O triunfo da Festa

Coliseu de Elvas

 

Cavaleiros: João Moura Caetano

Francisco Palha

 

Forcados: Aposento da Moita

Académicos de Elvas

 

Matador: António Ferrera

 

Touros: Varela Crujo

 

Lide a cavalo

nº 17 – 516 Kg

nº 20 – 538 Kg

nº 22 – 558 Kg

nº 26 – 608 Kg

 

Lide a Pé

nº 18 – 450 Kg

nº 24 – 461Kg

 

Realizou-se ontem dia 24 de Outubro a segunda corrida da feira de são mateus com o cartel composto por João Moura Caetano, Francisco Palha e o matador espanhol António Ferrera, frente a touros de Varela Crujo, estando as pegas a cargo do Aposento da Moita e dos Académicos de Elvas

 

Abriu praça João Moura Caetano, brindando a sua lide a Marcos Bastinhas. Embora não sendo um mano-a-mano, Moura Caetano colocou alta a fasquia logo de início, indo esperar o touro à porta dos curros, um Varela Crujo preto, com o nº 26 e 608 quilos, e a denotar algum excesso de peso. De seguida cravou 3 compridos em vários terrenos de modo a entender o oponente, que se mostrava reservado. A verdade é que Moura Caetano enfrentou várias dificuldades, com um touro pouco colaborante, que saia de forma brusca, obrigando o cavaleiro a empregar-se para lhe dar a volta. Uma lide esforçada e de mérito para Moura Caetano. No seu segundo, um bonito colorau com olho de perdiz, com o nº 17 e 516 quilos de peso, esteve regular nos compridos, optando por cravar 3. Nos curtos Moura Caetano teve uma boa série, a bregar bem e a cravar no sítio com reuniões no centro da arena. No entanto, depois do 4º curto, em que Moura Caetano vinha a dar uma boa lide, um bandarilheiro da sua quadrilha, com um lance de capote, já no fim da lide, acaba por deitar o touro na arena, tendo este demorado a levantar-se, mesmo com a ajuda dos bandarilheiros. Após este incidente João Moura Caetano optou por cravar mais um ferro, o que não agradou ao público, optando o cavaleiro, e bem, por não dar “volta”, embora autorizada pelo diretor de corrida.

 

Francisco Palha iniciou a sua actuação em Elvas frente a um Varela Crujo com 538 quilos ao qual cravou dois compridos. Nos curtos viram-se ferros muito bons, com destaque para os dois últimos, no terceiro bregou bem, colocou o touro nos tércios e cravou no centro da arena, no quarto o touro arrancou de largo para o cavaleiro e Francisco Palha cravou um emocionante ferro de alto a baixo, saindo depois com fortes aplausos. No segundo do seu lote, quinto da ordem, que brindou ao Maestro João Moura, gerando grande ovação do público, não começou bem, não conseguindo cravar o primeiro comprido e depois com a pata do cavalo a enganchar-se na generosa córnea do touro, outro bonito colorau com olho de perdiz, com 558 quilos. Após estes percalços iniciais Francisco Palha ganhou raça e conseguiu aproveitar as excelentes condições do touro, que em minha opinião foi o melhor da corrida. Fez uma lide em crescendo, com ferros de muito boa nota, com destaque para o 2º, com o touro a arrancar-se de largo e o ferro a resultar muito bom, e para o 5º, que foi de nota alta sendo bastante aplaudido. Nesta segunda lide Francisco Palha chegou forte às bancadas pelo seu labor e raça. Destaque também para o bravo touro de Varela Crujo, sempre pronto a investir de qualquer terreno.

