A corrida realizada na passada sexta-feira, ficou marcada pelo regresso às praças portuguesas dum curro de toiros da Ganaderia Herdade de Pégoras.
A empresa promotora do espectáculo apostou forte no capítulo do promover o curro de toiros que viajou desde o concelho de Montemor – o – Novo, e o que é certo é que a praça registou um belíssima moldura humana, espectadores que na sua maioria ainda têm presente na sua memória um passado recente, em que os toiros de Pégoras costumavam dar espectáculo e levavam emoção à bancada.
O que é certo é que, os regressados Pégoras encheram a praça e encheram a arena, não pela sua apresentação que até estava justa, embora de acordo para a praça em questão, mas pela mobilidade e pelo que transmitiram.
Um curro dissemelhante em apresentação e comportamento, mas que teve como denominador comum, a raça, a casta, a mobilidade e o som que emprestaram às suas investidas, que fizeram com que os artistas em praça tivessem que se empregar e fazer as coisas bem feitas, sob pena da colhida ser eminente.
Triunfo da ganaderia de Pégoras, que levou o ganadeiro Simão da Veiga ser chamado duas vezes para dar volta à praça a acompanhar os restantes intervenientes.
Duarte Pinto teve uma boa passagem por Monforte, fruto também da sorte que o bafejou no sorteio.
Encontrou-se com o primeiro Pégoras saído à arena, um toiro nobre e colaborador, que pecou por alguma escassez de força, em parte fruto do excesso de “capotazos” que levou. Esteve discreto na cravagem da ferragem comprida, vindo a mais nos curtos com abordagens frontais que resultaram em ferros correctos, tendo embora consentido dois toques acentuados.
No seu segundo que saiu com gás e originou algum desacerto inicial entre bandarilheiros e o cavaleiro, esteve superior nos curtos, perante um toiro que demonstrou uma bravura e transmissão tremendas, optando pelo seu estilo clássico, com entradas rectas, sendo de destacar a colocação dos dois últimos curtos que resultaram cingidos, tendo Duarte Pinto terminando a sua lide com o público a pedir mais um ferro.
A Tiago Carreiras, tocaram dois toiros distintos, mas ambos exigentes e de investidas sérias e a arrear.
O Cavaleiro da Casa Branca não se deixou intimidar, andou valente e decidido, conseguindo dar a volta às duas “roscas” que lhe tocaram em sorte, terminando qualquer uma das lides por cima dos oponentes.
Perante o seu primeiro, um “colorau” de investidas incertas, que revelou sentido desde o momento em que saiu à arena e que apenas se empregava quando pensava que podia colher, Tiago Carreiras deu-lhe uma lide acertada. O cavaleiro dobrou-se bem e cravou melhor nos compridos, na ferragem curta escolheu bem os terrenos e cravou com acerto, saindo sob forte ovação do público.
No seu segundo, que se revelou exigente e perigoso, o cavaleiro deu uma lição de entrega valentia, e capacidade de superação.
Recebeu bem o reservado Pégoras que só ia pela certa, colocou ferros de valor, até que ao terceiro curto sofreu forte toque, partindo inclusive o estribo.
Foi trocar de montada e coloca dois ferros cheios de raça e verdade por dentro. Saiu com o publico entregue ao seu labor, deixando uma imagem muito positiva.
Por fim, António Prates, o mais inexperiente cavaleiro em praça, mas que desde cedo mostrou que vinha disposto a triunfar.
Diante o seu primeiro , um animal colaborador, com mobilidade e muita classe, António Prates teve uma lide meritória, bem a receber e a parar o Pégoras, para deixar em bom sítio a ferragem comprida. Na segunda parte da lide, colocou uma série de bons curtos com batidas ao piton contrário, saindo sob forte aplauso do público que estava visivelmente satisfeito com a prestação do jovem cavaleiro.
No seu segundo veio ao de cima a inexperiência e a irreverência deste cavaleiro. O toiro não era uma pêra doce, tinha arrancadas desconcertantes, perseguia a montada a uma velocidade alucinante e muitas vezes chegava ao momento do “embroque” com demasiada violência.
Prates não soube entender o toiro que tinha pela frente, e numa primeira fase da lide andou desacertado sofrendo violentos toques cada vez que tentava reunir para cravar.
Acabou por mudar de montada e aí deu a volta por cima, aproveitando as sonantes investidas do oponente para colocar ferros de mérito e com som, que transmitiram para bancadas, saindo por cima ovacionado pelo público que soube reconhecer as dificuldades que o oponente acrescentava à lide.
As pegas da noite era outro dos aliciantes da corrida, em competição estavam três grupos de forcados, nomeadamente: Monforte, Ribatejo e Arronches. É certo que os toiros não estavam sobrados de tamanho e de quilos, mas todos estiveram bem e resolveram com acerto os problemas que os Pégoras colocaram, embora o sorteio tivesse sido mais favorável para os Amadores do Ribatejo.
Assim, pelos Ribatejanos estiveram na linha da frente André Laranjinha e Bruno Inácio pegando ambos ao primeiro intento, duas pegas fáceis em que os forcados de cara estiveram correctos tecnicamente.
Por Arronches, talvez o grupo menos afortunado no sorteio, foram caras João Rosa numa boa pega à primeira, recebendo bem o oponente que chegou à reunião com muita pata, fazendo uma viagem difícil por baixo, sendo bem ajudado pelos companheiros já perto da trincheira, sendo o toiro bem rabejado por Fábio Mileu que rematou bem a pega. O forcado acabou por dar duas voltas à arena, quanto a nós exageradas.
A segunda pega deste grupo foi realizada também à primeira tentativa por Luís Marques, que embora não tenha estado correcto na reunião, teve uma vontade e alma tremendas, assim como o restante grupo principalmente ao nível das terceiras ajudas, para dominarem o Pégoras que entrou bruto e bateu lá atrás. Bem novamente a rabejar Fábio Mileu, que fechou com chave de ouro esta boa prestação dos Amadores de Arronches.
Pelo Grupo da casa pegaram Nuno Toureio, bem tecnicamente ao primeiro intento, numa pega que resultou fácil, e por fim outro dos momentos da noite, a pega ao terceiro intento de Gonçalo Parreira, uma pega que resultou difícil, mas que foi um deleite para os aficionados, pois tanto o toiro como o forcado cresceram de tentativa para tentativa, tendo o forcado revelado uma valentia e alma imensas para consumar uma das pegas da noite.
No final o júri decidiu atribuir o prémio para a melhor lide, à primeira lide levada a cargo por António Prates e o prémio da melhor pega à quinta pega da noite, realizada por João Rosa dos Amadores de Arronches.
Nota negativa para à maioria dos bandarilheiros em praça, que usaram e abusaram de lances e “trapadas” que em nada acrescentaram à condição de lide dos toiros, tendo o publico protestado variadas vezes com a constante presença destes em praça.
Dirigiu com acerto e sensibilidade o Sr. Director de Corrida Marco Gomes.