“Toca a Música, Malandros!”

Crónica

“Toca a Música, Malandros!” – Artigo de Opinião

 

Muito tenho eu refletido sobre o estado, dignidade e qualidade do abrilhantamento dos espetáculos tauromáquicos. Refiro-me obviamente às bandas de música. Esta constante reflexão levou a que decidisse escrever este (se assim se pode dizer) artigo de opinião.

Como aficionado, forcado, músico e presidente de uma filarmónica que sou, estou presente em dezenas de espetáculos todos os anos e vejo, claro está, “no que toca à música em si” (esta expressão pareceu-me ser a mais musical), coisas que me enchem a alma e outras que preferia, no mínimo, nem ver.

Para começar, não entendo, na minha modesta opinião, o porquê de no Regulamento de Espetáculos Tauromáquicos, as bandas de música serem apenas referidas no Capítulo VI, Secção I, Artigo 26º, dizendo somente: “Nos espetáculos tauromáquicos, com exceção das variedades taurinas, é obrigatória a atuação de uma banda de música antes do espetáculo, durante as cortesias, sempre que o diretor de corrida o determine e, a pedido do público, durante a lide e na volta à arena”. Este pequeno artigo deixa, a meu ver, tudo em aberto.

 

Em primeiro lugar, o que consideramos “banda de música”? Para mim é obvio: uma Banda Filarmónica. Contudo, não desprimoro as charangas, ou cavalinhos, como na minha região se chamam, em espetáculos tauromáquicos, mas não em corridas de toiros, muito menos em praças de relevância.

Uma corrida de toiros é algo que se quer sério e digno. Como tal, deve ser abrilhantado com as mesmas seriedade e dignidade. Logo, por uma Filarmónica. As charangas teriam o seu espaço nas garraiadas, variedades taurinas, ou mesmo em alguns festivais de menor dimensão. A mim, como músico e aficionado, entristece-me ver a falta de brio de como são montados certos espetáculos no que à música diz respeito.

Há não muito tempo, assisti a um espetáculo; Festival, se bem me recordo; abrilhantado por um agrupamento de 5 músicos espanhóis, que desconheciam as normas da Corrida à Portuguesa. Nem toques de bandarilhas, nem repetição do pasodoble até que o cavaleiro se retire de praça e até mesmo música inadequada ao tipo de espetáculo. É claro que assim não se dignifica a Festa, muito pelo contrário.

Existem, infelizmente, agentes, intervenientes e empresários que desvalorizam a música como parte integrante e indispensável à corrida à portuguesa, apenas valorizando os artistas na arena (claro, são o principal do espetáculo) ou o menos custo possível.

Quão bonito é ver/ouvir uma boa Banda Filarmónica a interpretar um sonante pasodoble no decorrer de uma Faena, numa Monumental Praça de Toiros esgotada… Ou então simplesmente, quão dignificante é a Banda da terra preparar as suas melhores obras para interpretar no dia da corrida, na sua castiça praça.

 

A Filarmonia e a Tauromaquia também estão de braço dado, seja pelos valores incutidos, seja pelo amor à causa. O trabalho de uma filarmónica não deve ser nunca desprezado nem substituído na Corrida à Portuguesa por qualquer “agrupamentozito”, pois só assim se dignificam as Bandas e a Festa dos Toiros.

Ultimos Artigos

Artigos relacionados