Emoção e afición marcaram a corrida Ovibeja

27 de Abril Beja

Cavaleiros:

  • Luis Rouxinol
  • João Telles Jr.
  • Andrés Romero

Forcados:

  • São Manços
  • Real de Moura
  • Beja

Ganadaria:

  • Canas de Vigouroux

 

Realizou-se mais uma corrida Ovibeja, desta vez organizada pelo novel empresário José Maria Charraz, a praça Varela Crujo registou talvez a melhor casa dos últimos anos nesta data, uma meia casa forte a roçar os ¾, mesmo assim o cartel ainda merecia mais. O ex cabo dos amadores de Beja trouxe seriedade, emoção e um grande ambiente à 1 corrida dos agricultores do sul, sentia-se nas bancadas um clima de festa e de muita aficion.

Três cavaleiros de postin com distintos tipos de toureio, três grupos de forcados da região e um curro de toiros de excepcional apresentação e trapio, prémios para a melhor lide e para a melhor pega, foi a fórmula encontrada para o sucesso da abertura da temporada em Beja.

Luís Rouxinol abriu a tarde com um toiro que acusou na balança 614kg, este revelou-se reservado mas o cavaleiro soube dar-lhe a volta, com muita entrega, procurou andar sempre muito ligado ao oponente, depois de estar correcto nos compridos, realizou uma boa lide com ferros de verdade, terminou a sua primeira actuação com um bom “palmito”. Volta.

Seguiu-se João Telles Jr. que debutava em Beja, pela frente o maior da corrida com 617kg, com um comportamento colaborante, o cavaleiro elevou ainda mais a fasquia deixada por Rouxinol. Depois de uma serie de compridos regular, o primeiro curto mostrou para o que vinha, pisou os terrenos do toiro, cravou ao estribo e rodou por dentro para rematar a sorte. Seguiu-se uma serie de ferros a arriscar e quando assim é, o publico manifesta-se criando o tal ambiente que todos nós procuramos quando “vamos aos toiros”, termina com um excelente ferro ao piton contrário, boa lide. Volta.

Do País vizinho vinha Andrés Romero, saiu-lhe em sorte o pior da corrida, um manso com 596kg, fez do centro da arena os seus terrenos, sem nunca reagir ao castigo. Despachou os compridos e nos curtos andou sempre muito irregular, consentindo vários toques na montada. Lide sem brilho e apagada. Volta.

A abrir a segunda parte da corrida de novo Luís Rouxinol, pela frente o mais pequeno da corrida com 541kg, toiro bem apresentado e de comportamento colaborante. Regular nos compridos, nos curtos fez tudo para dificultar o trabalho dos júris quanto à atribuição do troféu em disputa. Lide sempre muito ligada, bem na brega a preparar as sortes, procurou trazer o toiro na garupa depois de cravar uma serie de bons ferros, o público gostou e foi pedindo sempre mais um, terminou com um “palmito” para depois sair debaixo de fortes aplausos, outra boa lide. Volta.

Se no primeiro toiro João Telles Jr. já nos tinha deixado com água na boca, neste confirmou o seu excelente momento, saiu-lhe o toiro da corrida, 575kg de peso e de bonitas “hechuras”, toiro sério e muito colaborante com vários apontamentos de bravo. Se nos compridos andou assertivo, nos curtos cravou ferros para todos os gostos, ferros de praça a praça a mandar vir o toiro, ferros ao piton contrário e ferros a entrar nos terrenos do toiro e a rodar por dentro para rematar a sorte. Teles Jr. tinha o “público no bolso”, a alimentar ainda mais a expectativa para Madrid, se poucas dúvidas havia na melhor lide até então, esta dissipou as que houvesse, grande actuação do cavaleiro da torrinha. Volta.

Para o último o rejoneador espanhol, se na primeira lide não tinha deixado saudades, nesta tentou mostrar porque estava ali. Outro bom toiro Canas de Vigourox com 572kg, contribuiu para uma boa lide de Andrés Romero, correcto nos compridos, nos curtos iniciou uma boa serie de ferros ao piton contrário, bem na brega, rematou as sortes de forma superior, não fosse a excessiva velocidade que imprimiu na lide, esta ainda teria sido melhor. Volta.

