tentativa fechou a tarde, a destacar a boa primeira ajuda de Francisco Ferreira nesta pega.

Dirigiu a corrida Maria Florindo, sendo a médica veterinária Ana Gomes.

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