Pese embora assine este artigo a título pessoal e como aficionado, desde que assumi funções políticas com maior relevo tenho por diversas vezes alertado para o processo que se encontra em marcha e que visa a destruição da cultura taurina.
Neste sentido tive já também oportunidade de escrever que por muito que na Assembleia da República, independentemente do quadrante político em que se insiram, existam pessoas que defendam a festa brava, pouco ou nada poderão fazer se da parte do sector não houver o devido e articulado envolvimento.
No dia de hoje dão conta alguns meios noticiosos que a deputada não inscrita Cristina Rodrigues propôs, num projeto de lei que deu entrada também esta terça-feira na Assembleia da República, “a revisão da composição do Conselho Nacional de Cultura (CNC), de onde deve deixar de ter assento a atividade tauromáquica”.
Ora esta iniciativa representa a subida de mais um degrau na já longa e vertiginosa escada que pretende conduzir à destruição de uma actividade que tanto prezamos bem como para algo que é superior a ela e que se prende, uma vez mais, com o desrespeito pela nossa cultura e identidade própria, circunstância que volto a alertar, deve de uma vez por todas ser levada a sério.
De resto, para que se faça notar que esta sugestão não é assente em princípios meramente indicativos, a deputada Cristina Rodrigues vai mesmo mais longe considerando que e cita-se:
“Não podemos concordar que a tauromaquia esteja representada no Conselho Nacional de Cultura, ao lado das artes, livros, cinema, entre outros. Assim como não vemos razão para que entidades como a Direção Geral de Alimentação e Veterinária, Ordem dos Médicos Veterinários ou a Associação Portuguesa de Criadores de Touros de Lide, possam contribuir para a definição da política cultural em Portugal quando nada na sua natureza está relacionado com o setor”.
Se a estas declarações juntarmos outros diplomas legais que a pandemia atrasou mas não fará esquecer quando passar, (como a interdição de menores nas corridas de toiros ou mesmo a questão do velcro que parte do Partido Socialista e Bloco de Esquerda mantêm em lume brando) o abandono aos artistas e ganaderos por parte do Estado em plena pandemia (agora algo atenuado pelos apoios que abarcam os artistas) ou uma manifesta antipatia da Ministra da Cultura face ao sector, é chegado o momento do mesmo se organizar e preparar o embate.
Escrevo isto, não por catastrofismo, mas por análise pragmática: Ou decidem fazê-lo rapidamente ou quando o decidirem fazer de pouco ou nada servirá.
Os agentes do meio taurino devem fazer ouvir-se junto de todos os partidos políticos com assento parlamentar. Devem procurar audiências com os grupos parlamentares de todos os partidos. As associações de defesa da festa devem fazer-se acompanhar por cavaleiros, forcados, empresários, ganaderos, todos quantos pela vivência real possam explicar aos representantes do país o que é o mundo rural e a tauromaquia. Se possível convidem-nos a ir a vossas casas, aos vossos picadeiros, aos vossos campos. Mostrem a verdade das coisas!
Se não responderem, insistam. E se a não responder voltarem, insistam novamente. Naturalmente escrevendo tudo isto quero deixar sobre compromisso de honra que nenhuma das minhas palavras é um ataque a algo ou alguém mas antes o partilhar de uma preocupação e de um alerta a uma arte de que tanto gosto! Todos os toiros têm a sua lide. Se este se encostar às tábuas para não querer ver o cavalo é pisar-lhe os terrenos para deixar o ferro.