Na tertúlia do «Picador», analisou-se a temporada finda e a actualidade da tauromaquia.
Feliz com o reconhecimento que a última temporada acrescentou aos seus toiros, Joaquim Alves referiu «demorou 18 anos a perceberem o meu tipo de toiro, que está fora de moda, que a maior parte dos toureiros evita tourear e que é encastado, com mobilidade, com nobreza e com classe».
João Vasco Lucas falou da praça da Nazaré que tem qualquer coisa de singular, que faz com que todos os artistas que por lá passam se transcendam e onde sempre se sentiu em casa e que sempre foi uma praça muito especial para o Grupo de Lisboa desde os tempos de Nuno Salvação Barreto.
O jovem Diogo Peseiro expressou as dificuldades que os mais jovens atravessam para conseguir “dar o salto” e ser reconhecidos. Não há oportunidades. Em Portugal, principalmente, não há novilhadas, nem um novilheiro pode alternar com cavaleiros de alternativa se um matador de toiros não entrar num cartel. Esta condicionante acresce em dificuldade o cenário do toureio apeado, que por si só, já é difícil. Ainda assim, trabalha todos os dias, treina todos os dias com uma ilusão com que por vezes é muito difícil de lidar quando as oportunidades não surgem.
As dificuldades são suplantadas pela “força do querer” e momentos como um par de bandarilhas a um novilho toiro com 540kg, que levantou a praça de Madrid, fazem-no continuar a sonhar e a trabalhar.
A propósito da falta de oportunidades que tanta insegurança e angustia causa nos mais jovens, Ana Batista expressou que é “mesmo assim” o nosso panorama “infelizmente as corridas não vêm dos triunfos”. Mesmo sendo uma cavaleira consagrada, com o grande êxito que selou no Campo Pequeno na temporada passada e apesar de estar a atravessar um momento tão bom na sua carreira, ainda assim a primeira corrida da temporada de 2018 foi no final do mês de Julho.
A cavaleira contou como sentiu a responsabilidade para esse dia. Era a corrida da sua terra, em Salvaterra de Magos e alternava com Diego Ventura e João Telles Jr. frente a toiros de Canas Vigouroux.
Ana Batista lembrou ainda alguns momentos marcantes que viveu na Nazaré, praça onde mesmo assim gosta de voltar por se sentir sempre tão acarinhada. Nazaré foi a praça onde o cavalo mais importante “acabou para sempre”. O Obelix pôs uma mão num estribo da praça e nunca mais recuperou da lesão.
O debate foi moderado por Maurício do Vale e contou com a presença de vários aficionados, entre os quais Luís Capucha e Fátima Nalha.