Recordamos hoje o Artigo de Vasco Pinto de 30 de Janeiro de 2019
“Nunca nos renderemos”
Esta afirmação é parte integrante de um dos mais célebres discursos de Winston Churchill, brilhante estadista britânico, mas facilmente adaptada aos nossos dias e concretamente aos riscos que a tauromaquia enfrenta.
É verdade que os últimos tempos foram de conquista, pelo menos de igualdade de direitos no acesso aos espectáculos tauromáquicos com aplicação da taxa de IVA a 6%, comum aos demais espectáculos culturais. Contudo, tenhamos presente que ainda não virámos o Cabo das Tormentas, porque o que nos espero é muito mais do que conhecemos até aqui.
Mais do que nunca, vivemos na era da globalização, cujos centros de poder pouco valorizam os valores rurais, os seus hábitos e costumes, relegando para segundo plano uma parte importante da nossa identidade.
O ataque à Tauromaquia é apenas a ponta do iceberg, porque o que realmente importa é incutir nos outros a ideologia do gosto. Estamos perante a invasão dos gostos urbanos, e com isso, das mentes chauvinistas que nos querem transformar em cidadãos de padrão comum a qualquer outra nacionalidade, de preferência alinhada com a “carneirada”.
A identidade é a raíz de qualquer homem. As raízes da sua origem. Se pegarmos em alguém ao acaso neste mundo, temos a certeza absoluta que essa pessoa provém de algum lado. E é nesse lugar de origem que o conceito de identidade se torna relevante. De outra forma: aonde pertencemos? Pertencemos à Natureza, ao local onde nascemos, ao lugar onde vivemos.
Quando cortamos essas raízes estamos a destruir a nossa identidade!
Mais do que nunca, ganha relevo a necessidade de se apurar o que a globalização impõe à construção da vida rural, e inversamente, o que o mundo rural determina ao mais alargado, do nacional ao mundial. Acentuando-se a necessidade da compreensão, mas também de liberdade e preservação da identidade coletiva.
Os perigos são muitos, porque como escreveu, e bem, há poucos meses o distinto Professor Doutor Luís Capucha “antes de se instalarem nos Estados e de mandarem as tropas e as policias políticas para a rua, as ditaturas instalam-se na forma de fanatismo na cabeça de uns, e na forma de medo em muitos outros”.
Em defesa do nosso Património Imaterial e Cultural, apelo a que cada um, com o seu poder, dentro do seu meio de influência familiar, empresarial, pública ou política, intervenha. Não apenas em defesa da tauromaquia, mas em defesa dos valores que fazem de nós portugueses.
Pelo que conheço do mundo onde cresci e me fiz homem, a tauromaquia, arrisco afirmar tal como Winston Churchill o fez, “nós lutaremos nas praias, nós lutaremos nos campos, nós lutaremos nas colinas, nós nunca nos renderemos” em defesa do nosso património identitário.
Vasco Pinto