Nas pegas a tarde adivinhava-se muito séria e exigente, em virtude das dificuldades que esta ganadaria tradicionalmente provoca nos forcados, são toiros que admitem muito poucos erros e pedem que as coisas sejam feitas com elevado rigor, os grupos em praça sabiam disso e mostraram que estavam preparados para o desafio, se a tarde foi rica em boas lides, as pegas não ficaram atrás.

Para a cara do primeiro da corrida e vestindo a jaqueta dos amadores de São Manços Pedro Galhardo, com o grupo a dar vantagens, o forcado não manda na investida e o toiro sai solto mas franco, carrega a meio da vigem descompondo-o e o toiro passa-lhe ao lado. Na segunda tentativa manda na sorte, carrega, a reunião resulta bem e o grupo ajuda, boa pega. Volta.

Para o segundo da tarde e pelo Real de Moura Gonçalo Borges, com o grupo a dar vantagens o forcado não consentiu a investida do toiro, resultando numa reunião dura, é despachado de imediato, na segunda tentativa a pega da tarde, o forcado fez tudo bem feito desta vez, com o primeiro ajuda em curto e a receber ao mesmo tempo, para contrariar o derrote duro que o toiro tinha, entra pelo grupo com este a abrir, mas com uma vontade extraordinária e braços de ferro, aguenta sucessivos derrotes sozinho até o grupo fechar, deu volta e a pedido do público voltou ao centro  da praça, já na companhia do primeiro ajuda Rui Ameixa. Grande pega. Volta e agradecimento no centro da praça.

Pelos amadores de Beja perfilou-se Francisco Patanita, a tarefa não se esperava fácil em virtude do comportamento do toiro durante toda a lide, o tal manso que nunca saiu do centro da arena durante toda a lide, com o grupo a dar vantagens o toiro sai solto, o forcado não soube alegrar a investida, fazendo com que a reunião resultasse deficiente e é “despachado”, na segunda tentativa com o grupo a continuar a dar vantagens, podia ter sido outra grande pega, o forcado desta vez manda vir o toiro, carrega a sorte, aguenta a investida para depois se “sacar” com preceito, contudo a reunião resulta impetuosa, o forcado aguenta um primeiro derrote muito duro, mas no segundo para cima e para o lado o toiro volta a vencer, alguma prontidão do primeiro ajuda aquando deste segundo derrote e talvez tivéssemos ficado por aqui, na terceira tentativa com o primeiro ajuda já em curto e a receber ao mesmo tempo bem, a pega é concretizada com o grupo a fechar coeso junto a tábuas. O forcado ainda que autorizado não deu volta mostrando humildade.

Para o segundo dos amadores de São Manços José Quintas, manda vir o toiro mas descompõe-se ao recuar e reúne mal saindo por baixo do oponente, segunda tentativa o forcado não manda na investida com o toiro a sair solto, contudo a reunião resulta bem e o grupo fechou coeso, o forcado sai para a enfermaria após consumar a pega. Volta.

No melhor da corrida mais uma boa pega, João Cabrita pelo Real de Moura, inicia o cite com
serenidade, mostra-se ao toiro, este arranca solto com pata, o forcado consente a investida e o
grupo com muita coesão fecha junto a tábuas, pega de encher o olho.

Para o último da corrida o grupo da casa, os amadores de Beja, o escolhido foi Mauro Lança que executou uma pega perfeita, com inicio, meio e fim. Com o grupo a dar vantagens, o forcado citou com serenidade, carregou, aguentou, recuou, reuniu bem “enchendo a cara do toiro” e o grupo ajudou de forma muito coesa. Boa pega, a terminar da melhor maneira uma corrida de muita emoção, daquelas que faz aficionados. Volta.

Os prémios em disputa e de forma muito justa foram entregues a João Telles Jr. na melhor lide da corrida e a Gonçalo Borges na melhor pega, tendo como júris António Ventura, Joaquim Brito Paes e Rafael Vilhais; João Caixinha, Fernando Navas e Manuel Jacinto respectivamente.

Dirigiu com acerto Domingos Jeremias, com alguma benevolência na atribuição de música e de volta a Andrés Romero no seu primeiro toiro, abrilhantou a sociedade filarmónica capricho Bejense.

 

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