Praça cheia nos 20 Anos de Alternativa de Rui Fernandes

Foi com praça cheia, que o Campo Pequeno recebeu a corrida Lux. Rui Fernandes completou 20 anos de alternativa e foi pela empresa homenageado por esta efeméride, justamente diga-se, com uma carreira tão cheia de triunfos.

Além do homenageado tourearam ainda João Moura e Pablo Hermoso de Mendonza, frente a toiros da Ganadaria Charrua.

Toiros Charruas saíram díspares de comportamento, sendo o 3º e 4º os melhores toiros da corrida que premiaram o Ganadero com volta à praça.

Foram ainda homenageados pelos 50 anos de alternativa os cavaleiros Fernando Salgueiro e Frederico Cunha.

João Moura no seu primeiro, de feia apresentação e indigna da primeira praça do país devido a uma defeituosa corna que lhe conferia um aspecto de bovino de raça de carne, mas colaborante na investida, sobretudo por trás do cavalo, andou muito correcto de saída e a cravar com acerto, mas sem o brilho que permitisse um triunfo sonoro.

No seu segundo tudo mudou, tocou-lhe em sorte um “charrua” muito encastado com alegres investidas de praça a praça e alguma falta de fixação, mas foi aí que pudemos ver a raça do Maestro de Monforte, que com o seu saber e casta triunfou grande perante um toiro dos que trás emoção às bancadas, mas que não facilitam a vida aos toureiros. João Moura recebeu dobrando-se muito bem com o toiro e cravou com acerto. Mas foi nos curtos que deixou a praça em êxtase, iniciando com um curto muito cingindo, seguindo-se mais três carregados de emoção, de praça a praça! Quis terminar com um ferro de palmo que não correu bem nos dois primeiros intentos, uma sorte complicada perante um touro que não permitia encurtamento de distâncias e vinha com tanta “pata”, mas acabou por cravar um bonito palmo saindo em plano de triunfo!

Pablo Hermoso de Mendoza no seu primeiro teve perante um toiro escasso de transmissão, uma actuação perfeita. Recebeu cravando os compridos de frente e a dobra-se em curto. Nas bandarilhas foi toda uma pintura desenhada pelo cavaleiro navarro, a cravar o mais cingido possível com uma ligeira batida ao piton contrário e a trazer o oponente na garupa para rematar as sortes com galopes a duas pistas junto às tábuas e com “hermosinas” nos tércios, uma actuação plena de estética em que só faltou um pouco da emoção que o bonito “charrua” não conferiu À lide.

No segundo, que saiu mais sério com algum génio e “pata”, esteve Pablo de saída muito bem, com um cavalo bastante expressivo na cravagem, começando a série de bandarilhas com um cavalo que não acrescentou nada à lide, adaptando-se pouco ao oponente. Sacou então o “Disparate”e, não permitindo o toiro a estética da lide anterior, lidou-o muito bem, e conseguiu alguns ferros e desplantes muito expressivos com este cavalo cheio de “raça”.

O terceiro da noite saiu de feição para qualquer toureiro, com muita mobilidade e muito temple, um toiro muito bravo, mas ao qual penso que também faltou alguma “fiereza” para que pudesse transmitir um pouco mais de emoção. Ainda assim, com ganas de triunfo, o cavaleiro da Caparica procurou compensar essa emoção, recebendo com muito desembaraço a dobrar-se e cravando de frente os dois compridos da ordem. Nos curtos, preparados com bonitos ladeares, perfilou-se de praça a praça para cravar com verdade em sortes ao píton contrário que chegaram às bancadas com impacto. Terminou com nova montada a cravar de frente em curto, e rematando com cingidas piruetas na cara do toiro.

A fechar a noite, Rui Fernandes com toiro cómodo mas sem a qualidade do seu primeiro, apresentou-se com as mesmas ganas de triunfo numa lide que desenhou bem tanto nos compridos como nos curtos no primeiro cavalo de bandarilhas que sacou. Pena que sacou seguidamente um castanho que se lesionou, esfriando um pouco a sua lide, mas substituiu-o pelo cavalo das piruetas novamente e acabou em bom plano, com todas as razões para sair muito satisfeito do reduto lisboeta.

Em praça estiveram dois dos mais antigos e conceituados Grupos de Forcados, Amadores de Évora e Amadores de Alcochete.

Noite dura para os Eborenses, que pegaram à 4ª, 1ª e 4ª.

João Madeira foi o escalado para pegar o 1º toiro da noite, que pela fisionomia das astes, baixel em nada ajudou o Grupo. Apesar do Forcado da cara estar bem, o grupo não mostrou a coesão necessária e sucederam-se tentativas onde o toiro ora desepejava para um lado ora para o outro. No final volta para o forcado com alguma contestação.

No 3º da noite o Forcado Dinis Caeiro apenas necessitou de uma tentativa para lograr vencido o oponente. Bem a citar, calmo sereno a respeitar todos os momentos da pega. Grupo a fechar com eficiência.

Para o último do lote do GFAE o cabo chamou a si a responsabilidade e mostrou uma vez mais o porquê de ser um dos melhores Forcados de cara do país. João Pedro Oliveira esteve enorme nas 4 tentativas, crescendo sempre para o toiro que derrotava com extrema violência tendo o forcado aguentado várias vezes barbaridades e pisado terrenos que secam a boca. Faltaram uma vez mais as ajudas a uma pega que merecia outro desfecho.

Os Amadores de Alcochete estiverem em melhor plano não comprometendo e estando na generalidade da noite correctos, tanto os forcados da cara como os ajudas. Duas pegas à 1ª e uma à 2ª foi o resultado artístico.

João Machacaz, forcado de toiros duros pegou à primeira com eficiência apesar do momento da reunião não ter sido perfeito, no entanto a coesão dos ajudas não facilitaram e fecharam com eficiência.

Belmonte necessitou de duas tentativas para concretizar a pega. Na primeira com um recuar de perna demasiado aberta descompôs o toiro não conseguiu reunir da melhor forma. À segunda corrigiu o recuar e efectuou uma vistosa pega com o toiro a fugir várias vezes ao grupo.

Fechou a noite o cabo Nuno Santana, forcado experiente que não quis facilitar e fez tudo bem para que a pega resultasse perfeita. Quando assim é até parece fácil.

Dirigiu com acerto o Director de Corrida Manuel Gama.

Artigos Similares

Destaques