A solidariedade é tão tradicional desta quadra natalícia quanto é intrínseca à família taurina.
Joaquim José Correia montava o cavalo Tirol quando foi colhido pelo toiro da ganadaria Rio Frio, que lhe roubaria a vida, precisamente no dia em que completava 21 anos, no Campo Pequeno, no dia 16 de Outubro de 1966. Actuava graciosamente no festival de beneficência a favor do Orfanato Escola Santa Isabel.
Ao longo da história, em todas as temporadas, as acções de beneficência são como uma marca a fogo para a tauromaquia, sempre disposta a contribuir para causas importantes.
Durante o defeso estas manifestações e acções de solidariedade são mais particularmente protagonizadas pelos grupos de forcados.
A abnegação fora das arenas é, no fundo, como um espelho daquilo que é na sua essência, um grupo de forcados: união e entreajuda.
Neste mês de fim de ano, por exemplo, vão acontecer pelo menos duas campanhas beneficentes.
Os próximos a entrar em acção são os Amadores de Alcochete que no dia 8 de Dezembro vão estar desde manhã na rua, no largo em frente à sede a promover uma recolha de brinquedos, que pretendem depois distribuir nas instituições sociais dedicadas a crianças necessitadas no concelho.
No fim-de-semana seguinte, e, noutro ponto distante do mapa, os Amadores de Évora vão promover uma recolha de bens alimentares.
Neste caso, o grupo de forcados eborense vai colaborar com a SOLSAL, serviço integrado nos Salesianos de Évora, que se dedica à proteção as crianças e famílias em risco.
Ainda neste fim de temporada de 2018, os Amadores de Coruche já realizaram no dia 17 de Novembro, o leilão solidário que na edição deste ano conseguiu colher 5 mil euros que entregou a Nuno Carvalho “Mata” (no ano passado este grupo de forcados entregou 3 mil euros à Liga dos Bombeiros Portugueses).
Outro importante exemplo vem também deste grupo de forcados ribatejano, que no ano passado não duvidou em estender o convite à população de Coruche para ir consigo dar sangue, inscrevendo os benévolos de sangue como potenciais doadores de medula óssea.
Desde as campanhas para a doação de medula óssea, doação de sangue, recolha de bens, visitas a hospitais, a verdade é que são realizadas muitas acções de intervenção social pelos artistas e os aficionados não falham à chamada.
Também durante a temporada sob vários formatos, artistas, empresários, ganaderos, subalternos e pessoal da praça destinam os seus honorários a causas concretas, que digam respeito à localidade onde se realiza o espectáculo ou a causas nacionais e transversais à sociedade.
Aqui os exemplos são inúmeros.
Para abrir a temporada de 2018, o tradicionalíssimo festival de Mourão fez reverter os respectivos lucros a favor do Abrigo Infantil de Mourão.
A CERCI no seu festival em Beja, é também uma repetente nas boas intenções dos aficionados.
Para o fim da temporada, o festival taurino de Vila Boim também agiu em benefício da paróquia, com vista a chegar às famílias carenciadas do concelho.
No ano passado realizou-se em Outubro no Campo Pequeno o 1.º Festival a favor das crianças deficientes e ao apoio pela hipoterapia.
Os exemplos são mesmo abundantes.
Sempre que é necessária ajuda urgente, o mundo taurino é dos primeiros a reagir.
Em 18 de Junho de 2017 deflagrou o brutal incêndio florestal em Pedrógão Grande. 66 pessoas morreram e 254 ficaram feridas.
O país em lágrimas prontificou-se para ajudar.
De imediato, houve resposta do mundo taurino. O grupo de forcados Amadores de Arronches levou a cabo uma importante campanha solidária para recolha de roupas de cama, toalhas de banho, utensílios de cozinha e produtos alimentares, para entregar junto das famílias afectadas pelos incêndios na grande tragédia de Pedrógão.
Para as vítimas de Pedrógão Grande, destinaram-se ainda os lucros da bilheteira de Santarém, em dois festivais promovidos pelo empresário João Pedro Bolota na praça de toiros de Santarém em Março deste ano de 2018.
Também no passado ano de 2017, os forcados do Aposento da Moita vestiram a camisola do Banco Alimentar e fizeram uma grande recolha de bens para aquela instituição, promovendo por um lado a tauromaquia e o combate à pobreza, por outro.
Este carácter beneficente da festa dos toiros não se existe só em Portugal. É assim por todo o mundo taurino.
Em Espanha, a principal praça do país realiza todos os anos a corrida de beneficência, também designada Corrida Extraordinaria de la Beneficencia de Madrid.
Num outro exemplo recente, a Fundação do Toiro de Lide, entregou 6 mil euros à Fundação Onco-hematológico infantil.
Estes, entre muitos, contam a história da solidariedade no mundo dos toiros. Solidariedade que é um bastião da tauromaquia.
Não falte às próximas acções: Alcochete e Évora.