Telles, Rufo e Caballero fazem o melhor da tarde mouranense

A Praça de Toiros Libânio Esquível voltou a abrir as suas portas na tarde deste sábado para o segundo festival taurino da temporada portuguesa. Praça bem composta, praticamente cheia, como manda a tradição, para acolher um festival com um cartel variado, alternando figuras consagradas com jovens valores do toureio equestre e apeado mundial.

Antecedendo o espetáculo foram homenageados o matador Domingo López-Chaves, que este ano se retira das arenas e Tomás Rufo, jovem figura do toureio mundial que, com apenas pouco mais de um ano de alternativa abriu já a Porta do Príncipe de Sevilha e a Porta Grande de Madrid. A entregar as lembranças esteve o Maestro Juan António Ruiz “Espartaco”, figura histórica do toureio apeado.

No que ao toureio equestre diz respeito, abriu praça Luís Rouxinol Jr. que lidou um cinqueño vindo da Herdade de Galeana. O toiro bem-apresentado, era nobre, perseguiu a montada com mobilidade, demonstrou fijeza, pecando apenas por ser um pouco andarilho. O jovem cavaleiro de Pegões recebeu bem com dois compridos corretos. Após trocar de montada, o cavalo escorregou, sofrendo queda aparatosa, felizmente sem consequências de maior. O toureiro recompôs-se, agigantou-se e deixou uma série de ferros curtos pautados pela correção, agradando ao público. Terminou a lide montando o Girassol, deixando um excelente ferro curto, superiormente rematado, e um ferro de palmo.

António Ribeiro Telles filho entrou em praça para lidar o segundo da ordem, este um novilho, que cumpriu de boa maneira e contribuiu para o sucesso da lide. O jovem cavaleiro da dinastia Ribeiro Telles abriu de forma muito positiva aquela que se espera a temporada da sua alternativa. Depois de deixar três bons ferros compridos, partiu para uma série de curtos de excelente nota, dos quais se destacaram o segundo e o último da série, com o toiro a rematar com a cara por alto. Nota elevada também para a brega com que preparou as sortes. Bom início de temporada para o jovem cavaleiro.

Pegaram os dois astados lidados a cavalo os Forcados Amadores de Santarém. Manuel Ribeiro de Almeida bateu por três vezes as palmas ao primeiro do festejo. Na primeira tentativa acabou por sair da cara do toiro pelo que a pega não se concretizou. Na segunda, não se conseguiu fechar. Acabou por consumar à terceira com as ajudas mais carregadas. O segundo da ordem foi pegado por José Maria Gonçalves, que consumou com muito mérito ao primeiro intento.

Abriu a parte apeada do festejo o matador de toiros espanhol Domingo López-Chaves, que escolheu o ruedo mouranense para abrir a temporada em que se despede das arenas. Lidou o novilho mais exigente do festejo e esteve valente com ele. Revelou mestria e deu-lhe a volta com o ofício com o qual sempre encarou as corridas duras. Esteve solvente com o capote e com a flanela rubra a faena foi a mais, terminando em bom nível. Trouxe a Mourão a experiência de vinte e cinco anos de alternativa e agradou ao público.

O matador português Manuel Dias Gomes fez o que de melhor se viu de capote em terras de Mourão. Esteve bem, recebendo com uma larga afarolada rodilla en tierra, seguindo por verónicas e chicuelinas. No centro e com os pés cravados na arena, arrancou os aplausos do público com uma luzida série por tafalleras. Com a muleta, a lide teve mais brilho pela esquerda que pela direita. Pecou, no entanto, por prolongar a faena. Terminou em bom plano por manoletinas. Tocou-lhe em sorte um novilho que foi bravo. Investiu do princípio ao fim da faena, humilhando e com uma investida alegre.

Tomás Rufo, jovem figura do toureio mundial, o mais promissor da sua geração, veio a Mourão com a mentalidade de quem encara uma corrida numa importante feira do país vizinho. Despachou a função de capote. Com a muleta esteve inspirado e realizou uma faena que superou a condição do novilho, que apresentou alguma escassez de forças. Arrimou-se com o oponente e sacou-lhe tudo o que tinha. Aproveitou-o de cabo a rabo. Grande lide do matador de Talavera de la Reina.

Fechou a tarde o novilheiro espanhol Manuel Caballero. Lidou um novilho que queria mais do que podia. Tinha fundo, vontade de investir, mas as forças nem sempre acompanharam as intenções do astado. O novilheiro esteve bem com ele, surpreendeu e justificou com a sua prestação a presença no festival. Realizou uma lide ligada, por ambos os pitóns, que agradou ao público que acarinhou o jovem toureiro.

Em suma, festival entretido, com motivos de interesse, ao qual o público respondeu enchendo a quase totalidade da praça.

O espetáculo foi dirigido por Agostinho Borges, assessorado pela médico-veterinária Dra. Ana Gomes.

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