No próximo Sábado dia 24 de Julho, o Grupo de Forcados Amadores de Lisboa regressa a Évora após um interregno de 22 anos alternando com o Grupo da terra, o valoroso Grupo de Forcados Amadores de Évora, com quem já teve o privilégio de repartir cartel ao longo dos anos.
Como antigo elemento, sinto-me muito feliz com este regresso a uma praça plena de história e onde as bancadas se enchem de aficionados de solera, plenos de conhecimento técnico e crítico no que ao toiro e à lide respeita.
Ao longo dos anos tenho vindo a ouvir nas tertúlias dos antigos elementos, e a ler nas documentações históricas reunidas por aficionados historiadores como o Exmo. Sr. Manuel Peralta Godinho e Cunha, alguns relatos de corridas dos Amadores de Lisboa em Évora, as quais tento compilar aqui.
A estreia do G.F.A.Lisboa em Évora remonta a 1947 numa corrida mista com José Casimiro, Murteira Correia e os espadas Afonso del Toro e Augusto Gomes. Lidaram-se toiros de Viúva Soller e Varela & irmãos.
Seguem-se muitas e boas actuações do grupo na cidade museu. Em 1968 encerra-se com 6 Vinhas, em 1969 pega o concurso de ganaderias com o grupo de Évora e uma corrida mista de Silvas. No dia de São Pedro de 1970 volta a alternar com o GFAE frente a um curro de António Charrua numa corrida em que se destaca a actuação do distinto amador Eborense Manuel Grave.
Em 1975 volta a enfrentar 6 toiros em solitário, desta feita da casa Infante da Câmara.
1976 é o ano em que mais actua em Évora, pegando o concurso de ganaderias em Maio com o grupo de São Manços, no dia de S. Pedro, uma recordada actuação em solitário com 6 pegas à primeira tentativa frente a um imponente curro de Passanha que se anunciou com 600kg de média. Em Outubro volta a alternar com o GFA de São Manços frente a um curro de Cunhal Patrício.
Em 1977 pega na “corrida dos triunfadores” Cartel composto por José João Zoio, M. Jorge de Oliveira e João Moura, alternando com o Aposento da Moita tendo pela frente um curro de Teixeiras.
Após um interregno grande, o grupo volta no concurso de Ganaderias de 1995 com o GFAE e em 1999 com um curro de Passanha.
Tive a satisfação de me fardar nessa corrida, uma corrida de homenagem ao Cabo Fundador, o saudoso Sr. João Nunes Patinhas. Recordo-me bem da sensação solene de pisar a arena de Évora, do respeito que a velhinha praça incutia em todos os artistas. Quis o destino que durante o meu percurso não voltasse a ter o mesmo privilégio.
22 anos depois regressamos, na renovada arena de Évora, que se adaptou aos tempos, sendo neste momento uma praça com conforto e sombra, perdendo o pitoresco “incómodo” que a caracterizava mas conservando os aficionados de outrora, e uma nova geração de seus descendentes que sabem do toiro e da pega. E regressamos com a responsabilidade acrescida de honrar a história escrita pelas anteriores gerações do GFA de Lisboa.
O curro de Murteira Grave está imponente, o Dr. Joaquim Grave caracteriza-o como a corrida mais completa que saiu de Galeana. Como aficionado ao toiro que sou, seria motivo mais que suficiente para estar mais uma vez na arena de Évora, a apoiar as figuras do toureio que os enfrentarão (Maestro João Moura, Marcos Bastinhas e Luís Rouxinol Jr), mas desta vez levo ainda uma alegria acrescida, a de ver o meu grupo de novo nesta praça, ao lado do histórico GFA de Évora onde tenho muitos e bons amigos.
Espero que o ansiado reencontro com a afición de Évora seja o sonhado e que os actuais elementos (muitos deles da zona de Évora) nos proporcionem uma tarde épica frente aos imponentes toiros que viajam de Galeana.