Tarde de muito calor em Montemor-o-Novo, para receber mais uma tradicional corrida de toiros integrada na Feira da Luz.
Como sempre a empresa liderada por Simão Comenda e Paulo Vacas de carvalho esmerou-se para apresentar um cartel sério, recheado de atractivos, tendo o público correspondido e preenchido três quartos fortes da velhinha praça de Montemor, que só não encheu por completo devido ao forte calor que se fazia sentir no início do festejo, principalmente nos sectores de sol.
Em competição apresentaram-se os cavaleiros Vitor Ribeiro, João Moura Júnior e Francisco Palha e pegaram em solitário os Amadores de Montemor.
Os toiros pertenciam à divisa de Pinto Barreiros, propriedade do Montemorense Joaquim Alves.
Começando pelo ingrediente fundamental da festa, os toiros, podemos referir que saiu à praça um curro magnificamente apresentado, com trapio e seriedade para qualquer praça de primeira do país, que foi dispare no jogo dado aos artistas, complicando muitas vezes o labor destes, quiçá também afectados pelo calor que se fez sentir, o que foi prejudicial no fraco andamento que tiveram e na durabilidade que lhes faltou, “rachando-se” muitas vezes cedo demais, o que retirou algum brilho às faenas.
Abriu praça o mais veterano da terna, o cavaleiro Vítor Ribeiro, que andou asseado nos dois toiros que lidou, embora longe do fulgor de tempos idos.
Vitor Ribeiro, lidou com conhecimento dos terrenos e das querenças, no entanto o seu toureio nunca chegou verdadeiramente ao público, deixando a ferragem da ordem sem grandes alardes, mostrando no entanto que tem as montadas bem arranjadas.
João Moura Jr. teve em Montemor duas lides distintas, protagonizando alguns dos bons momentos que a corrida teve, no entanto, andou longe do triunfo rotundo, fruto das dificuldades que sentiu com o quinto toiro de Pinto Barreiros. A sua primeira lide foi baseada nas sortes de praça a praça, dando vantagens ao oponente, para depois cravar de alto a baixo. Lide muito positiva, com destaque para o ferro cravado em terceiro lugar, que resultou de belo efeito. Na sua segunda lide, as abordagens ao toiro não foram tão conseguidas, resultando a ferragem colocada mais desluzida, com ressalva para os remates em piruetas ajustadas na cara do toiro que foram do agrado do público.
O triunfo maior nesta corrida coube a Francisco Palha, que praticou um toureio que tem emocionado as bancadas. Pese embora as duas lides que Francisco Palha protagonizou não tenham sido perfeitas, o que é certo é que o seu conceito de toureio impacta com as bancadas, levantado os aficionados das bancadas por várias vezes, fruto do seu toureio de risco, pisando terrenos proibidos, abordando as sortes com uma pureza e verdade que não passam despercebidas ao público conhecedor. Nas suas actuações em Montemor não fugiu à regra, e pôs a carne no assador, tendo tido a recompensa merecida, ou seja, o público rendido à sua garra, valentia e genialidade. Triunfo grande também para o grupo de Forcados da terra, que se encerrava em solitário com um curro de toiros sério, que exigia que lhe fizessem bem as coisas.
Nesta tarde de compromisso, abriu praça o Cabo António Vacas de Carvalho que efectivou ao segundo intento, depois de um primeiro encontro menos conseguido, onde saiu despejado por forte derrote.
Seguiu-se o consagrado Francisco Borges que pegou com classe e garra à primeira tentativa, naquela que viria a ser uma das pegas da tarde. Nota para o seu irmão Pedro Borges, que se despediu das arenas nesse dia, tendo acompanhado o forcado da cara na volta a arena.
Para pegar o terceiro toiro, saltou à arena o pequeno “Grande” Manuel Ramalho, que efectivou uma rija pega à primeira tentativa, tendo tido o mérito de saber encher a cara ao toiro no momento da reunião. O forcado deu volta a arena acompanhado do já retirado elemento Pedro Santos, que embora não estivesse na formação inicial designada para a pega, acabou por saltar a trincheira para dar uma ajuda providencial.
O quarto toiro foi pegado pelo forcado António Calça e Pina também à primeira tentativa, tendo esta pega resultado menos vistosa, uma vez que o toiro se arrancou solto e após a reunião fez sempre a viagem por baixo.
Seguiu-se João da Câmara, que pegou o quinto com valentia e poderio à primeira tentativa, tendo de pisar os terrenos do oponente para provocar a investida deste, tendo sido superiormente ajudado pelo primeiro ajuda António Cortes Monteiro, que justamente o acompanhou na volta à arena.
Fechou praça o Forcado Francisco Barreto com presença e mando à segunda tentativa, depois de uma primeira tentativa em que reuniu alto, não tendo conseguido ficar na cara do toiro.
Nota também para a recolha dos toiros que foi efectuada por dois eficientes campinos a cavalo.