No dia 25 de Abril em Alter do Chão cumpriu-se a tradição, e a cuidada praça da aficionada Vila Alentejana abriu as suas portas para receber mais um evento taurino.
Gostaria aqui de deixar a minha singela homenagem ao empresário Jorge Carvalho, que nos últimos 25 anos geriu os desígnios da bonita praça de toiros de Alter do João, montado espectáculos que são sinónimos de credibilidade, “aficion” e arrojo.
Jorge Carvalho e os seus anteriores sócios colocaram Alter do Chão no calendário taurino luso, promovendo espectáculos dignos, elevando a “festa”, fazendo com o que o público não se sinta defraudado nos espectáculos por si montados.
Assim, foi mais que justa a sentida homenagem de que foi alvo no início da corrida, recebendo emocionado no centro da arena uma calorosa ovação do público que preenchia quase por completo a lotação da “sua”praça.
O cartel era composto por João Moura Caetano, João Moura Júnior e Francisco Palha, Forcados Amadores de Montemor -o – Novo e Alter do Chão para enfrentarem 3 anunciados toiros de Paulo Caetano e 3 toiros dos Irmãos Moura Caetano. Referi anunciados, porque de facto, da ganaderia de Paulo Caetano só saíram dois toiros à arena, ostentando o saído à arena em quinto lugar o ferro de Dias Coutinho.
Os dois toiros de Paulo Caetano saíram “pequenotes” mas rematados, mansos e encastados, o toiro de Dias Coutinho bem apresentado para a praça em questão, embora um manso de lei e os três dos Irmãos Moura Caetano saíram gordos, voluntariosos, mas com falta de força e transmissão.
João Moura Caetano não foi bafejado pela sorte no sorteio, ainda assim deixou boa impressão nas duas lides que efectuou.
Diante do seu primeiro toiro que saiu mansote, criando dificuldades ao cavaleiro, ora porque era tardo a sair, ora porque se adiantava no momento da reunião, João Moura Caetano após abortar uma tentativa de sorte gaiola, deu-lhe uma lide plena de maestria, escolhendo muito bem os terrenos onde cravar em sortes ao piton contrário bem desenhadas .
Ficaram na retina dos ferros colocados em segundo terceiro e quarto lugar, numa lide que teve bons pormenores, onde o toureiro revelou maturidade e ofício.
No toiro do seu ferro, João Moura Caetano tentou exprimir a essência do seu toureio relaxado, porém as condições do hastado não lhe permitiram triunfar forte como queria e desejava certamente.
Ante um toiro que acusou falta de força e que não transmitia nada, o seu toureio não chegou às bancadas, resultando numa lide morna, onde faltou emoção, não obstante o toureiro ter tentado tudo para que as coisas lhe tivessem corrido de outra forma.
João Moura Jr. à semelhança de outras edições, foi o triunfador da tarde, principalmente pelo resultado artístico alcançado na primeira lide.
João Moura Jr. teve pela frente um toiro dos Irmãos Moura Caetano, que foi colaborador, revelou mobilidade, embora transmitisse pouco como os seus irmãos de camada.
Esteve regular nos compridos após se ter dobrado bem com o oponente, iniciando depois uma meritória série de curtos que empolgou o público ferro após ferro.
Pormenores de brega fantásticos e ferros de arrepiar, foram a receita encontrada para levantar o público das bancadas que aplaudiu com fervor o trabalho levado a cabo pelo jovem ginete.
O que faltou em toiro sobrou no cavaleiro que recolheu a maior ovação da tarde, após uma lide completa, coroada com dois ferros de palmo de antologia.
Esta lide foi justamente considerada pelo júri em função, como a melhor lide da tarde, tendo João Moura Jr. arrecadado o troféu em disputa para a melhor lide.
No seu segundo, Moura Jr. teve de puxar dos galões para dar a volta ao complicado Dias Coutinho que esperava uma barbaridade pelo cavaleiro, para depois se adiantar ostensivamente à montada.
Terminou em plano de triunfo com piruetas arrojadas na cara do toiro, tendo desenvolvido uma lide ritmada e desenbaraçada, face às dificuldades que o oponente lhe apresentou.
Fechava a função Francisco Palha, que deixou muito boa impressão em Alter do Chão.
Diante de um primeiro bom toiro de Paulo Caetano, F. Palha efectuou uma lide bastante agradável, com bons apontamentos e sortes bem desenhadas. A sua maior virtude foi saber manter uma ligação constante com o toiro, numa lide que não teve tempos mortos e que prendeu o público ao seu desenrolar.
No seu segundo, manteve o nível alcançado na primeira actuação, tendo sido brindado por fortes ovações pelo público que souberam valorizar o “labor” desenvolvido pelo cavaleiro.
No capítulo das pegas, a tarde decorreu sem problemas de maior para os grupos de forcados em praça, que disputavam entre si o troféu Luís Saramago para a melhor pega.
O Grupo de Montemor apresentou-se em Alter com uma formação bastante jovem, cheia de caras novas, tendo sido escolhidos pelo cabo António Vacas de Carvalho os caras Vasco Ponce que realizou uma boa pega à primeira tentativa, aguentando muito bem a investida do toiro, acabando por ganhar o troféu em disputa para a melhor pega, João Calisto também à primeira tentativa e José Maria Vacas de Carvalho à segunda tentativa no toiro mais complicado da corrida.
Pelo Grupo de Alter do Chão foram solistas, Filipe Ribeiro à segunda tentativa devido a alguma falta de ajudas na primeira tentativa, Diogo Bilé à primeira tentativa e Jorge Naghy também à primeira tentativa, fechando com chave de ouro a boa prestação dos forcados da terra.