 

António Ferrera recebeu o seu primeiro com verónicas e meias verónicas junto às tábuas. As bandarilhas estiveram a cargo dos portugueses João Ferreira e Filipe Gravito. João Ferreira deixou dois bons pares pelo lado direito e Filipe um bom par pelo lado esquerdo, sendo que este par resulta de uma segunda tentativa em que na primeira o touro não se arrancou mas mesmo assim Filipe Gravito pisou bem os seus terrenos. António Ferrera brindou a sua lide a Marcos Bastinhas e iniciou a faena junto às tábuas. Teve pela frente um touro complicado mas com Ferrera a impor-se por derechazos e a conseguir chegar às bancadas. Melhor pelo lado direito embora António tenha tentado também pelo lado esquerdo sem grande sucesso. Boas séries de derechazos rematadas com passe de peito muito do agrado do público. Ferrera recebeu o seu segundo com verónicas, tendo executado também algumas chiquelinas e terminou com meia verónica. Nas bandarilhas João Ferreira com dois bons pares pelo dado direito e Filipe Gravito também com um bom par pelo lado esquerdo. Ferrera brindou ao público e iniciou a faena sentado no estribo. Colocou depois o touro nos médios e efetuou uma sequência de derechazos, rematada com passe de peito, muito do agrado do público, executou depois uma segunda série de derechazos com o público a corresponder novamente. De seguida, pelo lado esquerdo, mais difícil, Ferrera arrimou-se ao touro e escutou música, seguiram-se alguns molinetes mas foi por derechazos que Ferrera chegou às bancadas. Faena do agrado do público, com alguns espectadores a aplaudir de pé depois da simulação da estocada.

 

As pegas da noite estiveram a cargo do Aposento da Moita e dos Académicos de Elvas. Pelo Aposento da Moita pegou Fábio Matos, que na primeira tentativa o touro parou-se a meio da viagem e de lá não saiu, embora o forcado, com valentia, tenha citado novamente mas o astado não se arrancou, obrigando a colocar o touro novamente mas mudando os terrenos. Desta vez touro arrancou num trote curto e desfeitiou o forcado que saiu lesionado, sendo dobrado por Diogo Gromiche, que foi logo a sesgo. Quando o touro arrancou, Diogo Gromiche fechou-se com garra,sendo o grupo todo despejado, ficando o forcado da cara sozinho por breves instantes com o grupo a recuperar. O segundo touro do Aposento da Moita foi pegado por André Silva à primeira tentativa, com o touro arrancar-se solto e forcado a não reunir da melhor maneira mas na aguentar e com o grupo a ajudar coeso.

 

Pelos Académicos de Elvas pegou o primeiro touro João Bandeiras à primeira tentativa, Citou de largo com o touro a arrancar-se, e embora não tenha reunido na perfeição, conseguiu fechar-se, sendo crucial a intervenção dos ajudas. O segundo touro foi pegado por Paulo Barradas Maurício à primeira tentativa, brindou a pega a Marcos Bastinhas e Ivan Nabeiro e a sua mãe, Dona Helena Nabeiro, o touro arrancou pronto com o forcado a fechar-se com garra realizando a viagem por baixo com o grupo a fechar com decisão.

 

No fim da volta do seu último touro António Ferrera chamou todos os intervenientes, cavaleiros e forcados, à arena que se despediram do público de Elvas debaixo de fortes aplausos e em ambiente de festa como se quer.

 

Os touros de Varela Crujo saíram à arena de Elvas com uma apresentação irrepreensível mas de comportamento desigual, destacando-se o 5º que arrancava de todos os terrenos, e o 6º que mostrou bravura e recorrido.

 

Duas notas menos positivas, João Moura Caetano no seu segundo touro, após o percalço relatado, reagiu, a quente, para a bancada. Não é fácil ouvir algumas coisas mas as mesmas fazem parte da festa. António Ferrera ignorou as regras e deu mesmo volta no último touro, embora o diretor de corrida tenha ordenado vários toques de cornetim, que Ferrera ignorou.

 

A corrida terminou em ambiente de festa, não fosse a tauromaquia a Feira de São Mateus teria sido uma miragem.

 

Francisco Mestre

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