A notícia foi dada à estampa esta manhã, pelo jornal Expresso, que exibe na capa a enganadora manchete: «Socialistas propõem tourada sem sangue e com velcro».
Se é falso que os socialistas tenham proposto alguma coisa relacionado com o velcro nas corridas de toiros, parece que são também falsas as declarações usadas pelo jornalista, que cita Paulo Pessoa de Carvalho.
O presidente da Federação Portuguesa de Tauromaquia (Prótoiro) reagiu com grande perplexidade à notícia levada às bancas, segundo a qual teria admitido que os toiros poderiam no futuro passar a ser cravados com ferros no velcro.
Em comunicado enviado às redacções Paulo Pessoa de Carvalho explica que «jamais poderia ter proferido tais declarações por não ser essa a sua convicção nem ser esse um horizonte que alguma vez tenha considerado plausível ou admissível.»
Apesar de confirmar ter dado a entrevista ao jornalista do Expresso, o presidente da Prótoiro, empresário e antigo forcado, explica que as suas declarações foram mal interpretadas e descontextualizadas já que apenas admitiu que a inevitabilidade «da continuação das corridas de toiros no habitual figurino.»
Já sobre a utilização dos referidos ferros no velcro no Canadá ou nos Estados Unidos – tema que provavelmente gerou o equívoco no espírito do jornalista – Pessoa de Carvalho reconheceu tratar-se de uma prática admissível face às evidentes e óbvias diferenças vigentes no quadro legal e tradicional daqueles países.
A notícia do Expresso é comprovadamente oportunista, sendo que alguns conhecidos taurinos como Armando Jorge Teixeira já alertaram para o facto de poder tratar-se de uma manobra de distracção para afastar a opinião pública da recente posição de derrota do governo socialista sobre a questão do IVA, pelo que a notícia do Expresso é uma não notícia, que deverá ser, de certa forma, desvalorizada.