Noite de aficionados

Praça de Touros do Campo Pequeno, 09.09.2021

Primeira da Feira Taurina 2021

Um quarto de lotação preenchida.

  • ROMÁN, em substituição de Finito de Córdoba, ovação e ovação.
  • JOSÉ GARRIDO, ovação e ovação.
  • MANUEL DIAS GOMES, ovação e ovação.
  • JUANITO, ovação e ovação.

Touros de Nuñez de Tarifa e Voltalegre.

 

Direção do Sr. Ricardo Dias, assessorado pelo médico veterinário Jorge Moreira da Silva.

 

Incidências: Corrida de Homenagem ao Matador de Touros Victor Mendes. Minuto de silêncio no final de Cortesias em memória dos Senhores António Garçôa (bandarilheiro) João Aranha (Critico Taurino). Agradeceram os bandarilheiros Filipe Gravito e João Ferreira nos tércios de bandarilhas, foi colhido com gravidade o bandarilheiro da quadrilha de Juanito, García de la Peña, bandarilhando o último touro da noite.

 

O risco era elevado quer no formato quer no conceito, no entanto e pese embora o resultado financeiro diste do artístico, vejo o copo meio cheio e a sensação no final da corrida foi, geralmente, de satisfação.

 

Bem sabemos que os aficionados não podem encher e esgotar praças porque primeiro são poucos, comparativamente ao espetador comum, e depois por serem mais críticos, são também mais céticos a mudanças e novos formatos.

 

Não vale de todo o argumento de “não vejo corridas de touros a pé em Portugal porque não há sorte de varas ou não há verdade”.

 

Este argumento, na minha opinião, é apenas uma desculpa para não se ir. Quando se gosta de ver tourear, não há escusas, até o podemos ver dentro de água, debaixo de chuva ou fustigados por vento.

 

Muito pouca gente nas bancadas, sobretudo caras conhecidas e frequentes nas praças de touros, faltando o público em geral, fundamental para o sucesso e sobrevivência do espetáculo, que tem necessária e urgentemente que sair fora da caixa.

 

O primeiro, Nuñez de Tarifa, touro grande e pouco fino foi bem recebido de capote por Róman, que debutava em Lisboa, ia e vinha na muleta, com pouco empenho e transmissão, permitindo um toureio lento e bem desenhado mas que dificilmente aqueceu o público, terminou a faena com Luquesinas.

 

O segundo touro, de Voltalegre, com trapio e boas hechuras saiu frio e informal ao que Garrido parou com sobriedade numa meia verónica. Faena igualmente templada e bem estruturada por ambos os pitons, faltando empuje, no final aumentou a parada com uma tanda de naturais a pés juntos.

 

Manuel Dias Gomes recebe o terceiro, de Nuñez de Tarifa, com a sua estética e corte pessoal no capote, na réplica Juanito foi volteado com violência. O touro depois do tercio de quites e bandarilhas parou-se, defendia-se e complicou a vida a Dias Gomes, cara alta, finais violentos, ao que Manuel Dias Gomes, com muito oficio e boa vontade deu cara.

 

O quarto, de Voltalegre foi recebido e parado com variedade por Juanito, passando das verónicas para as chicuelinas, lamentavelmente o touro foi perdendo ímpeto e gás e o toureio português pouco pode fazer para triunfar, a não ser estar muito disposto e dar-lhe a lide possível.

 

Volta Róman com o quinto da noite, de Voltalegre, toureio lento de capote na receção por verónicas, na muleta aproveitou as boas investidas iniciais pelo lado direito, tandas ligadas e bem rematadas em passe de peito largos e compridos.

 

O sexto, toureado por Garrido, não se deixou no capote, na muleta e à base de engano na cara, permitiu ao toureiro construir uma faena esforçada e ligada, que chegou às bancadas.

 

Manuel Dias Gomes lanceou o sétimo, de Voltalegre, com muito temple, metido e desmaiado, em verónicas de pintura, intercaladas com tafalleras, ratificando na muleta o momento em que está, faena de muletazos profundos, largos e desmaiados, na medida certa e toureando para o touro e para si, estruturada sobretudo pela direita, pela esquerda ficava curto e pegajoso.

 

Fechou a noite um Nuñez de Tarifa, toureado de verónicas de joelhos por Juanito pondo todos os trunfos na mesa. Juanito de muleta mostrou ao que vinha, estando a gosto com os bons e os menos bons, neste momento tudo lhe investe, faena madura, com derechazos ligados e desmaiados.

 

Foi uma noite de e para aficionados, não se pode julgar a “qualidade” dos aficionados que porventura não foram excluídos os argumentos para não se ir, no final não há, ou não deve haver, boa ou má afición.

 

Faltou o público comum, o que enche praças, o que faz barulho e o mais permissivo com os intervenientes, para a noite ganhar outra dimensão e sobretudo para a que a tauromaquia saia da caixa.

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