Un niño que se llama Marco Perez

Crónica

Un niño que se llama Marco Perez

“Enquanto houver miúdos pequenos a brincar aos toiros, as touradas não vão acabar” disse este ano (e bem!) numa entrevista o “nosso” jovem matador de toiros João Silva “Juanito”. Não podia estar mais perto da verdade, uma vez que os jovens são o futuro da festa e é necessário cultivar afición por todos os cantos do mundo taurino para que a festa continue a dobrar o Cabo das Tormentas das intenções anti-taurinas.

Pois bem, ontem na Real Maestranza de Caballeria de Sevilha viveu-se um momento verdadeiramente histórico e que, se me permitem, me encheu de esperança pelo futuro da nossa tauromaquia.

Ontem pisou pela primeira vez na sua ainda curta carreira o albero da Maestranza un niño que se llama Marco Perez. Um jovem dotado de sonhos e que ontem cumpriu mais um.

Tudo se parecia conjugar para o jovem salmantino. Praça de sonho, cartel recheado de figuras do toureio apeado espanhol cujos olés das mais importantes faenas ecoaram certamente durante toda a tarde no sonhador cérebro do pequeno toureiro, os dados estavam lançados…

Poderiam os mais desconfiados pensar que nesta tarde Marco Perez seria um peixe lançado aos tubarões, mas todos esses pensamentos se esfumaram quando o jovem, pequeno em tamanho, mas de uma alma gigante, se colocou rodilla en tierra diante do novilho de Jandilla e do exigente público da Maestranza. Daí em diante, com o público entregado e completamente metido na faena, foi um recital de bom toureio, um derramar de arte pela arena. Um amontoar de capacidades inatas aliadas a um apurar de técnica resultante da desmedida aficion deste jovem fizeram deslumbrar Sevilha. E que profundos foram os olés, sentidos como cada vuelo da muleta do toureiro.

Foi há 51 anos, que o diestro Francisco Ruiz Miguel cortou a um toiro de Miura aquele que até ontem havia sido o último rabo cortado na Maestranza.

Sim, até ontem, porque no dia de ontem, 12 de outubro de 2022, Dia de la Hispanidad, un nino que se llama Marco Perez fez o que muito poucos consideravam possível: aos 14 anos de idade e mais de cinquenta anos depois do Maestro Ruiz Miguel, cortou os máximos troféus na Real Maestranza de Caballeria de Sevilha.

Cortou os máximos troféus e abriu a Puerta del Príncipe da Maestranza, acrescendo o mérito de o ter feito enfrentando apenas um oponente, o que enaltece o feito dada a necessidade de forte de três troféus para abrir esta que é uma das mais importantes portas do meio taurino espanhol.

Com o máximo troféu numa mão e a bandeira do seu país na outra, Marco Perez deu uma aplaudida e mais que merecida volta ao ruedo e foi posteriormente passeado em ombros pela arena, atravessando a porta do príncipe e sendo transportado pelas ruas de Sevilha até ao hotel.

Disse um dia Armstrong: “um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade” e aquilo que hoje foi um grande passo para Marco Perez, foi um gigantesco salto para toda uma geração que sonha com toiros e teve hoje a confirmação que com trabalho árduo, dedicação e a máxima entrega, tudo é possível.

Un niño que se llama Marco Perez, um jovem como tantos outros, que afirma que “yo solo soy un niño más que tiene como sueño y meta ser figura del toreo”, foi o exemplo e levou a bom porto as intenções de muitos pequenos aficionados cujos pensamentos transpiram afición e também sonham em um dia pisar uma arena e poder exprimir diante de um toiro todos os seus mais bonitos sentimentos artistas.

Enhorabuena Torero Grande!

Obrigado, Marco Perez, por sonhares e fazeres sonhar todo um mundo taurino!

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